quinta-feira, dezembro 16, 2010
TavaresTattoo #01: Clave de Sol no pulso
Episódio #01 – Tavares faz uma tatuagem feminina e delicada de clave de sol no pulso de Marina Albuquerque | www.tavarestattoo.com
Direção Tiago Tavares | www.twitter.com/tavarestattoo
Imagens Vanessa Feltrin | www.twitter.com/vafeltrin, Tiago Tavares
Edição Tiago Tavares
Participação especial Marina Albuquerque
quarta-feira, dezembro 15, 2010
A crise que não deixa a Argentina
Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Crise econômica, política e agora uma crise social. A República Argentina tem vivido uma constante mudança de humor nos últimos anos. Recentemente o Governo de Cristina Kirchner tem enfrentado críticas sobre a liberdade de imprensa e confrontou veículos de comunicação. Numa Argentina pós-crise econômica, com câmbio desvalorizado, os reclames surgem cada vez mais nas ruas.
Com grande parte da população na região de Buenos Aires, a pobreza e o desemprego aparecem nas praças e nos parques. Protestos constantes invadem o centro. Plaza de Mayo é o alvo da maioria deles. Alguns tornam-se acampamentos: “Mil dias conscientizando o povo de que há uma história que se segue negando”, diz uma das faixas em nome de herdeiros da guerra das Malvinas.
Protesto por trabalho e moradia, seguindo para a Plaza de Mayo. (Foto: Anderson Paes)
Mas foi com a decisão de retomar áreas invadidas por sem-terra que a crise social se agravou. Uma delas no Parque Indoamericano, dentro da Vila Soldati, reduto de imigrantes – a maioria bolivianos. A polícia então tentou cumprir a ordem de despejo no Parque, onde estavam cerca de 5.000 pessoas – conflito que deixou mortos e feridos. Para piorar ainda mais a situação, o chefe de governo da capital Mauricio Macri culpou a imigração ilegal pela desordem, com certo teor de xenofobia segundo a imprensa local.
Para o jornal Página 12, as palavras de Macri levaram ao conflito entre as vilas: os argentinos da Vila Lugano e os imigrantes da Soldati entraram em confronto – deixando mais feridos e promovendo mais atos de xenofobia. O jornal definiu como a “batalha entre pobres e ainda mais pobres”. As vilas são “equivalentes às favelas brasileiras”, diz o motorista Jorge Ramos.
A fala do mandatário portenho também fez com que a embaixadora da Bolívia na Argentina, Leonor Arauco, pedisse uma retratação pública do governante.
No fim da tarde de ontem (14) um acordo entre os governos de Buenos Aires e da Argentina era firmado para estabelecer regras para um processo de assentamento, financiado por ambos.
Outro problema
Lixo espalhado começa a tomar a frente de unidade do McDonald's. (Foto: Anderson Paes)
No centro da cidade o lixo faz parte do problema. Catadores de papel, alguns deles agora moradores de rua, reviram e espalham o lixo pela calçada em busca de recicláveis. A estudante catarinense Diulliany Rosa, que vive em Buenos Aires, conta que as praças também foram cercadas durante a noite, para impedir que os moradores de rua permaneçam por lá. “Agora eles estão na rua, literalmente, e as praças ficam fechadas à noite”, relata a brasileira.
Crise econômica, política e agora uma crise social. A República Argentina tem vivido uma constante mudança de humor nos últimos anos. Recentemente o Governo de Cristina Kirchner tem enfrentado críticas sobre a liberdade de imprensa e confrontou veículos de comunicação. Numa Argentina pós-crise econômica, com câmbio desvalorizado, os reclames surgem cada vez mais nas ruas.
Com grande parte da população na região de Buenos Aires, a pobreza e o desemprego aparecem nas praças e nos parques. Protestos constantes invadem o centro. Plaza de Mayo é o alvo da maioria deles. Alguns tornam-se acampamentos: “Mil dias conscientizando o povo de que há uma história que se segue negando”, diz uma das faixas em nome de herdeiros da guerra das Malvinas.
Protesto por trabalho e moradia, seguindo para a Plaza de Mayo. (Foto: Anderson Paes)
Mas foi com a decisão de retomar áreas invadidas por sem-terra que a crise social se agravou. Uma delas no Parque Indoamericano, dentro da Vila Soldati, reduto de imigrantes – a maioria bolivianos. A polícia então tentou cumprir a ordem de despejo no Parque, onde estavam cerca de 5.000 pessoas – conflito que deixou mortos e feridos. Para piorar ainda mais a situação, o chefe de governo da capital Mauricio Macri culpou a imigração ilegal pela desordem, com certo teor de xenofobia segundo a imprensa local.
Para o jornal Página 12, as palavras de Macri levaram ao conflito entre as vilas: os argentinos da Vila Lugano e os imigrantes da Soldati entraram em confronto – deixando mais feridos e promovendo mais atos de xenofobia. O jornal definiu como a “batalha entre pobres e ainda mais pobres”. As vilas são “equivalentes às favelas brasileiras”, diz o motorista Jorge Ramos.
A fala do mandatário portenho também fez com que a embaixadora da Bolívia na Argentina, Leonor Arauco, pedisse uma retratação pública do governante.
No fim da tarde de ontem (14) um acordo entre os governos de Buenos Aires e da Argentina era firmado para estabelecer regras para um processo de assentamento, financiado por ambos.
Outro problema
Lixo espalhado começa a tomar a frente de unidade do McDonald's. (Foto: Anderson Paes)
No centro da cidade o lixo faz parte do problema. Catadores de papel, alguns deles agora moradores de rua, reviram e espalham o lixo pela calçada em busca de recicláveis. A estudante catarinense Diulliany Rosa, que vive em Buenos Aires, conta que as praças também foram cercadas durante a noite, para impedir que os moradores de rua permaneçam por lá. “Agora eles estão na rua, literalmente, e as praças ficam fechadas à noite”, relata a brasileira.
terça-feira, dezembro 14, 2010
Fotojornalismo abandonado
Thiago Antunes | www.twitter.com/thiagofoto | www.thiagoantunes.com
Situação comum em um jornal de pequeno porte no interior do Brasil: o repórter sai para a cobertura de um determinado assunto e, de quebra, leva a máquina fotográfica do veículo (em casos não muito extremos a particular), para registrar as imagens inerentes ao assunto.
A ausência de um profissional de fotografia nas redações destes veículos é quase absoluta. O resultado desta dupla função são imagens meramente ilustrativas, sem conteúdo próprio, apenas para ocupar um espaço pré-determinado na diagramação.
Há casos onde o repórter tem aptidão para o fotojornalismo, e as imagens realmente contam uma história particular. Mas, infelizmente, são minorias.
Como resolver?
Contratar um profissional de fotografia é, basicamente, inviável. As redações de interior são, normalmente pequenas, formadas por um seleto grupo de pessoas que faz de tudo um pouco, da captação ao fechamento.
A saída mais simples, porém não menos eficaz, é dar treinamento na área de fotojornalismo. Caso a região não disponha de cursos e escolas especializadas, procurar uma conversa com profissionais da área, algo que pode partir do próprio repórter. Se houver necessidade de investimentos, será mínimo, e os resultados imediatos.
Além do conteúdo textual, a estética visual do jornal é um ponto importante na conquista e fidelização de leitores. Uma boa foto, tecnicamente bem resolvida e com conteúdo interessante, por si só vende uma capa.
Quer um exemplo de como isso funciona? Folheie a National Geographic.
São poucos os que lembram dos textos da publicação. E não é por serem ruins. Muito pelo contrário, as matérias são de altíssimo nível. Mas as imagens contam tudo. Mostram o que o cidadão comum talvez nem sonhe em presenciar pessoalmente. A fotografia é a grande referência.
Situação comum em um jornal de pequeno porte no interior do Brasil: o repórter sai para a cobertura de um determinado assunto e, de quebra, leva a máquina fotográfica do veículo (em casos não muito extremos a particular), para registrar as imagens inerentes ao assunto.
A ausência de um profissional de fotografia nas redações destes veículos é quase absoluta. O resultado desta dupla função são imagens meramente ilustrativas, sem conteúdo próprio, apenas para ocupar um espaço pré-determinado na diagramação.
Há casos onde o repórter tem aptidão para o fotojornalismo, e as imagens realmente contam uma história particular. Mas, infelizmente, são minorias.
Como resolver?
Contratar um profissional de fotografia é, basicamente, inviável. As redações de interior são, normalmente pequenas, formadas por um seleto grupo de pessoas que faz de tudo um pouco, da captação ao fechamento.
A saída mais simples, porém não menos eficaz, é dar treinamento na área de fotojornalismo. Caso a região não disponha de cursos e escolas especializadas, procurar uma conversa com profissionais da área, algo que pode partir do próprio repórter. Se houver necessidade de investimentos, será mínimo, e os resultados imediatos.
Além do conteúdo textual, a estética visual do jornal é um ponto importante na conquista e fidelização de leitores. Uma boa foto, tecnicamente bem resolvida e com conteúdo interessante, por si só vende uma capa.
Quer um exemplo de como isso funciona? Folheie a National Geographic.
São poucos os que lembram dos textos da publicação. E não é por serem ruins. Muito pelo contrário, as matérias são de altíssimo nível. Mas as imagens contam tudo. Mostram o que o cidadão comum talvez nem sonhe em presenciar pessoalmente. A fotografia é a grande referência.
sexta-feira, dezembro 10, 2010
TavaresTattoo #00: Esqueleto na perna
Episódio #00 – Tavares tatua esqueleto em Bruna Hilário | www.tavarestattoo.com
Direção Tiago Tavares | www.twitter.com/tavarestattoo
Produção Vanessa Feltrin | www.twitter.com/vafeltrin
Edição Ramon Kaminski, Tiago Tavares
Imagens Ramon Kaminski
Arte Tiago Tavares
Participação especial Bruna Hilário
quinta-feira, dezembro 09, 2010
Josué não é hippie
Manuela Prá | www.twitter.com/manuelapra
A barba por fazer é a única coisa que remete o dono da banca de artesanato hippie, no centro de Tubarão (SC), ao movimento. A camiseta surrada e os jeans já rotos não lembram nem de longe a explosão de cores e liberdade da cultura do paz & amor.
Josué Luz tem 42 anos, e o artesanato, vendido de segunda a sexta, na banca, é a única fonte de renda dele e da mulher, também artesã.
"Já nasci em uma feira de artesanato" diz, sobre o fato de os pais terem lhe ensinado o ofício. Ninguém da família se opôs quando Josué começou a fazer e comercializar brincos e pulseiras.
Ele tem dois filhos, uma moça, hoje com 22 anos, e um garoto, de 11. Quando pergunto se ele se importaria, caso os filhos quisessem seguir a mesma carreira do pai, Josué dá de ombros. Conta que o filho mais novo adora desenhar. "O guri desenha legal, já mostra uma
veia artística, né!?".
Ao falar sobre sua filha mais velha, ele sorri saudoso. "Ela faz faculdade, não mora comigo, está em Porto Alegre". E antes de me responder que curso a moça faz, ele deixa escapar uma risada. "Ela vai ser jornalista".
Enquanto conversamos, o movimento na banca não para. E entre interrupções, como "esse é dois (reais), mas se levar três tem desconto!", Josué volta a afirmar: "se um dos meus filhos quiser trabalhar com isso não vou me importar. É gostoso, não cansa e dá uma grana legal".
Josué e a esposa são gaúchos, de Porto Alegre. O que os trouxe a Tubarão? A velha Kombi em que moravam, eles e os filhos pequenos.
"Viajávamos de Porto para São Paulo até que a Kombi quebrou, bem aqui perto, na BR-101. A pequena já estava em idade de ir para a escola, e o carro demorava a ficar pronto. Fomos ficando e ficando... e estamos aqui até hoje".
Do antigo veículo restam só as lembranças, tão fortes para a família, que acabou por adquirir uma nova Kombi. "A velha nós vendemos, mas comprei outra". Para matar as saudades, ele e a esposa ainda dormem na Kombi quando levam seus produtos para vender em rodeios e eventos religiosos, nos fins de semana.
"É um hábito nosso, e também para ganhar um extra", conta sobre o trabalho fora das calçadas tubaronenses. Josué explica que eles adaptam a produção, fazendo desde rosários com sementes até artefatos em couro para atrair o público deste tipo de festa.
Ele também revela que a mídia contribui consideravelmente para as vendas. "Novelas
e reality shows sempre geram aumento na procura pelos nossos artesanatos quando têm personagens mais alternativos. Aquela novela indiana ajudou muito, vendemos muitos brincos, anéis e pulseiras", exemplifica Josué, falando sobre o folhetim exibido no horário nobre da Rede Globo.
Na cidade, muitos se referem ao local de trabalho de Josué como "banca do hippie".
Mas quando questionado ele dispara: "Não sou hippie", e diz que o movimento nunca existiu aqui.
Em grande parte dos livros e sites que abordam o tema, o movimento é descrito como um evento que reuniu jovens norte-americanos, inicialmente, sob a mesma ideologia, de usar a paz para acabar com desigualdades encontradas nos Estados Unidos, como a segregação racial.
Acompanharam o estilo, que marcou a década de 70 e posteriormente se espalhou pelo mundo, de roupas extravagantes e assessórios artesanais, confeccionadas com materiais reaproveitados, o que reforçava o ideal da busca pela ligação com a natureza.
Mas Josué retifica: "os únicos hippies de verdade foram os jovens que se recusaram a
participar da Guerra do Vietnã. Sem documentos, eles passaram a fazer artesanato para poder se alimentar. Só esses foram realmente hippies".
Josué também desabafa. "As pessoas têm muito preconceito". Quando pergunto qual, ele hesita.
"Ah...elas sentem pena, olham diferente, mas eu nem dou bola". E faz graça ao dizer: "melhor, elas ficam com peninha e compram nossas peças para ajudar".
O artesão adora seu trabalho, e exclama que se preocupa com o futuro. "Pago previdência e até comprei uma casa".
Atualmente, a Josué e a família moram em Laguna, na Vila das Laranjeiras, uma colônia de pescadores. Ele conta que o filho estuda com os filhos dos pescadores e já
está aprendendo a pescar.
Peço uma frase para ele dizer ao mundo. Ele pensa por um momento e declara: "Matemática é poder".
E a matemática a que ele se refere é a do dinheiro, de saber contar, empregar, vender e principalmente, a de se importar com este. Algo que pode significar muito para a maioria das pessoas, mas é uma forma de poder que não interessa tanto ao Josué.
O artesão adora o que faz e revela que já fez cursos de carpintaria, que considera uma forma de artesanato em maiores dimensões. O próximo passo? Josué pretende fazer um curso de carpintaria naval.
"Meu sonho... é terminar a vida em um navio".
A barba por fazer é a única coisa que remete o dono da banca de artesanato hippie, no centro de Tubarão (SC), ao movimento. A camiseta surrada e os jeans já rotos não lembram nem de longe a explosão de cores e liberdade da cultura do paz & amor.
Josué Luz tem 42 anos, e o artesanato, vendido de segunda a sexta, na banca, é a única fonte de renda dele e da mulher, também artesã.
"Já nasci em uma feira de artesanato" diz, sobre o fato de os pais terem lhe ensinado o ofício. Ninguém da família se opôs quando Josué começou a fazer e comercializar brincos e pulseiras.
Ele tem dois filhos, uma moça, hoje com 22 anos, e um garoto, de 11. Quando pergunto se ele se importaria, caso os filhos quisessem seguir a mesma carreira do pai, Josué dá de ombros. Conta que o filho mais novo adora desenhar. "O guri desenha legal, já mostra uma
veia artística, né!?".
Ao falar sobre sua filha mais velha, ele sorri saudoso. "Ela faz faculdade, não mora comigo, está em Porto Alegre". E antes de me responder que curso a moça faz, ele deixa escapar uma risada. "Ela vai ser jornalista".
Enquanto conversamos, o movimento na banca não para. E entre interrupções, como "esse é dois (reais), mas se levar três tem desconto!", Josué volta a afirmar: "se um dos meus filhos quiser trabalhar com isso não vou me importar. É gostoso, não cansa e dá uma grana legal".
Josué e a esposa são gaúchos, de Porto Alegre. O que os trouxe a Tubarão? A velha Kombi em que moravam, eles e os filhos pequenos.
"Viajávamos de Porto para São Paulo até que a Kombi quebrou, bem aqui perto, na BR-101. A pequena já estava em idade de ir para a escola, e o carro demorava a ficar pronto. Fomos ficando e ficando... e estamos aqui até hoje".
Do antigo veículo restam só as lembranças, tão fortes para a família, que acabou por adquirir uma nova Kombi. "A velha nós vendemos, mas comprei outra". Para matar as saudades, ele e a esposa ainda dormem na Kombi quando levam seus produtos para vender em rodeios e eventos religiosos, nos fins de semana.
"É um hábito nosso, e também para ganhar um extra", conta sobre o trabalho fora das calçadas tubaronenses. Josué explica que eles adaptam a produção, fazendo desde rosários com sementes até artefatos em couro para atrair o público deste tipo de festa.
Ele também revela que a mídia contribui consideravelmente para as vendas. "Novelas
e reality shows sempre geram aumento na procura pelos nossos artesanatos quando têm personagens mais alternativos. Aquela novela indiana ajudou muito, vendemos muitos brincos, anéis e pulseiras", exemplifica Josué, falando sobre o folhetim exibido no horário nobre da Rede Globo.
Na cidade, muitos se referem ao local de trabalho de Josué como "banca do hippie".
Mas quando questionado ele dispara: "Não sou hippie", e diz que o movimento nunca existiu aqui.
Em grande parte dos livros e sites que abordam o tema, o movimento é descrito como um evento que reuniu jovens norte-americanos, inicialmente, sob a mesma ideologia, de usar a paz para acabar com desigualdades encontradas nos Estados Unidos, como a segregação racial.
Acompanharam o estilo, que marcou a década de 70 e posteriormente se espalhou pelo mundo, de roupas extravagantes e assessórios artesanais, confeccionadas com materiais reaproveitados, o que reforçava o ideal da busca pela ligação com a natureza.
Mas Josué retifica: "os únicos hippies de verdade foram os jovens que se recusaram a
participar da Guerra do Vietnã. Sem documentos, eles passaram a fazer artesanato para poder se alimentar. Só esses foram realmente hippies".
Josué também desabafa. "As pessoas têm muito preconceito". Quando pergunto qual, ele hesita.
"Ah...elas sentem pena, olham diferente, mas eu nem dou bola". E faz graça ao dizer: "melhor, elas ficam com peninha e compram nossas peças para ajudar".
O artesão adora seu trabalho, e exclama que se preocupa com o futuro. "Pago previdência e até comprei uma casa".
Atualmente, a Josué e a família moram em Laguna, na Vila das Laranjeiras, uma colônia de pescadores. Ele conta que o filho estuda com os filhos dos pescadores e já
está aprendendo a pescar.
Peço uma frase para ele dizer ao mundo. Ele pensa por um momento e declara: "Matemática é poder".
E a matemática a que ele se refere é a do dinheiro, de saber contar, empregar, vender e principalmente, a de se importar com este. Algo que pode significar muito para a maioria das pessoas, mas é uma forma de poder que não interessa tanto ao Josué.
O artesão adora o que faz e revela que já fez cursos de carpintaria, que considera uma forma de artesanato em maiores dimensões. O próximo passo? Josué pretende fazer um curso de carpintaria naval.
"Meu sonho... é terminar a vida em um navio".
quarta-feira, dezembro 08, 2010
Senna
Cenas de 2010 • Em novembro, o que descontou a monotonia do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 deste ano foi uma homenagem a um dos maiores pilotos da história do automobilismo mundial.
Bruno Senna, sobrinho do tri-campeão Ayrton Senna, largou na última colocação. Meu lugar nas arquibancadas de Interlagos era em direção ao dele.
Solícito, logo que encostou sua Hispania, Bruno foi até o alambrado saudar a torcida que o recebeu com um carinho até inesperado. Claramente agradecido, Bruno fez gestos efusivos de reciprocidade aos torcedores.
Afastou-se. Estava concedendo entrevista a uma emissora de rádio quando a torcida começou com o grito de “olê, olê, olê, olá, Senna, Senna”.
Bruno curvou-se para os torcedores. Abriu os braços. Bateu no peito. Ficou profundamente emocionado. Não bastasse, levou aquele grupo de privilegiados torcedores ao êxtase quando buscou um de seus mecânicos.
O piloto brasileiro caminhou abraçado com ele até o alambrado mais uma vez. A torcida sem parar com os gritos de “olê, olê, olê, olá, Senna, Senna”. Bruno abriu o macacão do mecânico e mostrou uma camiseta alusiva aos 50 anos que Ayrton Senna completaria em 2010.
Eduardo Daniel
www.twitter.com/eduardosdaniel
domingo, dezembro 05, 2010
Séries: The Walking Dead
Vitor S. Castelo Branco | www.twitter.com/vitorsam
The Walking Dead é baseada numa história em quadrinhos de mesmo nome, que teve sua primeira publicação nos Estado Unidos em 2003. A série narra a história de um grupo de pessoas que sobrevivem a um surto, que transforma as pessoas em zumbis.
Sim, parece uma coisa sem pé e nem cabeça, mas não é. Os zumbis em questão são o ponto de partida para uma série de discussões e problemas encontrados pelos sobreviventes. Como arranjar mantimentos? Para onde ir? Em quem confiar? Todas estas questões tem que ser respondidas de forma objetiva e o mais rápido possível.
A trama consegue te prender de uma forma que mal dá para piscar. O clima de suspense te faz ficar vidrado em todos os acontecimentos. Você nunca sabe se um zumbi vai aparecer.
É para todas as pessoas que gostam de uma boa série e, principalmente, daquelas com roteiro que até faz sentido. Essa primeira temporada está chegando ao fim. Apenas seis episódios. O sexto e último vai ao ar nesse domingo pelo canal americano AMC e na próxima terça-feira pela Fox e FX, aqui no Brasil.
'The Walking Dead' já foi renovado pelo canal americano e tem previsão de retorno em Outubro de 2011. Então, 2010 despede-se consagrando a mística. Uma vez que já tínhamos: Vampiros, Bruxos, Lobisomens e agora fechando com a velha chave de ouro, os Zumbis.
The Walking Dead é baseada numa história em quadrinhos de mesmo nome, que teve sua primeira publicação nos Estado Unidos em 2003. A série narra a história de um grupo de pessoas que sobrevivem a um surto, que transforma as pessoas em zumbis.
Sim, parece uma coisa sem pé e nem cabeça, mas não é. Os zumbis em questão são o ponto de partida para uma série de discussões e problemas encontrados pelos sobreviventes. Como arranjar mantimentos? Para onde ir? Em quem confiar? Todas estas questões tem que ser respondidas de forma objetiva e o mais rápido possível.
A trama consegue te prender de uma forma que mal dá para piscar. O clima de suspense te faz ficar vidrado em todos os acontecimentos. Você nunca sabe se um zumbi vai aparecer.
É para todas as pessoas que gostam de uma boa série e, principalmente, daquelas com roteiro que até faz sentido. Essa primeira temporada está chegando ao fim. Apenas seis episódios. O sexto e último vai ao ar nesse domingo pelo canal americano AMC e na próxima terça-feira pela Fox e FX, aqui no Brasil.
'The Walking Dead' já foi renovado pelo canal americano e tem previsão de retorno em Outubro de 2011. Então, 2010 despede-se consagrando a mística. Uma vez que já tínhamos: Vampiros, Bruxos, Lobisomens e agora fechando com a velha chave de ouro, os Zumbis.
sexta-feira, dezembro 03, 2010
Paris também se armou
Cenas de 2010 • Em agosto Paris também estava armada. Além da Polícia, militares estavam nas ruas, estações e aeroporto. Meses depois ameaças de bomba em pontos turísticos da cidade – falso alarme.
Anderson Paes
www.twitter.com/andersonpaes
Guerra de festim
Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
A resposta do Estado para os ataques aos veículos no Rio de Janeiro foi tão rápida que é impossível para um cético de carteirinha não fincar um pé atrás. A expulsão dos bandidos da Vila Cruzeiro e a tomada pelas forças que englobaram as polícias, a Marinha e o Exército, pareceram tão fáceis e indolores, que tenho medo de ver todo essa maquilagem desmanchar junto com a água após as primeiras chuvas de março.
É estranho todo aquele arsenal que volta e meia era encontrado escondido dentro de algum barraco. A impressão que tínhamos era a de que os traficantes estavam preparados para enfrentar o Exército em uma guerra civil. E na hora H, o que fizeram os bandidos? Deram no pé deixando para trás sandálias Havaianas arrebentadas pelo caminho.
Fugiram sem o menor pudor e reação. Nem um tirinho sequer. Nem um lança granadas, nem uma bazuca contra um blindado daqueles da Marinha. Nada. Guerra estranha. Fajuta. De um mocinho poderoso demais e um bandido complacente em demasia.
Até a Rede Globo, anda num namorico diabético com o governo e a polícia que dá gosto de ver. Uma doçura só!
Se o vilão dessa história toda era tão malvado e estava armado até as arcadas dentárias como sempre nos mostravam, por que descer ao asfalto para colocar fogo em ônibus, carros e caminhões, depois é claro, de pedir a gentileza para passageiros e motoristas se retirarem das conduções?
O que queriam os bandidos com esse show incendiário gratuito? Lembrar Nero que não era. Para o Estado, foi a senha que faltava para justificar tamanha demonstração de força perante um mundo incrédulo quanto a nossa capacidade de sediar uma Copa e uma Olimpíadas.
Fica sem resposta ainda a facilidade da fuga da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Se a polícia não estava autorizada a mandar chumbo naquele momento, quando vai estar?
E o Estado vai ter culhões para manter uma paz superficial como esta fabricada às pressas no Rio? O Estado vai plantar agora no presente sementes para um futuro diferente deste que as gerações passadas nos deram?
Tudo isto, só o tempo dirá. Enquanto isto, sigo acreditando que boa parte do arsenal que a polícia alega que estavam em mãos dos traficantes, não passa de bravata para valorizar o trabalho e justificar a incompetência de tanto tempo levando pau e aceitando acordo obscuro por detrás dos panos.
Ah, e antes que o tempo nos dê as respostas, abra a sua cervejinha, ligue a TV e aguarde. Aposto que logo começa o jogo de vaidade entre os poderes envolvidos nesta guerra de festim para ver quem manda mais.
A resposta do Estado para os ataques aos veículos no Rio de Janeiro foi tão rápida que é impossível para um cético de carteirinha não fincar um pé atrás. A expulsão dos bandidos da Vila Cruzeiro e a tomada pelas forças que englobaram as polícias, a Marinha e o Exército, pareceram tão fáceis e indolores, que tenho medo de ver todo essa maquilagem desmanchar junto com a água após as primeiras chuvas de março.
É estranho todo aquele arsenal que volta e meia era encontrado escondido dentro de algum barraco. A impressão que tínhamos era a de que os traficantes estavam preparados para enfrentar o Exército em uma guerra civil. E na hora H, o que fizeram os bandidos? Deram no pé deixando para trás sandálias Havaianas arrebentadas pelo caminho.
Fugiram sem o menor pudor e reação. Nem um tirinho sequer. Nem um lança granadas, nem uma bazuca contra um blindado daqueles da Marinha. Nada. Guerra estranha. Fajuta. De um mocinho poderoso demais e um bandido complacente em demasia.
Até a Rede Globo, anda num namorico diabético com o governo e a polícia que dá gosto de ver. Uma doçura só!
Se o vilão dessa história toda era tão malvado e estava armado até as arcadas dentárias como sempre nos mostravam, por que descer ao asfalto para colocar fogo em ônibus, carros e caminhões, depois é claro, de pedir a gentileza para passageiros e motoristas se retirarem das conduções?
O que queriam os bandidos com esse show incendiário gratuito? Lembrar Nero que não era. Para o Estado, foi a senha que faltava para justificar tamanha demonstração de força perante um mundo incrédulo quanto a nossa capacidade de sediar uma Copa e uma Olimpíadas.
Fica sem resposta ainda a facilidade da fuga da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Se a polícia não estava autorizada a mandar chumbo naquele momento, quando vai estar?
E o Estado vai ter culhões para manter uma paz superficial como esta fabricada às pressas no Rio? O Estado vai plantar agora no presente sementes para um futuro diferente deste que as gerações passadas nos deram?
Tudo isto, só o tempo dirá. Enquanto isto, sigo acreditando que boa parte do arsenal que a polícia alega que estavam em mãos dos traficantes, não passa de bravata para valorizar o trabalho e justificar a incompetência de tanto tempo levando pau e aceitando acordo obscuro por detrás dos panos.
Ah, e antes que o tempo nos dê as respostas, abra a sua cervejinha, ligue a TV e aguarde. Aposto que logo começa o jogo de vaidade entre os poderes envolvidos nesta guerra de festim para ver quem manda mais.
quinta-feira, dezembro 02, 2010
Ouvindo atrás das portas
Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Quem aqui não alcovitou segredos, que dispare a primeira bomba atômica! Tanta histeria assim só porque documentos vazados pelo Wikileaks trouxeram à tona verdades que poucos teriam coragem de dizer em público?
Curioso é que quando ultrapassados ditadores gagás do século 21 falam suas bobagens, ninguém os leva a sério.
Seria o momento ideal para os citados olharem para os próprios rabos, tentarem reparar condutas e lembrarem sempre que ao tentar consertar uma gafe, invariavelmente, a emenda sai pior que o soneto.
No mais, que o ser humano sossegue o facho e deixe o fim do mundo para o final de 2012 mesmo.
Quem aqui não alcovitou segredos, que dispare a primeira bomba atômica! Tanta histeria assim só porque documentos vazados pelo Wikileaks trouxeram à tona verdades que poucos teriam coragem de dizer em público?
Curioso é que quando ultrapassados ditadores gagás do século 21 falam suas bobagens, ninguém os leva a sério.
Seria o momento ideal para os citados olharem para os próprios rabos, tentarem reparar condutas e lembrarem sempre que ao tentar consertar uma gafe, invariavelmente, a emenda sai pior que o soneto.
No mais, que o ser humano sossegue o facho e deixe o fim do mundo para o final de 2012 mesmo.
quarta-feira, dezembro 01, 2010
Um outro 'Inimigo do Estado'
Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
No último domingo (28) o site Wikileaks revelou informações confidenciais trocadas entre embaixadas e o governo dos Estados Unidos. O que deixou muita gente mal na foto e gerou um clima constrangedor para outros – principalmente para os americanos.
O Irã se viu cercado de gente que finge não querer uma intervenção militar ou invasão, quando na verdade muitos pedem por isso.
A China, até então grande aliado da Coreia do Norte, cogita a união da península coreana com ventos que sopram do Sul.
Do Brasil falam de um jogo duplo, de um jeitinho diante do terrorismo para não prejudicar a imagem do país – eis o interesse nacional? Até de uma chamada "paranoia" que envolve Amazônia e ONGs.
Mas o caso todo vai além da diplomacia e da "fofoca internacional", como alguns já dizem que se tornou.
O responsável pelo Wikileaks, Julian Assange, é agora procurado pela Interpol por um suposto crime cometido na Suécia. O site tem sido atacado constantemente e ora até fica offline. Há até quem peça o assassinato de Assange.
No fim parece que estão a escrever o roteiro de um filme, ironicamente americano, com toques de "Inimigo do Estado" (1998). Com tantos segredos por vazar, todos são capazes de tudo – o que também pode vir à luz futuramente. Como alguém disse certa vez: segredo entre três, só com os outros dois mortos.
• • •
"Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz" (Bertrand Russell)
Das revelações do Wikileaks até hoje, uma das que mais chamaram a atenção foi o vídeo onde jornalistas são assassinados por militares na guerra do Iraque.
No último domingo (28) o site Wikileaks revelou informações confidenciais trocadas entre embaixadas e o governo dos Estados Unidos. O que deixou muita gente mal na foto e gerou um clima constrangedor para outros – principalmente para os americanos.
O Irã se viu cercado de gente que finge não querer uma intervenção militar ou invasão, quando na verdade muitos pedem por isso.
A China, até então grande aliado da Coreia do Norte, cogita a união da península coreana com ventos que sopram do Sul.
Do Brasil falam de um jogo duplo, de um jeitinho diante do terrorismo para não prejudicar a imagem do país – eis o interesse nacional? Até de uma chamada "paranoia" que envolve Amazônia e ONGs.
Mas o caso todo vai além da diplomacia e da "fofoca internacional", como alguns já dizem que se tornou.
O responsável pelo Wikileaks, Julian Assange, é agora procurado pela Interpol por um suposto crime cometido na Suécia. O site tem sido atacado constantemente e ora até fica offline. Há até quem peça o assassinato de Assange.
No fim parece que estão a escrever o roteiro de um filme, ironicamente americano, com toques de "Inimigo do Estado" (1998). Com tantos segredos por vazar, todos são capazes de tudo – o que também pode vir à luz futuramente. Como alguém disse certa vez: segredo entre três, só com os outros dois mortos.
• • •
"Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz" (Bertrand Russell)
Das revelações do Wikileaks até hoje, uma das que mais chamaram a atenção foi o vídeo onde jornalistas são assassinados por militares na guerra do Iraque.
sexta-feira, outubro 22, 2010
Passarinho chamuscado
Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
Os últimos dias têm sido tensos no Twitter.
A animosidade é o tom predominante nos 140 caracteres. Ontem (21/10/10), bastou acabar o Jornal Nacional e vi um verdadeiro incêndio na minha timeline. Era gente comentando o que eu evitara comentar, outros respondendo, repreendendo, se achando provocados. Uma guerra verbal, literalmente. O caos estava instalado…
E pensar que a eleição, antes da Copa da África do Sul, prometia ser a eleição da Internet. Uso inteligente das redes sociais, dos sites. Mas têm faltado propostas e sobrado ira.
Se tudo continuar (e irá continuar) como está até o dia 31, o passarinho do Twitter irá voar chamuscado.
É o segundo turno da eleição presidencial de um País chamado Brasil.
Os últimos dias têm sido tensos no Twitter.
A animosidade é o tom predominante nos 140 caracteres. Ontem (21/10/10), bastou acabar o Jornal Nacional e vi um verdadeiro incêndio na minha timeline. Era gente comentando o que eu evitara comentar, outros respondendo, repreendendo, se achando provocados. Uma guerra verbal, literalmente. O caos estava instalado…
E pensar que a eleição, antes da Copa da África do Sul, prometia ser a eleição da Internet. Uso inteligente das redes sociais, dos sites. Mas têm faltado propostas e sobrado ira.
Se tudo continuar (e irá continuar) como está até o dia 31, o passarinho do Twitter irá voar chamuscado.
É o segundo turno da eleição presidencial de um País chamado Brasil.
terça-feira, outubro 05, 2010
Filhos da mãe gentil
Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Na escolha entre o que é ruim e o que pode ser ainda pior, levados às zonas pelas orelhas, obrigados a entrar no jogo – pela mãe gentil que insiste a tratar o povo como “filho” incapaz de tomar decisões sozinho – muitos protestam e votam em qualquer um. Como se pusessem o Íbis – “o pior time do Brasil” – no campeonato mais importante.
— Só pra ver no que vai dar.
No que vai dar todos sabem, mas parecem não se importar. Como o filho que apronta apenas pra ver a mãe irritada, sabendo que logo farão as pazes.
Além do filho “revoltado”, há também o fanático, que nas madrugadas, sai a sujar as ruas com pedaços de papel marcados com a cara e o número de seus novos ídolos. Boa parte deles, ídolos de aluguel, cínicos que adotaram a política como profissão e veem o cargo público como um jeito fácil de ganhar dinheiro – e pra isso não se importam em jogar umas migalhas para os seguidores.
Outra parte dos votáveis é formada por ingênuos candidatos, tão apaixonados quanto os que os seguem, crentes de que o partido realmente aposta neles. Os foguetórios e as carreatas após a apuração das urnas mostram como ambos os lados tratam as eleições com paixão – como se os partidos fossem times de futebol e os eleitos seus campeões. O circo está armado.
Talvez seja a hora dessa mãe ceder um pouco, dar um pouco mais de liberdade a certas vontades – sem deixar virar uma bagunça (ainda maior) –, dialogar mais em vez de bater e mandar ter aquela conversa com os tios que fazem justiça com a lei dos outros.
São poucos os que ainda pensam na coletividade e atuam por querer algo melhor, pra realmente mudar. Aliás, é pelos filhos da mãe gentil, egoístas, que sempre sobram vagas para aqueles outros. Quatro anos pra que “talvez” fique tudo bem é tempo demais.
Na escolha entre o que é ruim e o que pode ser ainda pior, levados às zonas pelas orelhas, obrigados a entrar no jogo – pela mãe gentil que insiste a tratar o povo como “filho” incapaz de tomar decisões sozinho – muitos protestam e votam em qualquer um. Como se pusessem o Íbis – “o pior time do Brasil” – no campeonato mais importante.
— Só pra ver no que vai dar.
No que vai dar todos sabem, mas parecem não se importar. Como o filho que apronta apenas pra ver a mãe irritada, sabendo que logo farão as pazes.
Além do filho “revoltado”, há também o fanático, que nas madrugadas, sai a sujar as ruas com pedaços de papel marcados com a cara e o número de seus novos ídolos. Boa parte deles, ídolos de aluguel, cínicos que adotaram a política como profissão e veem o cargo público como um jeito fácil de ganhar dinheiro – e pra isso não se importam em jogar umas migalhas para os seguidores.
Outra parte dos votáveis é formada por ingênuos candidatos, tão apaixonados quanto os que os seguem, crentes de que o partido realmente aposta neles. Os foguetórios e as carreatas após a apuração das urnas mostram como ambos os lados tratam as eleições com paixão – como se os partidos fossem times de futebol e os eleitos seus campeões. O circo está armado.
Talvez seja a hora dessa mãe ceder um pouco, dar um pouco mais de liberdade a certas vontades – sem deixar virar uma bagunça (ainda maior) –, dialogar mais em vez de bater e mandar ter aquela conversa com os tios que fazem justiça com a lei dos outros.
São poucos os que ainda pensam na coletividade e atuam por querer algo melhor, pra realmente mudar. Aliás, é pelos filhos da mãe gentil, egoístas, que sempre sobram vagas para aqueles outros. Quatro anos pra que “talvez” fique tudo bem é tempo demais.
sábado, outubro 02, 2010
"Brasílha"
Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Se mortas fossem (toc, toc, toc), minhas professoras de geografia dos tempos em que meu habitat era o fundão da sala de aula, entortariam os esqueletos em seus jazigos perpétuos com a bobagem que direi agora:
— Uma ilha não é somente um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Uma ilha pode ser também um pedaço de terra cercado de terra por todos os lados.
E não vamos nós, zarparmos rumo ao estrangeiro, em busca de paisagens inóspitas para recriarmos absurda afirmação. No Planalto Central, temos um belo exemplar de uma ilha cercada de terra por todos os lados: Brasília.
A ditadura dos anos 60, 70 e início dos 80 talvez não durasse tanto, ou, quiçá, o malfadado golpe de "primeiro de abril" de 1964 tivesse fracassado logo após o primeiro choro provocado pelo tapinha do “obstetra” em sua região glútea.
E de lá para cá, quantos presidentes (sejam eles azuis, vermelhos ou verdes) já não se safaram de problemas semelhantes como o que aconteceu agora no Equador e há algum tempo na Venezuela e outros vizinhos latinos, desde que Juscelino Kubitschek resolveu empreender firma ao projeto de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília?
Isolaram os donos do poder em sua redoma distante dos desaforos da turba ignara. Que efeitos reais contra os tiranos fardados de verde-oliva aqueles corre-corre nos centros de São Paulo e do Rio provocavam nos generais entrincheirados no Distrito Federal, separados por uma trincheira de tanques, censores e um enorme deserto no papel da “terra de ninguém”?
E não havia – como não há – baioneta de milico ou flores de românticos, que superassem tamanha distância entre a trincheira do oprimido e a do manda-chuva com seus tentáculos de ventríloquo.
Em nosso período de infante democracia, os deuses só descem aos reles mortais de quatro em quatro anos. Depois, enclausuram-se nos camarotes das arenas para deliciarem-se com o circo pegando fogo.
Ou o Brasil realmente vê à frente a promessa de expansão rumo ao Oeste desde os tempos da construção da “ilha”, ou continuaremos dependendo da frágil revolta de quem é sustentado justamente por este poder que nos expia de longe, muito longe...
Se mortas fossem (toc, toc, toc), minhas professoras de geografia dos tempos em que meu habitat era o fundão da sala de aula, entortariam os esqueletos em seus jazigos perpétuos com a bobagem que direi agora:
— Uma ilha não é somente um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Uma ilha pode ser também um pedaço de terra cercado de terra por todos os lados.
E não vamos nós, zarparmos rumo ao estrangeiro, em busca de paisagens inóspitas para recriarmos absurda afirmação. No Planalto Central, temos um belo exemplar de uma ilha cercada de terra por todos os lados: Brasília.
A ditadura dos anos 60, 70 e início dos 80 talvez não durasse tanto, ou, quiçá, o malfadado golpe de "primeiro de abril" de 1964 tivesse fracassado logo após o primeiro choro provocado pelo tapinha do “obstetra” em sua região glútea.
E de lá para cá, quantos presidentes (sejam eles azuis, vermelhos ou verdes) já não se safaram de problemas semelhantes como o que aconteceu agora no Equador e há algum tempo na Venezuela e outros vizinhos latinos, desde que Juscelino Kubitschek resolveu empreender firma ao projeto de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília?
Isolaram os donos do poder em sua redoma distante dos desaforos da turba ignara. Que efeitos reais contra os tiranos fardados de verde-oliva aqueles corre-corre nos centros de São Paulo e do Rio provocavam nos generais entrincheirados no Distrito Federal, separados por uma trincheira de tanques, censores e um enorme deserto no papel da “terra de ninguém”?
E não havia – como não há – baioneta de milico ou flores de românticos, que superassem tamanha distância entre a trincheira do oprimido e a do manda-chuva com seus tentáculos de ventríloquo.
Em nosso período de infante democracia, os deuses só descem aos reles mortais de quatro em quatro anos. Depois, enclausuram-se nos camarotes das arenas para deliciarem-se com o circo pegando fogo.
Ou o Brasil realmente vê à frente a promessa de expansão rumo ao Oeste desde os tempos da construção da “ilha”, ou continuaremos dependendo da frágil revolta de quem é sustentado justamente por este poder que nos expia de longe, muito longe...
quinta-feira, setembro 16, 2010
sábado, setembro 11, 2010
Cefaléia
Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Arrastar os chinelos sem compromisso pela casa
Respirar fundo
Abrir a janela numa manhã ensolarada
Acordar mais cedo
Adestrar o cão com paciência
A vida se resume a uma sala fechada
A ver a dor rumar a outra querência
Um verso de um poeminha do Quintana
Uma quinta ou outro dia qualquer da semana
O limo crescendo na calçada
A ferrugem devagar até que não reste mais nada
A rima pobre e desgraçada
Como a sorte que larga o animal morto à beira da estrada
O andarilho que nas costas carrega sua casa
E a morte alada que se assanha batendo suas asas
Geração pós-geração até ver a casa abandonada
Dos muitos até restarem quase nada
Arrastar os chinelos sem compromisso pela casa
Respirar fundo
Abrir a janela numa manhã ensolarada
Acordar mais cedo
Adestrar o cão com paciência
A vida se resume a uma sala fechada
A ver a dor rumar a outra querência
Um verso de um poeminha do Quintana
Uma quinta ou outro dia qualquer da semana
O limo crescendo na calçada
A ferrugem devagar até que não reste mais nada
A rima pobre e desgraçada
Como a sorte que larga o animal morto à beira da estrada
O andarilho que nas costas carrega sua casa
E a morte alada que se assanha batendo suas asas
Geração pós-geração até ver a casa abandonada
Dos muitos até restarem quase nada
quinta-feira, setembro 09, 2010
Lembranças de Anita
Autor: Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
Local: Mato Alto (Morrinhos), Tubarão/SC
A heroína da Revolução do Vinte de Setembro, da República Juliana e de dois mundos, já não tem o mesmo brilho de sua história. Anita se foi em 1849. Das lembranças da filha mais ilustre nascida em solo tubaronense, restaram musgos e cinzas...
terça-feira, agosto 31, 2010
De olho no candidato caô
*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
Estava aqui, terminando o ritual de tomar café da manhã, acompanhando a música e as notícias pela Itapema FM de Porto Alegre nesta terça-feira. De repente, me dei conta que estava ouvindo uma música muito bem composta no rádio. Era o Marcelo D2 (e eu não sou fã do D2) interpretando um dos sucessos de Bezerra da Silva: Candidato caô caô.
Ele regravou a canção recentemente, neste mês de agosto ainda. Tanto é que ainda nem há vídeo ou áudio disponível na rede.
Sem problemas. O que você vê e ouve aqui é o original do Bezerra da Silva, nascido nordestino, do Recife, sambista carioca, que morreu em 17 de janeiro de 2005, aos 77 anos de idade. Foi mendigo por sete anos em Copacabana. Mas resgatado das ruas por um Santo da Umbanda, deslanchou a carreira musical. Nunca deixando para trás as raízes e a criação no Morro do Cantagalo.
Justamente por morar numa das favelas do Rio, só "enxergava o Estado" quando a PM subia o morro ou em época de eleições, quando os candidatos resolviam "cair no gosto do povão".
Agora, 2010, praticamente faltando um mês para o pleito. Para conquistar o voto dos eleitores vale tudo. Candidatos "podres de rico", que tem "nojo de pobre em dias normais" (ou sem eleição), vão nas favelas e até apertam a mão do povo (passando alcool gel em seguida). Aqui no Rio Grande do Sul, tem candidato encarando até dobradinha e mocotó (que é ruim de comer, porque cheira muito mal). Quem é de fora (como é o caso da maioria dos candidatos à Presidência da República) tenta tomar chimarrão e queima a língua. Ah, e disfarça a cara feia para mostrar que está tudo bem. Em Santa Catarina, candidato que não sabe pescar, tenta tarrafear, para mostrar que é amigo dos pescadores artesanais, e só puxa algas e conchas. Vai tentar tirar o siri da rede e ainda leva um beliscão do crustáceo.
É, temos que ficar de olho nestes candidatos que tentam dar o golpe, o "caô", na hora de conquistar teu voto. Todos vendem a imagem de que são de origem humilde, de famílias pobres. O que eu duvido muito. O marketing político faz alguns milagres. Então, se os nossos políticos não estão sendo honestos agora, imagina então quando estiverem no poder. A minha dica é: sempre, mas sempre desconfie das intenções de todos. Nada é o que parece ser o que é.
Estava aqui, terminando o ritual de tomar café da manhã, acompanhando a música e as notícias pela Itapema FM de Porto Alegre nesta terça-feira. De repente, me dei conta que estava ouvindo uma música muito bem composta no rádio. Era o Marcelo D2 (e eu não sou fã do D2) interpretando um dos sucessos de Bezerra da Silva: Candidato caô caô.
Ele regravou a canção recentemente, neste mês de agosto ainda. Tanto é que ainda nem há vídeo ou áudio disponível na rede.
Sem problemas. O que você vê e ouve aqui é o original do Bezerra da Silva, nascido nordestino, do Recife, sambista carioca, que morreu em 17 de janeiro de 2005, aos 77 anos de idade. Foi mendigo por sete anos em Copacabana. Mas resgatado das ruas por um Santo da Umbanda, deslanchou a carreira musical. Nunca deixando para trás as raízes e a criação no Morro do Cantagalo.
Justamente por morar numa das favelas do Rio, só "enxergava o Estado" quando a PM subia o morro ou em época de eleições, quando os candidatos resolviam "cair no gosto do povão".
Agora, 2010, praticamente faltando um mês para o pleito. Para conquistar o voto dos eleitores vale tudo. Candidatos "podres de rico", que tem "nojo de pobre em dias normais" (ou sem eleição), vão nas favelas e até apertam a mão do povo (passando alcool gel em seguida). Aqui no Rio Grande do Sul, tem candidato encarando até dobradinha e mocotó (que é ruim de comer, porque cheira muito mal). Quem é de fora (como é o caso da maioria dos candidatos à Presidência da República) tenta tomar chimarrão e queima a língua. Ah, e disfarça a cara feia para mostrar que está tudo bem. Em Santa Catarina, candidato que não sabe pescar, tenta tarrafear, para mostrar que é amigo dos pescadores artesanais, e só puxa algas e conchas. Vai tentar tirar o siri da rede e ainda leva um beliscão do crustáceo.
É, temos que ficar de olho nestes candidatos que tentam dar o golpe, o "caô", na hora de conquistar teu voto. Todos vendem a imagem de que são de origem humilde, de famílias pobres. O que eu duvido muito. O marketing político faz alguns milagres. Então, se os nossos políticos não estão sendo honestos agora, imagina então quando estiverem no poder. A minha dica é: sempre, mas sempre desconfie das intenções de todos. Nada é o que parece ser o que é.
sexta-feira, agosto 27, 2010
Novatos de sucesso
*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso
Apresentada aos espectadores como Grey’s Anatomy policial, Rookie Blue estreou nos Estados Unidos no dia 24 de junho. O piloto, intitulado Fresh Paint, não decepcionou e a audiência dos primeiros três episódios garantiu a renovação para a segunda temporada. A série é fruto da criação de Morwyn Brebner, Cameron Tassie e Vantoni Ellen e tem como foco o drama e a vida dos personagens, nos mostrando seu dia a dia.
Mas por que Grey’s Anatomy policial? Bem, no piloto conhecemos policiais novatos que após o curso e a formação para desempenhar tal função, iniciam seu trabalho na delegacia. Cada um tem um mentor, digamos assim, alguém mais experiente que vai ser o responsável por ele e o ensinará como se portar diante das situações da profissão. Como ocorre em Grey’s, mas com médicos.
Porém, deixando essa comparação para lá, até porque só assisti a primeira temporada de Grey’s e odeio comparações, vamos ao piloto de Rookie Blue. Nele somos apresentados aos cinco novatos, que depois da noite de bebedeira e comemoração, aparecem prontos para o combate ao crime. Como o início na carreira nunca é fácil, eles sofrem com a inexperiência e precisam de seus tutores, além de muita força de vontade para superar seus medos e as dificuldades na estreia como policiais.
Por que Rookie Blue? Rookie significa novato e o blue se refere a cor do uniforme dos policiais nos Estados Unidos. Os cinco protagonistas são Andy (Missy Peregrym), filha de um policial aposentado e alcoólatra; é quem resolve o caso principal do piloto e parece ter chamado a atenção do policial Sam Swareck e do detetive Luke Callaghan;Traci (Enuka Okuma), a novata tem um romance secreto com um dos instrutores, o detetive Jerry; Gail (Charlotte Sullivan), chama atenção já na primeira cena, uma loira de batom forte, assim como sua personalidade; ela meio que trapaceia no trote que recebem dos policiais e vem de uma família de policiais também; Dov (Gregory Smith), foi um dos “azarados” que não para as ruas no primeiro dia, ficou com a parte burocrática; e Chris (Travis Milne), que não chama muito a atenção no piloto, mas ganha seu espaço durante os episódios. Teve uma única namorada e pensa em pedí-la em casamento já que estão juntos há tanto tempo.
Ação, drama, romance e uma pitada de comédia são os ingredientes dessa estreante de sucesso. Confira!
Apresentada aos espectadores como Grey’s Anatomy policial, Rookie Blue estreou nos Estados Unidos no dia 24 de junho. O piloto, intitulado Fresh Paint, não decepcionou e a audiência dos primeiros três episódios garantiu a renovação para a segunda temporada. A série é fruto da criação de Morwyn Brebner, Cameron Tassie e Vantoni Ellen e tem como foco o drama e a vida dos personagens, nos mostrando seu dia a dia.
Mas por que Grey’s Anatomy policial? Bem, no piloto conhecemos policiais novatos que após o curso e a formação para desempenhar tal função, iniciam seu trabalho na delegacia. Cada um tem um mentor, digamos assim, alguém mais experiente que vai ser o responsável por ele e o ensinará como se portar diante das situações da profissão. Como ocorre em Grey’s, mas com médicos.
Porém, deixando essa comparação para lá, até porque só assisti a primeira temporada de Grey’s e odeio comparações, vamos ao piloto de Rookie Blue. Nele somos apresentados aos cinco novatos, que depois da noite de bebedeira e comemoração, aparecem prontos para o combate ao crime. Como o início na carreira nunca é fácil, eles sofrem com a inexperiência e precisam de seus tutores, além de muita força de vontade para superar seus medos e as dificuldades na estreia como policiais.
Por que Rookie Blue? Rookie significa novato e o blue se refere a cor do uniforme dos policiais nos Estados Unidos. Os cinco protagonistas são Andy (Missy Peregrym), filha de um policial aposentado e alcoólatra; é quem resolve o caso principal do piloto e parece ter chamado a atenção do policial Sam Swareck e do detetive Luke Callaghan;Traci (Enuka Okuma), a novata tem um romance secreto com um dos instrutores, o detetive Jerry; Gail (Charlotte Sullivan), chama atenção já na primeira cena, uma loira de batom forte, assim como sua personalidade; ela meio que trapaceia no trote que recebem dos policiais e vem de uma família de policiais também; Dov (Gregory Smith), foi um dos “azarados” que não para as ruas no primeiro dia, ficou com a parte burocrática; e Chris (Travis Milne), que não chama muito a atenção no piloto, mas ganha seu espaço durante os episódios. Teve uma única namorada e pensa em pedí-la em casamento já que estão juntos há tanto tempo.
Ação, drama, romance e uma pitada de comédia são os ingredientes dessa estreante de sucesso. Confira!
quinta-feira, agosto 26, 2010
terça-feira, agosto 24, 2010
Votar pra quê?
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Não bastasse os resquícios nazifacista da Voz do Brasil de segunda a sexta-feira às sete horas da noite em todas as rádios do Brasil, temos que aturar de dois em dois anos a propaganda eleitoral gratuita.
Gratuita uma pinóia! Se tem dinheiro pra contratar marqueteiro, que pague pelo espaço. Se não tem, que nem funde o partido. Ou me explique como alguém que não pode pagar uma mísera propaganda quer governar um país?
É um assalto aos cofres das emissoras de TV e rádio do Brasil estes dois espaços diários em horários nobres dado aos partidos que visam apenas se locupletar do erário durante os próximos anos.
A intenção da gratuidade do espaço destinado aos partidos é nobre, não fosse a enorme diferença do investimento de uns e de outros, além das brechas que a luta por segundos a mais de exibição circense deixa para o surgimento dos partidos nanicos que nada mais servem do que se prestarem ao serviço sujo e relés de capacho dos maiores.
Existisse equilíbrio de forças nas propagandas, não teríamos candidatos comendo palavras para dizer tudo o que querem dizer e outros com tempo de sobra para mostrar musiquinhas grudentas feitas por encomenda a custo de muito dinheiro.
Sem contar no tremendo desperdício de tempo com tanta bobagem e mentiras deslavadas. Ou tem gente que ainda acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Mula Sem Cabeça?
Todo candidato tem a solução para todos os problemas. Não sei então porque sofremos com tantas mazelas. Todos eles tocam em saúde, educação, segurança e geração de emprego. Mas seguimos morrendo em corredores de hospitais públicos, analfabetos, assaltados e de pires nas mãos em busca dos benefícios sociais, geração após geração, presidente após presidente, partido após partido, idelogia após ideologia...
E o mesmo lenga-lenga acontece nos debates. As perguntas são sempre direcionadas pensando na réplica e nada mais. Duvido que uns prestem atenção nas respostas dos outros. E como o discurso é sempre ensaiadinho, não?
Tudo dá tão certo, tudo é tão fácil. Todos são tão iguais...
Sei que política é importante (o problema são os políticos) e de toda a falácia em cima do tema de que quem não se interessa é governado por quem se interessa. Eu me interesso, mas mesmo assim sou governado por gente da qual eu não ligo a mínima. Desprezo e ignoro veementemente votando seguindo um conselho do mestre Raulzito:
– Vote nulo, não alimente os parasitas!
Não bastasse os resquícios nazifacista da Voz do Brasil de segunda a sexta-feira às sete horas da noite em todas as rádios do Brasil, temos que aturar de dois em dois anos a propaganda eleitoral gratuita.
Gratuita uma pinóia! Se tem dinheiro pra contratar marqueteiro, que pague pelo espaço. Se não tem, que nem funde o partido. Ou me explique como alguém que não pode pagar uma mísera propaganda quer governar um país?
É um assalto aos cofres das emissoras de TV e rádio do Brasil estes dois espaços diários em horários nobres dado aos partidos que visam apenas se locupletar do erário durante os próximos anos.
A intenção da gratuidade do espaço destinado aos partidos é nobre, não fosse a enorme diferença do investimento de uns e de outros, além das brechas que a luta por segundos a mais de exibição circense deixa para o surgimento dos partidos nanicos que nada mais servem do que se prestarem ao serviço sujo e relés de capacho dos maiores.
Existisse equilíbrio de forças nas propagandas, não teríamos candidatos comendo palavras para dizer tudo o que querem dizer e outros com tempo de sobra para mostrar musiquinhas grudentas feitas por encomenda a custo de muito dinheiro.
Sem contar no tremendo desperdício de tempo com tanta bobagem e mentiras deslavadas. Ou tem gente que ainda acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Mula Sem Cabeça?
Todo candidato tem a solução para todos os problemas. Não sei então porque sofremos com tantas mazelas. Todos eles tocam em saúde, educação, segurança e geração de emprego. Mas seguimos morrendo em corredores de hospitais públicos, analfabetos, assaltados e de pires nas mãos em busca dos benefícios sociais, geração após geração, presidente após presidente, partido após partido, idelogia após ideologia...
E o mesmo lenga-lenga acontece nos debates. As perguntas são sempre direcionadas pensando na réplica e nada mais. Duvido que uns prestem atenção nas respostas dos outros. E como o discurso é sempre ensaiadinho, não?
Tudo dá tão certo, tudo é tão fácil. Todos são tão iguais...
Sei que política é importante (o problema são os políticos) e de toda a falácia em cima do tema de que quem não se interessa é governado por quem se interessa. Eu me interesso, mas mesmo assim sou governado por gente da qual eu não ligo a mínima. Desprezo e ignoro veementemente votando seguindo um conselho do mestre Raulzito:
– Vote nulo, não alimente os parasitas!
domingo, agosto 22, 2010
O motorista iraquiano
*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
No meu último dia em Londres, a caminho do aeroporto de Heathrow, o motorista que me leva até lá é um iraquiano que foge ao estereótipo pré-fabricado no ocidente. Um sujeito com seus 40 e poucos anos, olhos claros, cabelos brancos. Um sotaque aparente, simpatia e indignação.
Bom, isso só descobri no caminho para o aeroporto. Sabe-se lá porquê me perguntou sobre a Holanda, pensando que eu fosse de lá. Quando eu disse que era brasileiro e novas perguntas vieram. Tínhamos algo em comum agora. “Temos um povo acolhedor em comum. Os latinos e as pessoas do Oriente Médio são mais felizes e acolhedoras, não são?”, perguntou ele, sorrindo. Concordei e comentei que conheci alguns árabes no tempo que vivi no Canadá, sempre fazendo piadas. Ele completou: “É, a gente tem que superar com o humor”. Algo que reconheci bem brasileiro.
Em seguida questionou se as coisas eram caras, se comparássemos Brasil e Inglaterra. Talvez pelo peso da minha mala, que só anda pesada porque cansei de carregar duas e coloquei a pequena dentro da maior. Bem, ele não conhece nossa carga tributária.
Mas o assunto foi interrompido por uma questão de trabalho:
— Terminal 5, certo?
— Sim, cinco.
Passado uns minutos, enquanto eu olhava pela janela as casas sem grades, ele tocou no assunto da guerra e na esperança que ainda tem. Comentei que os americanos estão deixando o Iraque. Ele disse que sim e continuou: “Mas essa guerra, essa coisa toda que acontece na minha terra, é por dinheiro. Ninguém se importa se somos muçulmanos, cristãos ou qualquer outra coisa. Disseram que havia armas por lá e não havia nada. Só desculpa. Só querem saber do dinheiro. E essa gente é tão gananciosa que no fim alguma razão têm uns loucos como Chávez e Ahmadinejad. É bem capaz de outra guerra começar. Gananciosos!”, exclamou, mostrando-se indignado.
O Terminal 5 estava próximo. O clima londrino com umas nuvens escuras viraram pergunta: “Você gostou do clima de Londres?”, questionou. Concordei e disse que me sentia bem naqueles 19 graus – depois de quase um ano vivendo no frio já não enfrento mais o calor do mesmo jeito.
“É aqui. Você já esteve aqui antes?”, perguntou enquanto parava o carro. Paguei a viagem e ele me ajudou com a mala. Agradeceu a corrida e a conversa.
E hoje penso que o iraquiano de Londres gostava de conversar e talvez, mais que isso, tivesse necessidade de ser ouvido. A população em geral não tem tanto espaço assim para comentar o que pensa e muitos não sabem como, onde ou a quem dizer. Ainda mais para alguém que vem de um país em conflito, coberto de preconceito pelo mundo ocidental e inconscientemente vigiado.
No meu último dia em Londres, a caminho do aeroporto de Heathrow, o motorista que me leva até lá é um iraquiano que foge ao estereótipo pré-fabricado no ocidente. Um sujeito com seus 40 e poucos anos, olhos claros, cabelos brancos. Um sotaque aparente, simpatia e indignação.
Bom, isso só descobri no caminho para o aeroporto. Sabe-se lá porquê me perguntou sobre a Holanda, pensando que eu fosse de lá. Quando eu disse que era brasileiro e novas perguntas vieram. Tínhamos algo em comum agora. “Temos um povo acolhedor em comum. Os latinos e as pessoas do Oriente Médio são mais felizes e acolhedoras, não são?”, perguntou ele, sorrindo. Concordei e comentei que conheci alguns árabes no tempo que vivi no Canadá, sempre fazendo piadas. Ele completou: “É, a gente tem que superar com o humor”. Algo que reconheci bem brasileiro.
Em seguida questionou se as coisas eram caras, se comparássemos Brasil e Inglaterra. Talvez pelo peso da minha mala, que só anda pesada porque cansei de carregar duas e coloquei a pequena dentro da maior. Bem, ele não conhece nossa carga tributária.
Mas o assunto foi interrompido por uma questão de trabalho:
— Terminal 5, certo?
— Sim, cinco.
Passado uns minutos, enquanto eu olhava pela janela as casas sem grades, ele tocou no assunto da guerra e na esperança que ainda tem. Comentei que os americanos estão deixando o Iraque. Ele disse que sim e continuou: “Mas essa guerra, essa coisa toda que acontece na minha terra, é por dinheiro. Ninguém se importa se somos muçulmanos, cristãos ou qualquer outra coisa. Disseram que havia armas por lá e não havia nada. Só desculpa. Só querem saber do dinheiro. E essa gente é tão gananciosa que no fim alguma razão têm uns loucos como Chávez e Ahmadinejad. É bem capaz de outra guerra começar. Gananciosos!”, exclamou, mostrando-se indignado.
O Terminal 5 estava próximo. O clima londrino com umas nuvens escuras viraram pergunta: “Você gostou do clima de Londres?”, questionou. Concordei e disse que me sentia bem naqueles 19 graus – depois de quase um ano vivendo no frio já não enfrento mais o calor do mesmo jeito.
“É aqui. Você já esteve aqui antes?”, perguntou enquanto parava o carro. Paguei a viagem e ele me ajudou com a mala. Agradeceu a corrida e a conversa.
E hoje penso que o iraquiano de Londres gostava de conversar e talvez, mais que isso, tivesse necessidade de ser ouvido. A população em geral não tem tanto espaço assim para comentar o que pensa e muitos não sabem como, onde ou a quem dizer. Ainda mais para alguém que vem de um país em conflito, coberto de preconceito pelo mundo ocidental e inconscientemente vigiado.
quinta-feira, agosto 19, 2010
terça-feira, agosto 17, 2010
Reatando laços com o Rio dos Sinos
*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
Existem várias maneiras de se contemplar o Rio dos Sinos. Um rápido e corriqueiro passar de olhos sobre as pontes na BR-116 e BR-386, um livro de fotos do rio ou até mesmo um exótico passeio a bordo do barco Martim Pescador. São Leopoldo e Novo Hamburgo se desenvolveram com o Rio dos Sinos como referência. Foi por ele que chegaram os imigrantes alemães, que muitas famílias se alimentaram de peixes, lavaram roupas e se refrescaram durante os tórridos verões da região. No entanto, o desenvolvimento do Vale nos levou a se distanciar do Sinos e a cortar os laços de amizade que existiam desde os primórdios.
Separadas pelo Rio dos Sinos, juntas, as duas cidades são maiores que muitas capitais brasileiras, com cerca de 500 mil habitantes. As margens, amplas, foram engolidas pela selva de concreto e asfalto. Com isso, as enchentes que antigamente eram sinônimo de terra fértil para a agricultura, se tornaram entrave para a expansão urbana. Ergue-se, então, um muro e com ele, a separação quase que definitiva entre comunidade e rio.
Não se questiona a construção dos diques. Uma obra essencial, sem dúvida. Muitas vidas foram salvas diante dos alagamentos ocasionados pelo Rio dos Sinos.
No entanto, como num dever de gratidão por tudo o que possibilitou, a comunidade de Novo Hamburgo e, principalmente, São Leopoldo, precisa voltar o olhar para o rio. Reatar os laços de afeto.
Um dos programas preferidos de quem habita a Capital, nos finais de semana, é ver o pôr do sol no Guaíba. E você sabia que o pôr do sol, no Rio dos Sinos, em São Leopoldo, também propicia prazerosos finais de tarde?
Contudo, o aproveitamento do Sinos na área urbana esbarra em diversos fatores. Desde a poluição na água, causando mau cheiro, até a falta de segurança. Como fotografar e sorver um chimarrão no fim de tarde se há o risco de tomarem sua câmera de assalto?
Além do mais, é preciso criar uma infraestrutura de lazer: pistas de cooper, equipamentos de exercícios físicos, passarelas e decks, acessibilidade para portadores de deficiência, parque de brinquedos e quiosques, por exemplo. Entretanto, muito mais do que lazer, é uma maneira de reunir pessoas em torno de atividades saudáveis e que promovam a integração familiar. Ganha também a cidade, com revitalização de áreas degradadas e a população de baixa renda, que terá futuro com melhor infraestrutura urbana e de moradia. A economia será aditivada pelo dinheiro do turismo, com a criação deste novo cartão-postal.
A tarefa é árdua e requer dos administradores de ambas cidades atitude para colocá-la em prática. O primeiro passo pode começar pela despoluição do Rio dos Sinos.
Este artigo foi publicado jornal ABC Domingo (Novo Hamburgo, RS) em 8 de agosto de 2010 e está também em www.gabrielguedes.com.br
Existem várias maneiras de se contemplar o Rio dos Sinos. Um rápido e corriqueiro passar de olhos sobre as pontes na BR-116 e BR-386, um livro de fotos do rio ou até mesmo um exótico passeio a bordo do barco Martim Pescador. São Leopoldo e Novo Hamburgo se desenvolveram com o Rio dos Sinos como referência. Foi por ele que chegaram os imigrantes alemães, que muitas famílias se alimentaram de peixes, lavaram roupas e se refrescaram durante os tórridos verões da região. No entanto, o desenvolvimento do Vale nos levou a se distanciar do Sinos e a cortar os laços de amizade que existiam desde os primórdios.
Separadas pelo Rio dos Sinos, juntas, as duas cidades são maiores que muitas capitais brasileiras, com cerca de 500 mil habitantes. As margens, amplas, foram engolidas pela selva de concreto e asfalto. Com isso, as enchentes que antigamente eram sinônimo de terra fértil para a agricultura, se tornaram entrave para a expansão urbana. Ergue-se, então, um muro e com ele, a separação quase que definitiva entre comunidade e rio.
Não se questiona a construção dos diques. Uma obra essencial, sem dúvida. Muitas vidas foram salvas diante dos alagamentos ocasionados pelo Rio dos Sinos.
No entanto, como num dever de gratidão por tudo o que possibilitou, a comunidade de Novo Hamburgo e, principalmente, São Leopoldo, precisa voltar o olhar para o rio. Reatar os laços de afeto.
Um dos programas preferidos de quem habita a Capital, nos finais de semana, é ver o pôr do sol no Guaíba. E você sabia que o pôr do sol, no Rio dos Sinos, em São Leopoldo, também propicia prazerosos finais de tarde?
Contudo, o aproveitamento do Sinos na área urbana esbarra em diversos fatores. Desde a poluição na água, causando mau cheiro, até a falta de segurança. Como fotografar e sorver um chimarrão no fim de tarde se há o risco de tomarem sua câmera de assalto?
Além do mais, é preciso criar uma infraestrutura de lazer: pistas de cooper, equipamentos de exercícios físicos, passarelas e decks, acessibilidade para portadores de deficiência, parque de brinquedos e quiosques, por exemplo. Entretanto, muito mais do que lazer, é uma maneira de reunir pessoas em torno de atividades saudáveis e que promovam a integração familiar. Ganha também a cidade, com revitalização de áreas degradadas e a população de baixa renda, que terá futuro com melhor infraestrutura urbana e de moradia. A economia será aditivada pelo dinheiro do turismo, com a criação deste novo cartão-postal.
A tarefa é árdua e requer dos administradores de ambas cidades atitude para colocá-la em prática. O primeiro passo pode começar pela despoluição do Rio dos Sinos.
Este artigo foi publicado jornal ABC Domingo (Novo Hamburgo, RS) em 8 de agosto de 2010 e está também em www.gabrielguedes.com.br
terça-feira, agosto 10, 2010
Nas entrelinhas do Cálice e a ditadura militar
*Emanuela da Silva | www.twitter.com/manujnl
A forma como o governo pensava sobre a classe artitisca: O regime militar da época pode ser definido como simples, controlador, ditador, pois "isolado, cantando para a classe média da cultura, o artitista não era um perigo", no entando a estratégia do governo mudou depois da radicalização que atingiu a classe média.
O autor da música Cálice , Chico Buarque de Holanda foi um dos autores mais perseguidos pela posição política teve suas composições censuradas. Foi para o Exílio na Itália, em 1970, a época era marcada pela repressão militar pois o AI-5 (ato instiucional numero cinco, 13/12/1968), instaurou no país medo, revoltas e punições severas em todos os segmentos sociais e culturais.
Nada escapava aos olhos e ouvidos atentos do regime militar, essa foi a fase mais criativa da MBP, porque a vontade de falar inspirou músicas como Cálice, Construção, O bêbado e a equilibrista, Mestre Sala das Marés, Pra Não dizer que não falei das flores, e muitas outras.
Voltando a Chico, começou a usar o pseudonimo Julinho da Adelaide. Os trechos destacados na letra acima é uma pequena interpretação do período militar no Brasil. O contexto histórico é muito mais amplo, as entrelinhas sugerem diversas interpretações. Exemplos da crueldade da época de acordo com Arns (1985, p.39):
A pessoa acima torturada era uma mulher, imaginem o que mais esconde a nossa história? Muita dor vergonha, sangue, corpos nunca encontrados uma mancha irreversível na memória brasileira.
A forma como o governo pensava sobre a classe artitisca: O regime militar da época pode ser definido como simples, controlador, ditador, pois "isolado, cantando para a classe média da cultura, o artitista não era um perigo", no entando a estratégia do governo mudou depois da radicalização que atingiu a classe média.
Cálice
(Chico Buarque)
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Afastar a repressão comemorada com vinho simbolizando o sangue dos muitos torturados, cálice: aquiete-se, não fale... essa bebida tão amarga pro corpo dos perseguidos e para a sociedade.
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Neste período as casas dos presos políticos eram invadidas muitas mulheres foram espancadas, estupradas e mortas.
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Calar é a ordem , ficar mudo diante da injustiça, calar para não denúnciar,
e durante a noite as tropas saiam perseguindo os "traidores" ao regime.
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Torturas de todos os tipos físicos e morais, a morte não era nada perto das agressões , humilhações nos porões do DOI-CODI, e do DOPS quero gritar e mostrar tudo o que não pode ser visto.
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Censura nos jornais, músicas, revistas, rádios e tvs nada pode ser denunciado sobre o regime. Em silêncio muitos corpos foram atirados em corregos, outros apodreceram em hospícios com nomes trocados sob torturas, choque elétricos, remédios etc..
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
"A porca" referente ao governo, golpes,desvio de verbas, armas compradas com capital estrangeiro, a corja do poder.
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
É impossível andar nas ruas os toques de recolher se estivesse em lugares não altorizados sem documentação cadeia na certa.
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
Só beber para esquecer o caos a ilusão que alimenta o coração dos deseperados sem solução, condenados.
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Não a minha mas a quem me atrapalha , meus planos, perder acabar com o juízo transformar em loucos.
Minha cabeça perder teu juízo
Não juízo que não o do regime o poder dos militares só está voz poderia ser ouvida. Beber esquecer a repressão,revolta, tentar achar uma solução na alienação.
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Fumaça sinal do progresso, a indústria nas capitais.
Me embriagar até que alguem me esqueça
O autor da música Cálice , Chico Buarque de Holanda foi um dos autores mais perseguidos pela posição política teve suas composições censuradas. Foi para o Exílio na Itália, em 1970, a época era marcada pela repressão militar pois o AI-5 (ato instiucional numero cinco, 13/12/1968), instaurou no país medo, revoltas e punições severas em todos os segmentos sociais e culturais.
Nada escapava aos olhos e ouvidos atentos do regime militar, essa foi a fase mais criativa da MBP, porque a vontade de falar inspirou músicas como Cálice, Construção, O bêbado e a equilibrista, Mestre Sala das Marés, Pra Não dizer que não falei das flores, e muitas outras.
Voltando a Chico, começou a usar o pseudonimo Julinho da Adelaide. Os trechos destacados na letra acima é uma pequena interpretação do período militar no Brasil. O contexto histórico é muito mais amplo, as entrelinhas sugerem diversas interpretações. Exemplos da crueldade da época de acordo com Arns (1985, p.39):
O interrogado sofreu espancamento com um cassetete de alumínio nas nádegas, até deixá-lo, naquele local, em, carne viva, o colocaram sobre latas abertas, que se recorda bem , eram de massa de tomates, para que ali se equilibrassem, descalços, e, toda vez que ia perdendo o equilíbrio acionavam uma máquina que reproduzia choques elétricos , o que obrigava ao interrogado à recuperação do equilíbrio [..] a interro gada quer ainda declarar que durante a primeira fase do interrogatório fortam colocadas baratas sobre seu corpo e introduzida uma no seu ânus.
A pessoa acima torturada era uma mulher, imaginem o que mais esconde a nossa história? Muita dor vergonha, sangue, corpos nunca encontrados uma mancha irreversível na memória brasileira.
segunda-feira, agosto 09, 2010
Opinião é pra quem quer
*Ana Carla Teixeira | www.twitter.com/kahteixeira
— Quero comprar alguma coisa. Me dá tua opinião?
— Compre um liquidificador novo.
— Nós temos liquidificador!
— E ele tem 5 potencias e para de funcionar na 2ª.
— Bom! Ele ainda funciona na 1ª! Vou comprar uma TV nova.
— Nós temos TV!
— E ela tem uma mancha rosa muito estranha no meio da tela.
— Bom! Nós gostamos de rosa. Compre um ar condicionado novo.
— Estamos no inverno!
— E é quando os preços de ar condicionados caem.
— Bom! E ele enferruja até o verão. Vou comprar uma cama nova.
— Você tem uma cama!
— Mas você já viu as novas camas box?
— Lindas! Mas venda um dos seus rins para pagar uma. Compre um cachorro.
— Cachorros cagam.
— Você também.
— Mas vai pra um lugar que não é a minha calçada. Você não está me ajudando.
— Desculpe, vou te dar uma ótima opinião agora!
— E qual é?
— Compre nitroglicerina e vá pro inferno.
— Espera…
— Quero comprar alguma coisa. Me dá tua opinião?
— Compre um liquidificador novo.
— Nós temos liquidificador!
— E ele tem 5 potencias e para de funcionar na 2ª.
— Bom! Ele ainda funciona na 1ª! Vou comprar uma TV nova.
— Nós temos TV!
— E ela tem uma mancha rosa muito estranha no meio da tela.
— Bom! Nós gostamos de rosa. Compre um ar condicionado novo.
— Estamos no inverno!
— E é quando os preços de ar condicionados caem.
— Bom! E ele enferruja até o verão. Vou comprar uma cama nova.
— Você tem uma cama!
— Mas você já viu as novas camas box?
— Lindas! Mas venda um dos seus rins para pagar uma. Compre um cachorro.
— Cachorros cagam.
— Você também.
— Mas vai pra um lugar que não é a minha calçada. Você não está me ajudando.
— Desculpe, vou te dar uma ótima opinião agora!
— E qual é?
— Compre nitroglicerina e vá pro inferno.
— Espera…
terça-feira, agosto 03, 2010
As viúvas do Senna
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Tornou-se lugar comum para os fãs de automobilismo no Brasil, dizer que depois da morte do tricampeão mundial Ayrton Senna, a Fórmula 1 nunca mais foi a mesma. Uns dizem até que depois daquele 1° de maio de 1994 nunca mais acordaram cedo aos domingos para acompanhar uma corridazinha que fosse.
Puro jogo de cena. Pode apostar que quem nunca assistiu a uma corrida de Fórmula 1 depois da morte de Senna, também nunca assistiu uma prova antes de seu falecimento.
Também é evidente que a Fórmula 1 depois da morte do Senna mudou. Para pior, ou para melhor, é questão de opinião, mas o fato é que, a categoria mais famosa do automobilismo para nós brasileiros, mudaria com ou sem Ayrton Senna.
Lamentar, após cada escândalo de ética da Fórmula 1, a morte de Senna, ligando a sua pessoa a lisura que o esporte teria hoje, não faz o menor sentido, uma vez que, para Senna, o que importava mesmo era a vitória, custasse o que poderia custar.
Outro senão cabe ao fato de que o brasileiro, infelizmente e historicamente, não é tão ético quanto parece só porque joga tudo o que tem em mãos no ventilador a cada escândalo na Fórmula 1.
Se 90% dos brasileiros queimariam o Massa numa fogueira se assim pudessem, quase 100% também construiria uma estátua para Alonso, se o espanhol desse a preferência ao nosso compatriota.
Tornou-se lugar comum para os fãs de automobilismo no Brasil, dizer que depois da morte do tricampeão mundial Ayrton Senna, a Fórmula 1 nunca mais foi a mesma. Uns dizem até que depois daquele 1° de maio de 1994 nunca mais acordaram cedo aos domingos para acompanhar uma corridazinha que fosse.
Puro jogo de cena. Pode apostar que quem nunca assistiu a uma corrida de Fórmula 1 depois da morte de Senna, também nunca assistiu uma prova antes de seu falecimento.
Também é evidente que a Fórmula 1 depois da morte do Senna mudou. Para pior, ou para melhor, é questão de opinião, mas o fato é que, a categoria mais famosa do automobilismo para nós brasileiros, mudaria com ou sem Ayrton Senna.
Lamentar, após cada escândalo de ética da Fórmula 1, a morte de Senna, ligando a sua pessoa a lisura que o esporte teria hoje, não faz o menor sentido, uma vez que, para Senna, o que importava mesmo era a vitória, custasse o que poderia custar.
Outro senão cabe ao fato de que o brasileiro, infelizmente e historicamente, não é tão ético quanto parece só porque joga tudo o que tem em mãos no ventilador a cada escândalo na Fórmula 1.
Se 90% dos brasileiros queimariam o Massa numa fogueira se assim pudessem, quase 100% também construiria uma estátua para Alonso, se o espanhol desse a preferência ao nosso compatriota.
quarta-feira, julho 28, 2010
A morte do Inverno
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Os velhos e as crianças sofrem nesta batalha entre a Primavera que dá suas caras e o Inverno que teima em ficar. Bronquite, rinite, sinusite, asma, gripe, resfriado, faringite, enfisema pulmonar, tuberculose e pneumonia são as principais complicações respiratórias que afligem os mais frágeis.
“Calor no sol e gelado na sombra”, é frase que passa a fazer parte dos diálogos breves e automáticos entre conhecidos e desconhecidos.
O sol pouco a pouco começa a demorar-se mais esparramando-se no horizonte no crepúsculo de cada dia. Os canarinhos e pardais preparam lentamente seus ninhos à espera das novas crias.
Os sorrisos tornam-se menos armados.
Alguns se arriscam a fazer poesia.
“Afinal, se nuvens rasgam os céus dia-a-dia, por que diabos não tenho a liberdade que mereceria?”.
Sair do banho e vestir primeiro as calças, sem congelar, são outras pequenas delícias que o calor nos devolve lentamente.
É como se o gelo de dentro de cada um derretesse.
Os velhos e as crianças sofrem nesta batalha entre a Primavera que dá suas caras e o Inverno que teima em ficar. Bronquite, rinite, sinusite, asma, gripe, resfriado, faringite, enfisema pulmonar, tuberculose e pneumonia são as principais complicações respiratórias que afligem os mais frágeis.
“Calor no sol e gelado na sombra”, é frase que passa a fazer parte dos diálogos breves e automáticos entre conhecidos e desconhecidos.
O sol pouco a pouco começa a demorar-se mais esparramando-se no horizonte no crepúsculo de cada dia. Os canarinhos e pardais preparam lentamente seus ninhos à espera das novas crias.
Os sorrisos tornam-se menos armados.
Alguns se arriscam a fazer poesia.
“Afinal, se nuvens rasgam os céus dia-a-dia, por que diabos não tenho a liberdade que mereceria?”.
Sair do banho e vestir primeiro as calças, sem congelar, são outras pequenas delícias que o calor nos devolve lentamente.
É como se o gelo de dentro de cada um derretesse.
Brasileiro, você merece!
*Emmanuel Carvalho | www.twitter.com/ec_photo
O Twitter talvez seja o veículo de distribuição de informações mais rápido de todos os tempos, pelo menos até agora. Ele também é utilizado como válvula de escape onde as pessoas aproveitam para fazer suas reclamações: os chamados #mimimi.
Não concordo com esse tipo de reclamação e passei a reclamar menos, pois vi que eu estava condicionado e acostumado com as situações desconfortáveis... E me parece que isso é cultural!
Brasileiro não desiste nunca e prefere ficar reclamando das situações desconfortáveis a mudar para uma situação melhor e isso se reflete em todos os aspectos das vidas desses sublimes conterrâneos. Assim que eu abri o Twitter hoje, vi uma série de reclamações sobre uma empresa que faz fotolivros (álbuns diagramados em um software proprietário).
Motivos: Registro do termo fotolivro e qualidade da impressão. Ora bolas, se a pessoa não está feliz com o resultado, por que insiste em continuar trabalhando com a mesma empresa? Como chegou a conclusão de que a qualidade é ruim? Comparou com outras empresas ou é o mesmo #mimimi de sempre?
“Fotolivro” não existe no dicionário. Desde que eu ouvi falar desse termo pela primeira vez, foi a própria Digipix que estava divulgando, então, nada mais justo do que registrar o nome! Já deviam ter feito isso desde o início. Quando eu faço compras no supermercado, eu compro Bombril, mesmo que não tenha esse nome. O nome ”fotolivro” conseguiu esse mesmo status com louvor e não há nada que possamos fazer quanto a isso, aceitem.
Em hospedagem de páginas na internet é a mesma história. É só fazer uma pesquisa ao termo locaweb, independente do dia em que você estiver lendo este artigo. Sempre haverá reclamação aos serviços que, provavelmente, estão fora do ar. Por que você continua reclamando ao invés de mudar para outra empresa de hospedagem? Por que paga mais caro que o resto do mundo (eu hospedo minha página fora do Brasil, obviamente) para ter um serviço péssimo, onde você é apenas mais um número na estatística do SAC ao invés de ser tratado como Cliente? (Sim, Cliente com “C” maiúsculo, respeito que poucas empresas no Brasil praticam).
Brasileiro é a típica “mulher de malandro”: Gosta de apanhar, reclama disso, daquilo, mas não muda.
Se você não está satisfeito? Mude! Ninguém vai mudar por você. Faça a diferença ou continue votando nos mesmos caras que roubam o dinheiro das merendas das criança e “xingando muito no Twitter”.
O Twitter talvez seja o veículo de distribuição de informações mais rápido de todos os tempos, pelo menos até agora. Ele também é utilizado como válvula de escape onde as pessoas aproveitam para fazer suas reclamações: os chamados #mimimi.
Não concordo com esse tipo de reclamação e passei a reclamar menos, pois vi que eu estava condicionado e acostumado com as situações desconfortáveis... E me parece que isso é cultural!
Brasileiro não desiste nunca e prefere ficar reclamando das situações desconfortáveis a mudar para uma situação melhor e isso se reflete em todos os aspectos das vidas desses sublimes conterrâneos. Assim que eu abri o Twitter hoje, vi uma série de reclamações sobre uma empresa que faz fotolivros (álbuns diagramados em um software proprietário).
Motivos: Registro do termo fotolivro e qualidade da impressão. Ora bolas, se a pessoa não está feliz com o resultado, por que insiste em continuar trabalhando com a mesma empresa? Como chegou a conclusão de que a qualidade é ruim? Comparou com outras empresas ou é o mesmo #mimimi de sempre?
“Fotolivro” não existe no dicionário. Desde que eu ouvi falar desse termo pela primeira vez, foi a própria Digipix que estava divulgando, então, nada mais justo do que registrar o nome! Já deviam ter feito isso desde o início. Quando eu faço compras no supermercado, eu compro Bombril, mesmo que não tenha esse nome. O nome ”fotolivro” conseguiu esse mesmo status com louvor e não há nada que possamos fazer quanto a isso, aceitem.
Em hospedagem de páginas na internet é a mesma história. É só fazer uma pesquisa ao termo locaweb, independente do dia em que você estiver lendo este artigo. Sempre haverá reclamação aos serviços que, provavelmente, estão fora do ar. Por que você continua reclamando ao invés de mudar para outra empresa de hospedagem? Por que paga mais caro que o resto do mundo (eu hospedo minha página fora do Brasil, obviamente) para ter um serviço péssimo, onde você é apenas mais um número na estatística do SAC ao invés de ser tratado como Cliente? (Sim, Cliente com “C” maiúsculo, respeito que poucas empresas no Brasil praticam).
Brasileiro é a típica “mulher de malandro”: Gosta de apanhar, reclama disso, daquilo, mas não muda.
Se você não está satisfeito? Mude! Ninguém vai mudar por você. Faça a diferença ou continue votando nos mesmos caras que roubam o dinheiro das merendas das criança e “xingando muito no Twitter”.
terça-feira, julho 27, 2010
Mistérios atrás dos portões
*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso
No dia 20 de junho The Gates estreou nos Estados Unidos. Apesar das diferentes opiniões sobre a série, resolvi ver e tirar minha própria conclusão. Assisti até agora somente o piloto e minha opinião será baseada nele. Vamos lá.
A trama se passa em uma comunidade fechada, protegida por enormes e fortes portões de ferro conhecida como The Gates (tcharã). Lá dentro muitos segredos são escondidos e os problemas relacionados a estes segredos são varridos para debaixo do tapete, ou pelo menos tentam. Que tipo de segredos? Citarei alguns: uma vampira com uma filha adotiva; uma bruxa boa e outra má e gananciosa, além de uma grande quantidade de lobisomens adolescentes. Isso só para começar.
O centro do episódio piloto está na família de Nick Monohan, o novo chefe de polícia do local, que acaba de se mudar com sua família, pode-se dizer que para a casa dos sonhos de qualquer um: espaçosa, com piscina e até uma jacuzi. Fica claro que eles se mudaram para ter uma vida nova, para esquecer o passado.
A vizinha dos Monohan, Claire Radcliff é uma vampira que precisa lutar para controlar sua sede de sangue. Ela é casada com Dylan, o vampiro que a transformou, e juntos criam uma filha adotiva, tentando ter uma vida normal. Claire não é muito controlada, logo no primeiro episódio já faz algumas burradas (não vou ser estraga prazeres e contar).
Em outra parte da pequena cidade, duas bruxas disputam a clientela. Mas há uma grande diferença entre elas, a boazinha, Peg, foi quem ensinou tudo para a má, Devon, que de algum jeito manipula os habitantes para frequentarem apenas sua loja. Intrometida, perigosa e irritante, foram as primeiras impressões que tive de Devon.
O clã de lobos é bastante jovem, Brett é namorado de Andie, que teve uma queda à primeira vista por Charlie, filho do policial. Um triângulo que vai trazer muita dor de cabeça, principalmente para Brett que não consegue controlar seu ciúme e precisa que os outros da sua raça chamem sua atenção e o impeçam de fazer besteiras.
E aí, essa mistura de seres sobrenaturais interessou você?
No dia 20 de junho The Gates estreou nos Estados Unidos. Apesar das diferentes opiniões sobre a série, resolvi ver e tirar minha própria conclusão. Assisti até agora somente o piloto e minha opinião será baseada nele. Vamos lá.
A trama se passa em uma comunidade fechada, protegida por enormes e fortes portões de ferro conhecida como The Gates (tcharã). Lá dentro muitos segredos são escondidos e os problemas relacionados a estes segredos são varridos para debaixo do tapete, ou pelo menos tentam. Que tipo de segredos? Citarei alguns: uma vampira com uma filha adotiva; uma bruxa boa e outra má e gananciosa, além de uma grande quantidade de lobisomens adolescentes. Isso só para começar.
O centro do episódio piloto está na família de Nick Monohan, o novo chefe de polícia do local, que acaba de se mudar com sua família, pode-se dizer que para a casa dos sonhos de qualquer um: espaçosa, com piscina e até uma jacuzi. Fica claro que eles se mudaram para ter uma vida nova, para esquecer o passado.
A vizinha dos Monohan, Claire Radcliff é uma vampira que precisa lutar para controlar sua sede de sangue. Ela é casada com Dylan, o vampiro que a transformou, e juntos criam uma filha adotiva, tentando ter uma vida normal. Claire não é muito controlada, logo no primeiro episódio já faz algumas burradas (não vou ser estraga prazeres e contar).
Em outra parte da pequena cidade, duas bruxas disputam a clientela. Mas há uma grande diferença entre elas, a boazinha, Peg, foi quem ensinou tudo para a má, Devon, que de algum jeito manipula os habitantes para frequentarem apenas sua loja. Intrometida, perigosa e irritante, foram as primeiras impressões que tive de Devon.
O clã de lobos é bastante jovem, Brett é namorado de Andie, que teve uma queda à primeira vista por Charlie, filho do policial. Um triângulo que vai trazer muita dor de cabeça, principalmente para Brett que não consegue controlar seu ciúme e precisa que os outros da sua raça chamem sua atenção e o impeçam de fazer besteiras.
E aí, essa mistura de seres sobrenaturais interessou você?
domingo, julho 25, 2010
Cá estás também
*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Ao chegar em Lisboa não pude evitar comparações a viagens seculares, ir e vir de tão longe. Um vice-versa dos tempos das naves que iam para o sul e às atuais aeronaves que vem para o norte.
Também não esqueci dos livros e citações de gente de outros tempos, nem das canções que ouvimos no Brasil ou que como disse Chico Buarque: "Esta pátria ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal!"
Aqui também encontrei livros do Saramago com pontos e vírgulas – o que muito me impressionou. Agora cá estou, a perceber que meu português não é tão português assim – timidamente observo meus erros e aprendo.
Quatro dias e meio na capital lusitana. Hoje viajo para Praga, na República Tcheca, com a pauta – por enquanto; e se nada melhor aparecer – do turismo e desenvolvimento econômico – bons exemplos a serem aplicados em Santa Catarina se houver disposição política e iniciativa.
Até o próximo texto num quarto de hotel.
Ao chegar em Lisboa não pude evitar comparações a viagens seculares, ir e vir de tão longe. Um vice-versa dos tempos das naves que iam para o sul e às atuais aeronaves que vem para o norte.
Também não esqueci dos livros e citações de gente de outros tempos, nem das canções que ouvimos no Brasil ou que como disse Chico Buarque: "Esta pátria ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal!"
Aqui também encontrei livros do Saramago com pontos e vírgulas – o que muito me impressionou. Agora cá estou, a perceber que meu português não é tão português assim – timidamente observo meus erros e aprendo.
Quatro dias e meio na capital lusitana. Hoje viajo para Praga, na República Tcheca, com a pauta – por enquanto; e se nada melhor aparecer – do turismo e desenvolvimento econômico – bons exemplos a serem aplicados em Santa Catarina se houver disposição política e iniciativa.
Até o próximo texto num quarto de hotel.
segunda-feira, julho 19, 2010
Ensinamentos para a vida
*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
Em um movimentado cruzamento de ruas, o semáforo alterna do verde para o amarelo. O motorista de um carro, apressado, dá uma buzinada ao condutor do veículo da frente para que acelere, antes que a sinaleira mude para o vermelho. Incomodado, o motorista que levou o buzinaço faz um gesto nada educado. O que fez o barulho, provocado, para o carro e parte para o soco. O outro arranca um pedaço de madeira de um cavalete da rua e tenta espancar o primeiro. O lamentável episódio, acontecido no Centro de Porto Alegre na última semana, me faz remeter o tal do "homem moderno" ao "tempo da pedra", onde tudo era conseguido na base caça e luta, feito animais.
Não seria nada estranho, claro, se não estivéssemos em 2010.A vida humana, aos poucos, perde seu valor. Ou melhor, este valor está sendo substituído por virtudes que não refletem na mínima dignidade que cada um de nós merece. Hoje, há quem viva permeado pela ganância e egoísmo, passando por cima dos outros sem dó nem piedade. Um verdadeiro vale tudo.
Precisamos lembrar de nossas origens. Ter um referencial. Não aquele, do tempo da pedra, mas os de nossos avós e pais, da família. Me lembro de dona Maria, minha avó. Moradora de Erechim e funcionária de uma escola estadual, não deixava de ir trabalhar mesmo sob frio, chuva e neve. Sempre alegre, mas nem por isso menos rigorosa, cobrava de mim os "obrigados" até quando as pessoas me davam um mandolate. Em nossas conversas, também sempre me falava que o trabalho faz bem e que a educação é fundamental para ser um grande homem. Em meio a todas estas lições, ainda guri, era brindado por ela com um mate-doce e leite.
Relembrar de momentos assim soa nostálgico. Mas é necessário recordar histórias e conselhos, de que nada cai do céu e sim, é fruto de muito trabalho, e sobretudo também, das lições de respeito e educação com o próximo. São ensinamentos para a vida e que, de alguma forma, precisa ser repassado cedo às crianças, dentro da própria família, se quisermos ter cidadãos civilizados no futuro.
Este artigo foi publicado no Jornal NH (Novo Hamburgo, RS, Brasil) de 17 de julho de 2010
quinta-feira, julho 15, 2010
Let’s fall in love
*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso
Carente de minhas séries que estão em férias, vou fuçando aqui e ali para encontrar produções novas que me agradem. Uma que me fisgou foi The Secret Life if The American Teenager, da ABC Family, com criação de Brenda Hampton. Vamos ao enredo:
Amy é uma adolescente de 15 anos, acaba de entrar no "ensino médio", onde geralmente muitas descobertas e aventuras ocorrem. Ela não é a mais popular da escola, faz parte da banda, não tem namorado e tem duas melhores amigas, Madison e Lauren. Mas começa o ano com uma novidade nada agradável, principalmente em sua idade: está grávida.
Parte das férias de Amy foram no acampamento da banda e foi lá que ela conheceu Ricky, o garanhão da escola. O garoto tem uma necessidade imensa conquistar todas as garotas que vê pela frente e se gaba muito por isso. Em um "descuido" Amy se deixou levar pelas palavras do conquistador e o resultado foi a gravidez. O tema central da série é a vida escolar, como o sexo afeta a vida na adolescência e a gravidez indesejada nessa idade.
Atualmente a produção está em sua terceira temporada. A estreia não foi elogiada pelos críticos, mas agradou bastante os espectadores da emissora e bateu recordes de audiência. O fim da primeira temporada bateu em número de audiência a badalada série Gossip Girl.
Outros personagens são importantes na trama: Grace e Jack são um casal cristão que no início defendem o sexo após o casamento, mas durante a temporada vão mudando de opinião; Adrian é a "pegadora" da escola e adora a fama que tem; Ben é pouco popular e se apaixona por Amy sem saber de sua gravidez, quando descobre a apoia incondicionalmente (devo acrescentar que são muito fofos juntos); Henry e Alice são os únicos amigos de Ben e formam um casal nerd. Ashley é a irmã caçula de Amy, muito esperta e ligada, saca tudo só de olhar. Há ainda os pais dos personagens, que além dos problemas dos filhos, precisam lidar com os próprios.
A primeira temporada nos apresenta esses personagens e os dramas de cada um, começando pela gravidez de Amy. Enfim, uma série muito interessante, que acompanha as consequências de atos impensados, de traumas sofridos na infância, de se lutar para ficar perto de quem se ama e muito mais. Confira!
Carente de minhas séries que estão em férias, vou fuçando aqui e ali para encontrar produções novas que me agradem. Uma que me fisgou foi The Secret Life if The American Teenager, da ABC Family, com criação de Brenda Hampton. Vamos ao enredo:
Amy é uma adolescente de 15 anos, acaba de entrar no "ensino médio", onde geralmente muitas descobertas e aventuras ocorrem. Ela não é a mais popular da escola, faz parte da banda, não tem namorado e tem duas melhores amigas, Madison e Lauren. Mas começa o ano com uma novidade nada agradável, principalmente em sua idade: está grávida.
Parte das férias de Amy foram no acampamento da banda e foi lá que ela conheceu Ricky, o garanhão da escola. O garoto tem uma necessidade imensa conquistar todas as garotas que vê pela frente e se gaba muito por isso. Em um "descuido" Amy se deixou levar pelas palavras do conquistador e o resultado foi a gravidez. O tema central da série é a vida escolar, como o sexo afeta a vida na adolescência e a gravidez indesejada nessa idade.
Atualmente a produção está em sua terceira temporada. A estreia não foi elogiada pelos críticos, mas agradou bastante os espectadores da emissora e bateu recordes de audiência. O fim da primeira temporada bateu em número de audiência a badalada série Gossip Girl.
Outros personagens são importantes na trama: Grace e Jack são um casal cristão que no início defendem o sexo após o casamento, mas durante a temporada vão mudando de opinião; Adrian é a "pegadora" da escola e adora a fama que tem; Ben é pouco popular e se apaixona por Amy sem saber de sua gravidez, quando descobre a apoia incondicionalmente (devo acrescentar que são muito fofos juntos); Henry e Alice são os únicos amigos de Ben e formam um casal nerd. Ashley é a irmã caçula de Amy, muito esperta e ligada, saca tudo só de olhar. Há ainda os pais dos personagens, que além dos problemas dos filhos, precisam lidar com os próprios.
A primeira temporada nos apresenta esses personagens e os dramas de cada um, começando pela gravidez de Amy. Enfim, uma série muito interessante, que acompanha as consequências de atos impensados, de traumas sofridos na infância, de se lutar para ficar perto de quem se ama e muito mais. Confira!
quarta-feira, julho 14, 2010
Todos são bonzinhos na tela da TV
*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Passado o circo temos que pensar no pão. Quem vai jogá-lo ao povo nos próximos anos? Aqui em Santa Catarina, por exemplo, há uma alternância constante da mesma “coisa”. Talvez sejamos dos povos mais ingênuos politicamente – outros usarão adjetivos diferentes. Mas tanto no governo estadual quanto federal a escolha é difícil.
Em época de campanha sempre surge um estranho coletivismo, ou melhor, um egoísmo coletivo. São eleitores que votam pensando como podem lucrar mais com a escolha “certa”, competindo com elegíveis querendo tirar proveito da bagunça fiscal em que vivemos.
Hipocrisia deles e nossa. Todos são bonzinhos na tela da TV. Há, no entanto, uma falsidade crônica em palavras nem sempre pensadas pelos próximos mandatários. Lobos que contratam ovelhas para tentar enganar o rebanho. E faz tempos estamos na mesma. Fomos domesticados. Cada um pensa na sua ração – o pão.
“Cada um por si e Deus por todos!”, dizem no alto do palanque, enquanto desfazem nossa consciência coletiva. Revolução dos bichos basta a de George Orwell! E riem com altos salários e ajuda de custo; com férias duas vezes ao ano e auxílio viagem; auxílio paletó – quer mais!?
As coisas vão mudar quando houver unidade. Quando a sociedade pensar no espaço público e exigir o mínimo de respeito. Quando os eleitos forem os de interesse público e não privado ou pessoal.
Há democracia ou algum tipo pulverizado de “egocracia”?
— Domesticados, hum!?
Passado o circo temos que pensar no pão. Quem vai jogá-lo ao povo nos próximos anos? Aqui em Santa Catarina, por exemplo, há uma alternância constante da mesma “coisa”. Talvez sejamos dos povos mais ingênuos politicamente – outros usarão adjetivos diferentes. Mas tanto no governo estadual quanto federal a escolha é difícil.
Em época de campanha sempre surge um estranho coletivismo, ou melhor, um egoísmo coletivo. São eleitores que votam pensando como podem lucrar mais com a escolha “certa”, competindo com elegíveis querendo tirar proveito da bagunça fiscal em que vivemos.
Hipocrisia deles e nossa. Todos são bonzinhos na tela da TV. Há, no entanto, uma falsidade crônica em palavras nem sempre pensadas pelos próximos mandatários. Lobos que contratam ovelhas para tentar enganar o rebanho. E faz tempos estamos na mesma. Fomos domesticados. Cada um pensa na sua ração – o pão.
“Cada um por si e Deus por todos!”, dizem no alto do palanque, enquanto desfazem nossa consciência coletiva. Revolução dos bichos basta a de George Orwell! E riem com altos salários e ajuda de custo; com férias duas vezes ao ano e auxílio viagem; auxílio paletó – quer mais!?
As coisas vão mudar quando houver unidade. Quando a sociedade pensar no espaço público e exigir o mínimo de respeito. Quando os eleitos forem os de interesse público e não privado ou pessoal.
Há democracia ou algum tipo pulverizado de “egocracia”?
— Domesticados, hum!?
terça-feira, julho 13, 2010
É inverno no Sul
*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
"Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento" – Erico Veríssimo
É inverno no Rio Grande do Sul. E os plátanos da Serra Gaúcha, com suas folhas amareladas no final de junho, eram prenúncio de que o frio estava por perto...
"Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento" – Erico Veríssimo
É inverno no Rio Grande do Sul. E os plátanos da Serra Gaúcha, com suas folhas amareladas no final de junho, eram prenúncio de que o frio estava por perto...
segunda-feira, julho 12, 2010
Não é bem assim
*Guilherme Marcon | www.twitter.com/guimmarcon
Circulam na internet há algum tempo e-mails a respeito do auxílio-reclusão, benefício da previdência social devido à família do preso, chamando tal benefício de bolsa-preso, bolsa-bandido, etc. Essas mensagens contém informações completamente erradas e a veiculação das mesmas é no mínimo uma atitude irresponsável, já que o conteúdo causa muita revolta em quem as lê.
Em primeiro lugar, o(s) autor(es) do texto se equivocam a respeito do destinatário do benefício. Não é o preso quem receberá o auxílio-reclusão, mas sim os seus dependentes (esposa e filhos, às vezes até irmãos e pais, desde que comprovem a dependência financeira).
Conforme o artigo 80 da Lei nº 8.213/91, o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço. Ou seja, esse benefício visa a socorrer os dependentes do preso, que nada têm a ver com o crime que ele cometeu.
Em segundo, não é “qualquer” preso que tem direito, ou melhor, não são os parentes de qualquer preso que têm o direito ao AR. Para que os dependentes recebam o auxílio o recluso deverá ter, na época do recolhimento à prisão, a qualidade de segurado. E o que significa isto? Significa estar filiado à previdência. Em regra, basta contribuir 1 vez para adquirir a qualidade, para perder, a regra é de até 12 meses após ser despedido do emprego ou ter encerrado um auxílio-doença. Isto é, o preso exercia atividade formal (carteira assinada).
Feito esse esclarecimento, resta a confusão quanto ao valor. No e-mail a respeito do bolsa-preso o autor afirma que é um absurdo que a maioria dos brasileiros trabalhem o dia inteiro pra ganhar R$ 510,00 por mês enquanto um criminoso faz mal à sociedade e recebe de presente a quantia mensal de R$ 798,30.
Como já dito, o presente não é para o preso, além disso, o valor de R$ 798,30 – atualmente R$ 810,18 – é o salário de contribuição e não o “salário” que o(s) dependente(s) receberá(ão). Salário de contribuição é o valor base sobre o qual o segurado recolhe sua contribuição para o INSS. É o salário que ele recebia enquanto trabalhava (o anotado na carteira de trabalho).
Esse valor de R$ 810,18 é o teto para concessão do benefício. Ou seja, se o preso recebia, em média, um salário de R$ 810,19 ou mais, seus familiares não têm direito ao auxílio-reclusão.
O valor do benefício a ser recebido pelos dependentes corresponde à média dos 80% maiores salários recebidos pelo recluso que resultará, obviamente, sempre inferior ao teto do salário de contribuição. No caso de segurados especiais (trabalhadores rurais que não contribuem) o benefício terá o valor mensal de um salário mínimo.
O auxílio-reclusão não é, portanto, nenhuma bolsa nova do Lula pra preso, é um auxílio prestado aos dependentes do preso que não têm culpa pelo que o praticante do crime fez e merecem usufruir dos direitos disponibilizados pela previdência social, assim como os demais segurados que pagaram/pagam pra isso.
Circulam na internet há algum tempo e-mails a respeito do auxílio-reclusão, benefício da previdência social devido à família do preso, chamando tal benefício de bolsa-preso, bolsa-bandido, etc. Essas mensagens contém informações completamente erradas e a veiculação das mesmas é no mínimo uma atitude irresponsável, já que o conteúdo causa muita revolta em quem as lê.
Em primeiro lugar, o(s) autor(es) do texto se equivocam a respeito do destinatário do benefício. Não é o preso quem receberá o auxílio-reclusão, mas sim os seus dependentes (esposa e filhos, às vezes até irmãos e pais, desde que comprovem a dependência financeira).
Conforme o artigo 80 da Lei nº 8.213/91, o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço. Ou seja, esse benefício visa a socorrer os dependentes do preso, que nada têm a ver com o crime que ele cometeu.
Em segundo, não é “qualquer” preso que tem direito, ou melhor, não são os parentes de qualquer preso que têm o direito ao AR. Para que os dependentes recebam o auxílio o recluso deverá ter, na época do recolhimento à prisão, a qualidade de segurado. E o que significa isto? Significa estar filiado à previdência. Em regra, basta contribuir 1 vez para adquirir a qualidade, para perder, a regra é de até 12 meses após ser despedido do emprego ou ter encerrado um auxílio-doença. Isto é, o preso exercia atividade formal (carteira assinada).
Feito esse esclarecimento, resta a confusão quanto ao valor. No e-mail a respeito do bolsa-preso o autor afirma que é um absurdo que a maioria dos brasileiros trabalhem o dia inteiro pra ganhar R$ 510,00 por mês enquanto um criminoso faz mal à sociedade e recebe de presente a quantia mensal de R$ 798,30.
Como já dito, o presente não é para o preso, além disso, o valor de R$ 798,30 – atualmente R$ 810,18 – é o salário de contribuição e não o “salário” que o(s) dependente(s) receberá(ão). Salário de contribuição é o valor base sobre o qual o segurado recolhe sua contribuição para o INSS. É o salário que ele recebia enquanto trabalhava (o anotado na carteira de trabalho).
Esse valor de R$ 810,18 é o teto para concessão do benefício. Ou seja, se o preso recebia, em média, um salário de R$ 810,19 ou mais, seus familiares não têm direito ao auxílio-reclusão.
O valor do benefício a ser recebido pelos dependentes corresponde à média dos 80% maiores salários recebidos pelo recluso que resultará, obviamente, sempre inferior ao teto do salário de contribuição. No caso de segurados especiais (trabalhadores rurais que não contribuem) o benefício terá o valor mensal de um salário mínimo.
O auxílio-reclusão não é, portanto, nenhuma bolsa nova do Lula pra preso, é um auxílio prestado aos dependentes do preso que não têm culpa pelo que o praticante do crime fez e merecem usufruir dos direitos disponibilizados pela previdência social, assim como os demais segurados que pagaram/pagam pra isso.
segunda-feira, julho 05, 2010
As nossas outras Copas
*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
O assunto mais comentado dos últimos quatro dias nas rodas de conversa, paradas de ônibus, elevadores em edifícios e botecos é a saída precoce da seleção brasileira do mundial de futebol da África do Sul. O fato só não é mais desolador porque nossos “hermanos” argentinos deixaram a competição no dia seguinte e de forma mais vergonhosa do que achávamos que a seleção canarinho tinha se despedido do continente africano. No entanto, se por um lado, agora podemos chacotear ainda mais dos fãs de Diego Maradona e torcedores rivais, por outro, eles têm motivos melhores ainda para rir de nós, brasileiros.
Abandonando a rivalidade no futebol, a verdade é que enquanto já erguemos cinco vezes a taça como os melhores no esporte, os argentinos já levaram também vários outros troféus em duas competições: o da qualidade de vida e da educação. O Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud) colocou nosso vizinho mais uma vez como líder na América Latina no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), nos dados mais recentes de 2007. Número que leva em conta números da longevidade, qualidade de vida e educação, posiciona a Argentina como a 38ª nação melhor desenvolvida e o Brasil como 70ª, separados por países como Costa Rica, Cuba e Malásia.
Na educação, em especial, temos 90% da população que sabe ler e escrever, mas do outro lado do Rio Uruguai, a taxa de alfabetização é de 97,6%. A diferença parece pouca, mas neste quesito eles ocupam a posição 53ª e nós a 95ª. Um abismo. Na saúde pública, ainda persistem problemas crônicos. No final de maio, em reportagem no ABC Domingo, mostrei a situação dos municípios de Araricá e Nova Hartz e que sequer possuem sistema de água tratada em pleno ano de 2010.
Resultado de tantas falhas, nossa nação segue sem faturar esta competição e ainda leva uma legítima goleada há mais de 30 anos, tempo em que estamos atrás, além da Argentina, de Chile e Uruguai. Isso sim é tão humilhante quanto perder de quatro gols de diferença para a Alemanha.
Em 2014 será nossa vez de sediar uma Copa do Mundo. Porto Alegre, Vale do Sinos e todo Rio Grande do Sul já se credenciou a uma das sedes do torneio no Brasil, no anseio de abrigar duas ou mais seleções de futebol. Mas se quisermos conquistar o hexacampeonato dentro das quatro linhas, fora dela, primeiramente, teremos que virar o jogo do desenvolvimento, num esforço tão descomunal quanto o que o time de Dunga deveria ter feito para reverter a derrota contra a Holanda. Caso contrário, teremos que assistir a mais um passeio dos argentinos.
O assunto mais comentado dos últimos quatro dias nas rodas de conversa, paradas de ônibus, elevadores em edifícios e botecos é a saída precoce da seleção brasileira do mundial de futebol da África do Sul. O fato só não é mais desolador porque nossos “hermanos” argentinos deixaram a competição no dia seguinte e de forma mais vergonhosa do que achávamos que a seleção canarinho tinha se despedido do continente africano. No entanto, se por um lado, agora podemos chacotear ainda mais dos fãs de Diego Maradona e torcedores rivais, por outro, eles têm motivos melhores ainda para rir de nós, brasileiros.
Abandonando a rivalidade no futebol, a verdade é que enquanto já erguemos cinco vezes a taça como os melhores no esporte, os argentinos já levaram também vários outros troféus em duas competições: o da qualidade de vida e da educação. O Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud) colocou nosso vizinho mais uma vez como líder na América Latina no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), nos dados mais recentes de 2007. Número que leva em conta números da longevidade, qualidade de vida e educação, posiciona a Argentina como a 38ª nação melhor desenvolvida e o Brasil como 70ª, separados por países como Costa Rica, Cuba e Malásia.
Na educação, em especial, temos 90% da população que sabe ler e escrever, mas do outro lado do Rio Uruguai, a taxa de alfabetização é de 97,6%. A diferença parece pouca, mas neste quesito eles ocupam a posição 53ª e nós a 95ª. Um abismo. Na saúde pública, ainda persistem problemas crônicos. No final de maio, em reportagem no ABC Domingo, mostrei a situação dos municípios de Araricá e Nova Hartz e que sequer possuem sistema de água tratada em pleno ano de 2010.
Resultado de tantas falhas, nossa nação segue sem faturar esta competição e ainda leva uma legítima goleada há mais de 30 anos, tempo em que estamos atrás, além da Argentina, de Chile e Uruguai. Isso sim é tão humilhante quanto perder de quatro gols de diferença para a Alemanha.
Em 2014 será nossa vez de sediar uma Copa do Mundo. Porto Alegre, Vale do Sinos e todo Rio Grande do Sul já se credenciou a uma das sedes do torneio no Brasil, no anseio de abrigar duas ou mais seleções de futebol. Mas se quisermos conquistar o hexacampeonato dentro das quatro linhas, fora dela, primeiramente, teremos que virar o jogo do desenvolvimento, num esforço tão descomunal quanto o que o time de Dunga deveria ter feito para reverter a derrota contra a Holanda. Caso contrário, teremos que assistir a mais um passeio dos argentinos.
sexta-feira, julho 02, 2010
Elas podem chorar
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Não tem quem sofra mais com uma eliminação da Seleção Brasileira de uma Copa do Mundo que as crianças. São delas as fotos mais marcantes e as lágrimas mais sinceras. Para elas pouco ou nada importam as táticas, os antecedentes e as consequências políticas de decisões na Seleção.
A emblemática capa do Jornal da Tarde de 1982 diz tudo.
Se o fotógrafo quer encontrar uma imagem para estampar uma derrota, ele vai mirar sua lente para uma criança inconsolável. Para ela, com seus cinco, seis, oito, dez anos, quatro representam quase uma eternidade. A vida de quem tem dez é muito diferente da de quem tem 14. Enquanto a vida de quem tem 30, pouco muda em relação a quem tem 34.
Privilegiados somos nós que “recém” conquistamos duas Copas: 1994 e 2002. E a geração que esperou do tri em 70 até o tetra para ver a seleção novamente campeã? Quantas crianças não viram passar por seus olhos infantes a chance de comemorar um título mundial?
É por isso que elas choram, incoscientemente deve ser por isso.
Não tem quem sofra mais com uma eliminação da Seleção Brasileira de uma Copa do Mundo que as crianças. São delas as fotos mais marcantes e as lágrimas mais sinceras. Para elas pouco ou nada importam as táticas, os antecedentes e as consequências políticas de decisões na Seleção.
A emblemática capa do Jornal da Tarde de 1982 diz tudo.
Se o fotógrafo quer encontrar uma imagem para estampar uma derrota, ele vai mirar sua lente para uma criança inconsolável. Para ela, com seus cinco, seis, oito, dez anos, quatro representam quase uma eternidade. A vida de quem tem dez é muito diferente da de quem tem 14. Enquanto a vida de quem tem 30, pouco muda em relação a quem tem 34.
Privilegiados somos nós que “recém” conquistamos duas Copas: 1994 e 2002. E a geração que esperou do tri em 70 até o tetra para ver a seleção novamente campeã? Quantas crianças não viram passar por seus olhos infantes a chance de comemorar um título mundial?
É por isso que elas choram, incoscientemente deve ser por isso.
terça-feira, junho 22, 2010
Pretty Little Liars
*Kellen Baesso | www.twitter.com.br/kellenbaesso
Li elogios no Twitter sobre uma nova série da ABC Family e como é época de “férias” de muitas séries, resolvi conferir. O nome dela é Pretty Little Liars e tem um enredo bastante envolvente, apesar de ser comparada ao filme “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”. Cercada de mistérios, a trama enche nossa cabeça com especulações e suposições. PLL começa com o encontro noturno de cinco amigas, as mais populares da escola. Sua abelha-rainha é Alison, que parece saber os podres secretos de cada uma de suas amigas. Nesta noite regada com bebidas, todas caem no sono e quando acordam se dão conta de que Alison havia sumido.
Um ano depois, a vida das quatro amigas está bastante mudada. Alison ainda não foi encontrada e a cidade de Rosewood lembra seu aniversário de desaparecimento. Aria, Spencer, Emily e Hanna já não são mais amigas e mal se falam depois do ocorrido. O recebimento de mensagens ameaçadoras, assinada por A, as deixam certas de que a amiga não morreu, pois é a única que poderia saber de certos segredos que não devem ser revelados.
A teoria cai quando os ossos de Alison são encontrados no quintal de sua antiga casa. No velório a aparição de Jenna, uma garota cega, deixa todas as quatro garotas assustadas, dando uma pista de que algo aconteceu entre elas. Na saída da igreja, novamente unidas, as garotas são abordadas pelo detetive da cidade que quer um novo depoimento delas, já que o caso passou de desaparecimento para homicídio. O terror em seus olhos com a abordagem do policial indica que elas escondem muito mais do que parece. E para total surpresa delas, todas recebem a seguinte mensagem em seus celulares:
“I’m still here bitches, I know everything (Eu ainda estou aqui vadias, eu sei de tudo) –‘A’”.
O piloto com certeza me deixou ansiosa por mais episódios e a trilha sonora é de muito bom gosto. Essa temporada de estreia terá dez episódios, exibidos todas as terças-feiras nos Estados Unidos.
Li elogios no Twitter sobre uma nova série da ABC Family e como é época de “férias” de muitas séries, resolvi conferir. O nome dela é Pretty Little Liars e tem um enredo bastante envolvente, apesar de ser comparada ao filme “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”. Cercada de mistérios, a trama enche nossa cabeça com especulações e suposições. PLL começa com o encontro noturno de cinco amigas, as mais populares da escola. Sua abelha-rainha é Alison, que parece saber os podres secretos de cada uma de suas amigas. Nesta noite regada com bebidas, todas caem no sono e quando acordam se dão conta de que Alison havia sumido.
Um ano depois, a vida das quatro amigas está bastante mudada. Alison ainda não foi encontrada e a cidade de Rosewood lembra seu aniversário de desaparecimento. Aria, Spencer, Emily e Hanna já não são mais amigas e mal se falam depois do ocorrido. O recebimento de mensagens ameaçadoras, assinada por A, as deixam certas de que a amiga não morreu, pois é a única que poderia saber de certos segredos que não devem ser revelados.
A teoria cai quando os ossos de Alison são encontrados no quintal de sua antiga casa. No velório a aparição de Jenna, uma garota cega, deixa todas as quatro garotas assustadas, dando uma pista de que algo aconteceu entre elas. Na saída da igreja, novamente unidas, as garotas são abordadas pelo detetive da cidade que quer um novo depoimento delas, já que o caso passou de desaparecimento para homicídio. O terror em seus olhos com a abordagem do policial indica que elas escondem muito mais do que parece. E para total surpresa delas, todas recebem a seguinte mensagem em seus celulares:
“I’m still here bitches, I know everything (Eu ainda estou aqui vadias, eu sei de tudo) –‘A’”.
O piloto com certeza me deixou ansiosa por mais episódios e a trilha sonora é de muito bom gosto. Essa temporada de estreia terá dez episódios, exibidos todas as terças-feiras nos Estados Unidos.
sexta-feira, junho 18, 2010
Preciosa – Uma história de esperança
*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso
Tornar-se mãe muda completamente uma mulher, na maioria das vezes. Aquele pequeno ser promove as mudanças mais radicais, afinal, é na mãe que ele vai se espelhar e dela devem vir os exemplos a serem seguidos. Seria perfeito se todas as mulheres que geram uma criança tivessem esse senso de responsabilidade e sentissem o poder desse amor que tudo transforma. Mas nem sempre é assim.
Assisti o tão premiado e comentado filme “Preciosa – Uma história de esperança”. Fiquei agoniada o filme todo. A produção retrata uma mãe, na verdade mostra várias mães, mas é sobre a mãe da personagem principal, Precious, que quero “falar”. Ela é o exemplo de mulher amarga, que culpa a filha por todos os seus problemas, quando ela não deu o exemplo e não se impôs. Ataca a filha continuamente, com todos os objetos que têm em mãos, até mesmo uma televisão, abusa da filha de todas as formas que consegue, não procura emprego e mente regularmente para a assistente social para obter dinheiro.
Já a filha, Precious, tem apenas 16 anos e passa pela sua segunda gestação. Pobre, ignorante (em todos os anos na escola não aprendeu a ler) e quase sem esperanças em uma vida marcada por muita dor e sofrimento, vê na atitude da diretora de sua escola um caminho a seguir. Com o apoio da nova professora e colegas em uma escola alternativa, Precious se refugia de seus traumas com a ajuda de sua imaginação. O destino, se é que se pode culpá-lo, nunca foi bom com a garota. Desde criança Precious sofre com a violência e abusos de seu próprio pai, muitas vezes sob os olhares de sua mãe, que a culpa por ter roubado seu homem, quando deveria tirar aquele ser repugnante de cima da filha. Os dois filhos de Precious são de seu pai, a primeira nasceu com Síndrome de Down e é chamada de “Mongo”, diminutivo de Mongolóide. O pai no fim ainda deixa um outro “presente” digno de um monstro para a filha, o vírus HIV.
Mesmo com todas as pedras no caminho, a garota se toca que apenas ela pode mudar o rumo da sua vida. Com os dois filhos no colo segue, longe de sua mãe, para ser um exemplo melhor que o que teve para seus próprios filhos.
Tornar-se mãe muda completamente uma mulher, na maioria das vezes. Aquele pequeno ser promove as mudanças mais radicais, afinal, é na mãe que ele vai se espelhar e dela devem vir os exemplos a serem seguidos. Seria perfeito se todas as mulheres que geram uma criança tivessem esse senso de responsabilidade e sentissem o poder desse amor que tudo transforma. Mas nem sempre é assim.
Assisti o tão premiado e comentado filme “Preciosa – Uma história de esperança”. Fiquei agoniada o filme todo. A produção retrata uma mãe, na verdade mostra várias mães, mas é sobre a mãe da personagem principal, Precious, que quero “falar”. Ela é o exemplo de mulher amarga, que culpa a filha por todos os seus problemas, quando ela não deu o exemplo e não se impôs. Ataca a filha continuamente, com todos os objetos que têm em mãos, até mesmo uma televisão, abusa da filha de todas as formas que consegue, não procura emprego e mente regularmente para a assistente social para obter dinheiro.
Já a filha, Precious, tem apenas 16 anos e passa pela sua segunda gestação. Pobre, ignorante (em todos os anos na escola não aprendeu a ler) e quase sem esperanças em uma vida marcada por muita dor e sofrimento, vê na atitude da diretora de sua escola um caminho a seguir. Com o apoio da nova professora e colegas em uma escola alternativa, Precious se refugia de seus traumas com a ajuda de sua imaginação. O destino, se é que se pode culpá-lo, nunca foi bom com a garota. Desde criança Precious sofre com a violência e abusos de seu próprio pai, muitas vezes sob os olhares de sua mãe, que a culpa por ter roubado seu homem, quando deveria tirar aquele ser repugnante de cima da filha. Os dois filhos de Precious são de seu pai, a primeira nasceu com Síndrome de Down e é chamada de “Mongo”, diminutivo de Mongolóide. O pai no fim ainda deixa um outro “presente” digno de um monstro para a filha, o vírus HIV.
Mesmo com todas as pedras no caminho, a garota se toca que apenas ela pode mudar o rumo da sua vida. Com os dois filhos no colo segue, longe de sua mãe, para ser um exemplo melhor que o que teve para seus próprios filhos.
quinta-feira, junho 17, 2010
Outra África do Sul
Autor: Valter Ziantoni
Título/Série: "South Africa Expressions, 2007"
Local: África do Sul
quarta-feira, junho 16, 2010
As conclusões precipitadas da Copa
*Guilherme Marcon | http://www.twitter.com/guimmarcon
A primeira rodada da copa do mundo não deixou uma boa impressão. E penso que impressão é o máximo que se pode extrair dela. Digo isso porque vi muitas pessoas na TV e na internet concluindo destinos de várias seleções na competição apenas com base no primeiro jogo e pior, que esta é a pior Copa de todos os tempos.
Esta imagem ilustra bem o que quero dizer. Um dos colunistas afirma que a Argentina tem time, o outro, afirma que ela não tem. Qual deles tem razão? A meu ver, nenhum dos dois. Em apenas uma partida não podemos concluir que a Argentina é só Messi, que não é só Messi, tampouco que Messi não é jogador "de seleção".
Do mesmo modo, não podemos afirmar que a Espanha "não é tudo o que dizem", que "amarela em Copas", que isso é histórico e etc, só porque perdeu hoje. Como disse Mano Menezes em seu blog, a Suíça teve sucesso no que se propôs a fazer, teve méritos e merece os parabéns, todavia, como Mano salientou: "Os suíços têm plena consciência de que só poderiam tentar vencer os espanhóis jogando da maneira como jogaram. Provavelmente, ao se enfrentarem dez vezes, irão perder oito – mas continuarão pensando da mesma maneira, por saberem de suas características e limitações".
De outro lado, a Alemanha surpreendeu a todos pelo futebol vistoso e envolvente, algo raramente visto em jogos dos alemães há um bom tempo. Entretanto, essa seleção foi alvo de duas conclusões precipitadas. Antes do jogo, a equipe de transmissão da Globo falou e repetiu: "essa é a pior Alemanha dos últimos tempos, ainda mais sem o Ballack. Sempre teve dificuldades nas últimas Copas e nessa terá ainda mais.
Durante o jogo, Galvão e Casagrande ficaram surpresos - e nós também, é verdade – devido ao bom futebol apresentado. O problema é que de patinho feio da copa a Alemanha passou – em apenas uma partida – a grande favorita, a ponto de o Galvão, mais tarde, dizer "surgiu a primeira finalista da Copa. Será que eu acerto esta?".
Quanto ao Brasil, infelizmente não me surpreendi. O problema do time em jogar contra equipes retrancadas é ressaltado há muito tempo pela imprensa, foi visto e revisto durante as eliminatórias. Furar retrancas não é fácil pra nenhum time, mas para essa equipe, com Gilberto Silva, Elano e Felipe Melo no meio campo, fica ainda mais difícil. Ainda mais se jogarem com pouca movimentação, como ontem. Soma-se a isso o fato de o Kaká não ser um armador e ainda não estar nas melhores condições físicas e técnicas nesta temporada, sobretudo no que diz respeito ao ritmo de jogo.
Nem por isso podemos dizer que o time é uma droga – embora não jogue bonito como todo torcedor brasileiro sonha. Creio que essa impressão mudará nas próximas partidas, pois os outros times do Grupo têm mais recurso técnico e não deverão ficar na retranca, o que possibilitará mais espaços pra jogar, principalmente no contragolpe, arma muito forte desse time do Dunga.
Por fim, enfatizo a impossibilidade de se antecipar o destino dos times na competição com apenas uma rodada utilizando o jogo de abertura da segunda. Na primeira rodada do Grupo A, a África do Sul jogou bem, não venceu devido aos erros de finalização e há também quem reclame de um pênalti (pra mim não houve). Muitos externaram opiniões no sentido de que eles tinham muitas chances de se classificar, tendo em vista o futebol apresentado. Em Contrapartida, o Uruguai fez um jogo ruim contra a França, ambos foram muito criticados. No entanto, no jogo de hoje, Uruguai jogou bem e a África do Sul não manteve o nível da primeira rodada. 3x0. Já ouvi e li pessoas dizendo que o Uruguai "vai chegar".
Quer dizer então que se a Alemanha jogar mal a próxima partida torna a ser o patinho feio? Se a Espanha golear será favorita novamente? Se Messi e os demais hermanos derem show amanhã serão imbatíveis e se perderem serão só Messi ou "nem Messi"? E, por último, se todos – ou a maioria – dos jogos da segunda rodada forem como o de hoje teremos uma ótima Copa? É Assim?
Tenhamos mais prudência, impressões e opiniões não se confundem com conclusões e sentenças. A Copa pode melhorar.
A primeira rodada da copa do mundo não deixou uma boa impressão. E penso que impressão é o máximo que se pode extrair dela. Digo isso porque vi muitas pessoas na TV e na internet concluindo destinos de várias seleções na competição apenas com base no primeiro jogo e pior, que esta é a pior Copa de todos os tempos.
Esta imagem ilustra bem o que quero dizer. Um dos colunistas afirma que a Argentina tem time, o outro, afirma que ela não tem. Qual deles tem razão? A meu ver, nenhum dos dois. Em apenas uma partida não podemos concluir que a Argentina é só Messi, que não é só Messi, tampouco que Messi não é jogador "de seleção".
Do mesmo modo, não podemos afirmar que a Espanha "não é tudo o que dizem", que "amarela em Copas", que isso é histórico e etc, só porque perdeu hoje. Como disse Mano Menezes em seu blog, a Suíça teve sucesso no que se propôs a fazer, teve méritos e merece os parabéns, todavia, como Mano salientou: "Os suíços têm plena consciência de que só poderiam tentar vencer os espanhóis jogando da maneira como jogaram. Provavelmente, ao se enfrentarem dez vezes, irão perder oito – mas continuarão pensando da mesma maneira, por saberem de suas características e limitações".
De outro lado, a Alemanha surpreendeu a todos pelo futebol vistoso e envolvente, algo raramente visto em jogos dos alemães há um bom tempo. Entretanto, essa seleção foi alvo de duas conclusões precipitadas. Antes do jogo, a equipe de transmissão da Globo falou e repetiu: "essa é a pior Alemanha dos últimos tempos, ainda mais sem o Ballack. Sempre teve dificuldades nas últimas Copas e nessa terá ainda mais.
Durante o jogo, Galvão e Casagrande ficaram surpresos - e nós também, é verdade – devido ao bom futebol apresentado. O problema é que de patinho feio da copa a Alemanha passou – em apenas uma partida – a grande favorita, a ponto de o Galvão, mais tarde, dizer "surgiu a primeira finalista da Copa. Será que eu acerto esta?".
Quanto ao Brasil, infelizmente não me surpreendi. O problema do time em jogar contra equipes retrancadas é ressaltado há muito tempo pela imprensa, foi visto e revisto durante as eliminatórias. Furar retrancas não é fácil pra nenhum time, mas para essa equipe, com Gilberto Silva, Elano e Felipe Melo no meio campo, fica ainda mais difícil. Ainda mais se jogarem com pouca movimentação, como ontem. Soma-se a isso o fato de o Kaká não ser um armador e ainda não estar nas melhores condições físicas e técnicas nesta temporada, sobretudo no que diz respeito ao ritmo de jogo.
Nem por isso podemos dizer que o time é uma droga – embora não jogue bonito como todo torcedor brasileiro sonha. Creio que essa impressão mudará nas próximas partidas, pois os outros times do Grupo têm mais recurso técnico e não deverão ficar na retranca, o que possibilitará mais espaços pra jogar, principalmente no contragolpe, arma muito forte desse time do Dunga.
Por fim, enfatizo a impossibilidade de se antecipar o destino dos times na competição com apenas uma rodada utilizando o jogo de abertura da segunda. Na primeira rodada do Grupo A, a África do Sul jogou bem, não venceu devido aos erros de finalização e há também quem reclame de um pênalti (pra mim não houve). Muitos externaram opiniões no sentido de que eles tinham muitas chances de se classificar, tendo em vista o futebol apresentado. Em Contrapartida, o Uruguai fez um jogo ruim contra a França, ambos foram muito criticados. No entanto, no jogo de hoje, Uruguai jogou bem e a África do Sul não manteve o nível da primeira rodada. 3x0. Já ouvi e li pessoas dizendo que o Uruguai "vai chegar".
Quer dizer então que se a Alemanha jogar mal a próxima partida torna a ser o patinho feio? Se a Espanha golear será favorita novamente? Se Messi e os demais hermanos derem show amanhã serão imbatíveis e se perderem serão só Messi ou "nem Messi"? E, por último, se todos – ou a maioria – dos jogos da segunda rodada forem como o de hoje teremos uma ótima Copa? É Assim?
Tenhamos mais prudência, impressões e opiniões não se confundem com conclusões e sentenças. A Copa pode melhorar.
domingo, junho 13, 2010
Mobilização de araque
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
O brasileiro é engraçado. Se você costuma ouvir rádio AM, principalmente na parte da manhã, em cidades do interior, já percebeu a quantidade de gente reclamando de benfeitorias da prefeitura. É buraco na rua, faixa de pedestre com a pintura gasta, terreno baldio abandonado, entre outras.
Agora, é chegar a Copa do Mundo que muitos daqueles que esperam pela mão acolhedora do poder público colocam a mão na massa. Basta passar a vista nos jornais ou mesmo abrir os olhos para o seu entorno para perceber a quantidade de ruas decoradas, paralelepípedos pintados e bandeirinhas penduradas com temas brasileiros.
Por que, afinal de contas, no dia-a-dia, a nossa rua é a rua do prefeito? Por que esta mobilização só acontece em razões festivas, tais como em Copa do Mundo e Carnaval?
Charles de Gaulle disse que os franceses levariam apenas cinco minutos para limpar Paris: bastaria, para isso, que cada um limpasse a frente de sua casa. Nada custaria aos brasileiros uma mobilização do tipo desta que ocorre de quatro em quatro anos na hora de melhorias em sua própria rua.
Outro momento em que o brasileiro se mobiliza é em eleições. No entanto, a mobilização neste caso é um tanto quanto diferente. Se nas Copas do Mundo e Carnavais, a mobilização não resulta de nenhum interesse pessoal direto que não a mera diversão, nas eleições, a grande maioria dos envolvidos esperam um retorno. Ou alguém ainda acredita que quase todos aqueles que enchem seus carros de adesivos e as casas de placas dos candidatos não receberam ou esperam receber algo em troca? Uma vírgula!
E nos jogos do Brasil que acontecerem às 15h30? Acho justo que liberem os torcedores para assistirem as partidas. Mas e se fosse ao contrário, se o empresário pedisse duas horas extras sem gratificações como um apoio extra à empresa? E se fosse para voltarem ao trabalho depois da partida para cumprirem aquelas duas horas folgadas?
- Ah, que isso, e a festa se o Brasil vencer? – esbravejariam os vagabundos!
O brasileiro é engraçado. Se você costuma ouvir rádio AM, principalmente na parte da manhã, em cidades do interior, já percebeu a quantidade de gente reclamando de benfeitorias da prefeitura. É buraco na rua, faixa de pedestre com a pintura gasta, terreno baldio abandonado, entre outras.
Agora, é chegar a Copa do Mundo que muitos daqueles que esperam pela mão acolhedora do poder público colocam a mão na massa. Basta passar a vista nos jornais ou mesmo abrir os olhos para o seu entorno para perceber a quantidade de ruas decoradas, paralelepípedos pintados e bandeirinhas penduradas com temas brasileiros.
Por que, afinal de contas, no dia-a-dia, a nossa rua é a rua do prefeito? Por que esta mobilização só acontece em razões festivas, tais como em Copa do Mundo e Carnaval?
Charles de Gaulle disse que os franceses levariam apenas cinco minutos para limpar Paris: bastaria, para isso, que cada um limpasse a frente de sua casa. Nada custaria aos brasileiros uma mobilização do tipo desta que ocorre de quatro em quatro anos na hora de melhorias em sua própria rua.
Outro momento em que o brasileiro se mobiliza é em eleições. No entanto, a mobilização neste caso é um tanto quanto diferente. Se nas Copas do Mundo e Carnavais, a mobilização não resulta de nenhum interesse pessoal direto que não a mera diversão, nas eleições, a grande maioria dos envolvidos esperam um retorno. Ou alguém ainda acredita que quase todos aqueles que enchem seus carros de adesivos e as casas de placas dos candidatos não receberam ou esperam receber algo em troca? Uma vírgula!
E nos jogos do Brasil que acontecerem às 15h30? Acho justo que liberem os torcedores para assistirem as partidas. Mas e se fosse ao contrário, se o empresário pedisse duas horas extras sem gratificações como um apoio extra à empresa? E se fosse para voltarem ao trabalho depois da partida para cumprirem aquelas duas horas folgadas?
- Ah, que isso, e a festa se o Brasil vencer? – esbravejariam os vagabundos!
quarta-feira, junho 09, 2010
Próprio rabo
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Acostumados a Copas do Mundo no continente europeu, nos espantam os problemas escancarados na África do Sul às vésperas do décimo nono campeonato mundial de futebol.
Nós brasileiros demonstramos profunda preocupação quanto ao sucesso deste mundial no que se diz respeito à segurança, transporte e organização.
Quando lemos notícias da segregação sul africana e dos bairros de extrema pobreza, nos esquecemos de nossas mazelas expostas em favelas e periferias de todas as sedes da Copa de 2014, a ser realizada no Brasil.
A África do Sul, ao contrário dos países europeus, não cultiva a utilização dos trens. É previsível então que os aeroportos se tornem verdadeiros purgatórios para os turistas e jornalistas presentes na Copa.
Fitamos este cenário que se demonstra caótico com distanciamento incorreto, uma vez que, em um país muitas vezes maior que a África do Sul, temos estradas péssimas e as ferrovias para passageiros não ligam mais do que meros quilômetros em estradas de ferro históricas e interioranas. Além de termos problemas crônicos em nossos aeroportos.
Ouvimos falar de violência, roubos, assaltos e mortes na África do Sul, como se a próxima Copa do Mundo fosse ser realizada na Suiça e não aqui, no Brasil. Como se nossas capitais fossem exemplares Vienas, Oslos e Bernas.
Falamos do racismo na África do Sul como quem não convive com o preconceito e a desigualdade diariamente à porta. Nos indignamos com Soweto e esquecemos das Rocinhas, Mangueiras, Morros do Alemão e Cidades de Deus espalhados por todo o Brasil.
Nossa imprensa nos informa dos desvios de dinheiro e atrasos nas obras da Copa na África do Sul e parecemos esquecer que em nossa Copa este será mais um recorde a ser batido facilmente no país da falcatrua e do jogo sujo do rabo preso.
Se nós olhamos para esta Copa com desconfiança, imagino como os europeus a analisam. E, já aguardo temeroso, pela forma com a qual irão tratar de assuntos como segurança, transporte e organização no país do Carnaval e do samba em 2014...
Acostumados a Copas do Mundo no continente europeu, nos espantam os problemas escancarados na África do Sul às vésperas do décimo nono campeonato mundial de futebol.
Nós brasileiros demonstramos profunda preocupação quanto ao sucesso deste mundial no que se diz respeito à segurança, transporte e organização.
Quando lemos notícias da segregação sul africana e dos bairros de extrema pobreza, nos esquecemos de nossas mazelas expostas em favelas e periferias de todas as sedes da Copa de 2014, a ser realizada no Brasil.
A África do Sul, ao contrário dos países europeus, não cultiva a utilização dos trens. É previsível então que os aeroportos se tornem verdadeiros purgatórios para os turistas e jornalistas presentes na Copa.
Fitamos este cenário que se demonstra caótico com distanciamento incorreto, uma vez que, em um país muitas vezes maior que a África do Sul, temos estradas péssimas e as ferrovias para passageiros não ligam mais do que meros quilômetros em estradas de ferro históricas e interioranas. Além de termos problemas crônicos em nossos aeroportos.
Ouvimos falar de violência, roubos, assaltos e mortes na África do Sul, como se a próxima Copa do Mundo fosse ser realizada na Suiça e não aqui, no Brasil. Como se nossas capitais fossem exemplares Vienas, Oslos e Bernas.
Falamos do racismo na África do Sul como quem não convive com o preconceito e a desigualdade diariamente à porta. Nos indignamos com Soweto e esquecemos das Rocinhas, Mangueiras, Morros do Alemão e Cidades de Deus espalhados por todo o Brasil.
Nossa imprensa nos informa dos desvios de dinheiro e atrasos nas obras da Copa na África do Sul e parecemos esquecer que em nossa Copa este será mais um recorde a ser batido facilmente no país da falcatrua e do jogo sujo do rabo preso.
Se nós olhamos para esta Copa com desconfiança, imagino como os europeus a analisam. E, já aguardo temeroso, pela forma com a qual irão tratar de assuntos como segurança, transporte e organização no país do Carnaval e do samba em 2014...
quinta-feira, abril 15, 2010
sexta-feira, março 26, 2010
Não mexa com ela
*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso
Explosiva, infiel, amante, amada, amiga, justiceira. Esses são apenas alguns dos adjetivos que podem ser dirigidos à personagem de Edie Falco (ex-Sopranos) em Nurse Jackie. A série estreou sua segunda temporada nos Estados Unidos na última segunda-feira, dando sequência a uma bombástica season finale. Confesso, mais uma vez, sou muito fácil de agradar e Nurse Jackie me agrada bastante.
O enredo de Nurse Jackie mistura drama e comédia, com uma personagem que tenta fazer o que é certo, mas nem sempre consegue ou o faz da maneira certa. Por exemplo, em um dos episódios uma mulher chega esfaqueada e com a orelha de seu agressor na mão, o homem, bastante rico e influente, vai ao hospital para recolocar sua orelha, mas enquanto conversa com Jackie fala que a companheira gosta mesmo de ser agredida e que mereceu o que teve. Jackie não pensou duas vezes, saiu da sala, jogou a orelha no vaso sanitário e deu descarga.
A enfermeira tem certa semelhança com o médico mais querido do mundo das séries, House, uma vez que Jackie trabalha em um hospital, é viciada em medicamentos prescritos, sarcástica e de gênio forte. Mas creio que as semelhanças ficam por aí. Jackie é hilária, apesar de imoral, na minha opinião. Ela vive duas vidas completamente diferentes e não se abala com isso até o fim da primeira temporada. A única que sabe tudo sobre a jornada dupla da enfermeira é sua amiga, Dra. O’ Hara, vivida pela atriz Eve Best. No horário de trabalho Jackie tem um caso com Edie, responsável pela farmácia do hospital, ele é o “anjo” que fornece os remédios para suas dores e, mesmo sem saber, alimenta seus vícios. Fora do hospital Jackie usa uma aliança dourada na mão esquerda, é muito bem casada e mãe de duas lindas meninas. Em entrevista por telefone a jornalistas da América Latina, a atriz que interpreta a enfermeira define sua personagem como uma super-heroína falha. Alguém com muitas coisas instáveis, mas uma boa pessoa acima de tudo.
Outra confissão, o motivo que me fez assistir a série foi a presença do papai Cullen da série Crepúsculo, Peter Facinelli, que faz um excelente trabalho aqui. Cada personagem do enredo tem seu lado cômico, Dr. Cooper ou Cop, como prefere ser chamado, tem um tique nervoso que o faz tocar em lugares íntimos das mulheres quando fica nervoso e, além disso, tem duas mães, é tão egocêntrico que muitas vezes nem nota suas falhas. A estagiária Zoey, chamada por alguns de Ângela, questiona sua decisão pela enfermagem ao presenciar certas cenas no hospital, como uma enfermeira levando um tapa de um paciente. Mo-Mo, o enfermeiro que me cativou logo de cara, é gay, realmente brilhante e infelizmente está fora da segunda temporada. O’ Hara está sempre vestida impecavelmente e fica histérica com crianças, principalmente aquelas que danificam suas meias de U$ 80. Confusões, segredos e erros unem estes personagens que dão vida a esta série médica sensacional.
Explosiva, infiel, amante, amada, amiga, justiceira. Esses são apenas alguns dos adjetivos que podem ser dirigidos à personagem de Edie Falco (ex-Sopranos) em Nurse Jackie. A série estreou sua segunda temporada nos Estados Unidos na última segunda-feira, dando sequência a uma bombástica season finale. Confesso, mais uma vez, sou muito fácil de agradar e Nurse Jackie me agrada bastante.
O enredo de Nurse Jackie mistura drama e comédia, com uma personagem que tenta fazer o que é certo, mas nem sempre consegue ou o faz da maneira certa. Por exemplo, em um dos episódios uma mulher chega esfaqueada e com a orelha de seu agressor na mão, o homem, bastante rico e influente, vai ao hospital para recolocar sua orelha, mas enquanto conversa com Jackie fala que a companheira gosta mesmo de ser agredida e que mereceu o que teve. Jackie não pensou duas vezes, saiu da sala, jogou a orelha no vaso sanitário e deu descarga.
A enfermeira tem certa semelhança com o médico mais querido do mundo das séries, House, uma vez que Jackie trabalha em um hospital, é viciada em medicamentos prescritos, sarcástica e de gênio forte. Mas creio que as semelhanças ficam por aí. Jackie é hilária, apesar de imoral, na minha opinião. Ela vive duas vidas completamente diferentes e não se abala com isso até o fim da primeira temporada. A única que sabe tudo sobre a jornada dupla da enfermeira é sua amiga, Dra. O’ Hara, vivida pela atriz Eve Best. No horário de trabalho Jackie tem um caso com Edie, responsável pela farmácia do hospital, ele é o “anjo” que fornece os remédios para suas dores e, mesmo sem saber, alimenta seus vícios. Fora do hospital Jackie usa uma aliança dourada na mão esquerda, é muito bem casada e mãe de duas lindas meninas. Em entrevista por telefone a jornalistas da América Latina, a atriz que interpreta a enfermeira define sua personagem como uma super-heroína falha. Alguém com muitas coisas instáveis, mas uma boa pessoa acima de tudo.
Outra confissão, o motivo que me fez assistir a série foi a presença do papai Cullen da série Crepúsculo, Peter Facinelli, que faz um excelente trabalho aqui. Cada personagem do enredo tem seu lado cômico, Dr. Cooper ou Cop, como prefere ser chamado, tem um tique nervoso que o faz tocar em lugares íntimos das mulheres quando fica nervoso e, além disso, tem duas mães, é tão egocêntrico que muitas vezes nem nota suas falhas. A estagiária Zoey, chamada por alguns de Ângela, questiona sua decisão pela enfermagem ao presenciar certas cenas no hospital, como uma enfermeira levando um tapa de um paciente. Mo-Mo, o enfermeiro que me cativou logo de cara, é gay, realmente brilhante e infelizmente está fora da segunda temporada. O’ Hara está sempre vestida impecavelmente e fica histérica com crianças, principalmente aquelas que danificam suas meias de U$ 80. Confusões, segredos e erros unem estes personagens que dão vida a esta série médica sensacional.
quinta-feira, março 25, 2010
Qual novela você prefere?
*Fabrício Espíndola | www.twitter.com/xompi
Ao ver esse título, muitos intelectuais já nem lerão o que estará escrito abaixo, afinal, diriam estes: “o que eu quero saber de novela? Não assisto, não gosto, tenho vergonha de dizer o nome de um personagem, ou alguma trama que esteja em exibição hoje, então não lerei isso.”
Mas quem ler tudo, até o fim, entenderá que quero dizer. Vamos à contextualização:
Qual assunto está mais em evidência hoje na editoria (isso pra usar termo jornalístico) de polícia? Caso Isabella Nardoni, não? Por quê?
Como em uma novela, o caso da menina assassinada no início de 2008, brutalmente, pelo pai e pela madrasta está constantemente na TV. Tem um vilão, ou melhor, dois. Tem a mocinha, Ana Carolina, mãe da menina, e tem, claro, a personagem que todo mundo se apaixonou após morta, ao ver relatos de como era dócil, meiga e feliz com sua mãe.
Repórteres e telejornais fizeram o que faria um Manoel Carlos da vida (com a diferença que teria uma Helena junto), elegeram logo os vilões, sem a imparcialidade que pedia a faculdade. Também, em um caso destes, com tantas evidências, tem como ser imparcial?
Assim, o público começou a assistir o Jornal Nacional, com a mesma intensidade que assiste ao programa que vem antes, ou o a seguir, ou o das 14h, ou então o das 18h. Hoje, o julgamento faz o caso voltar à tona, após um esquecimento, claro, nenhuma novela dura para sempre, mas sempre tem seu Vale a Pena Ver de Novo. E todos estão atraídos, até intelectuais que, dessa novela, não têm vergonha ao admitir que assistem.
E na editoria de política? Opa, caso Arruda. Aliás, o ex-governador do Distrito Federal, ex-DEM, ainda DEMO, deve estar agradecido à família Nardoni, que tirou o foco de sua cassação e sua prisão. Pois é, mais um vilão, alguns heróis, daqueles de filme americano que faz justiça num país que quase não tem isso e lá se vão comentários do tipo “quem matou Odete Roitman?” ao questionarem quando ele ganharia soltura? Ainda não ganhou, mas a novela virou uma daqueles com robô falante, em segundo plano, sem muita atenção dos telespectadores, afinal, tem os Nardonis nas oito.
No esporte também tem novela, mas essa um pouco mais masculina, discutida esporadicamente, talvez como um filme da Sessão da Tarde que é visto uma vez por mês, não assim como aqueeela novela. Mas o fim, só em maio, no dia da convocação pra Copa. Claro, estou falando do Ronaldinho Gaúcho e sua novela em que faz um casal que vive de amor e brigas com seu par romântico, o teimoso Dunga.
Poderia ficar aqui citando várias outras novelas, como os terremotos, tsunamis, enfim, tudo que tem certa sequência, que gera dúvida e causa indignação de falsos moralistas. A propósito, autores de novelas devem estar em pânico, afinal, jornalistas hoje são muito bem treinados para fazer de notícias grandes novelas da humanidade, “dignas” do prêmio “Melhores do Ano”, no Domingão do Faustão.
É assim que estamos sendo tratados hoje, como telespectadores de novela. Se não for novela, não tem a mínima graça, se não tiver sequência, deixe a notícia de lado que não atraiu e não traz audiências. E você, de que novela gosta? A das 18h, a das 19h, a das 21h? Ou prefere as dos intervalos, nos programas de Jornalismo? Quem sabe você desliga sua TV nos momentos destas novelas, porque quer se informar a sua maneira, sem ter que torcer por personagem A, ou B e deixa pra religá-la na hora do BBB. Melhor não, né? Está difícil fugir desse controle midiático de hoje, então, vamos lá, ser atores da vida real, comandados por autores das mais variadas áreas, mas que fazem, de todos nós, noveleiros dos mais fanáticos!
Ao ver esse título, muitos intelectuais já nem lerão o que estará escrito abaixo, afinal, diriam estes: “o que eu quero saber de novela? Não assisto, não gosto, tenho vergonha de dizer o nome de um personagem, ou alguma trama que esteja em exibição hoje, então não lerei isso.”
Mas quem ler tudo, até o fim, entenderá que quero dizer. Vamos à contextualização:
Qual assunto está mais em evidência hoje na editoria (isso pra usar termo jornalístico) de polícia? Caso Isabella Nardoni, não? Por quê?
Como em uma novela, o caso da menina assassinada no início de 2008, brutalmente, pelo pai e pela madrasta está constantemente na TV. Tem um vilão, ou melhor, dois. Tem a mocinha, Ana Carolina, mãe da menina, e tem, claro, a personagem que todo mundo se apaixonou após morta, ao ver relatos de como era dócil, meiga e feliz com sua mãe.
Repórteres e telejornais fizeram o que faria um Manoel Carlos da vida (com a diferença que teria uma Helena junto), elegeram logo os vilões, sem a imparcialidade que pedia a faculdade. Também, em um caso destes, com tantas evidências, tem como ser imparcial?
Assim, o público começou a assistir o Jornal Nacional, com a mesma intensidade que assiste ao programa que vem antes, ou o a seguir, ou o das 14h, ou então o das 18h. Hoje, o julgamento faz o caso voltar à tona, após um esquecimento, claro, nenhuma novela dura para sempre, mas sempre tem seu Vale a Pena Ver de Novo. E todos estão atraídos, até intelectuais que, dessa novela, não têm vergonha ao admitir que assistem.
E na editoria de política? Opa, caso Arruda. Aliás, o ex-governador do Distrito Federal, ex-DEM, ainda DEMO, deve estar agradecido à família Nardoni, que tirou o foco de sua cassação e sua prisão. Pois é, mais um vilão, alguns heróis, daqueles de filme americano que faz justiça num país que quase não tem isso e lá se vão comentários do tipo “quem matou Odete Roitman?” ao questionarem quando ele ganharia soltura? Ainda não ganhou, mas a novela virou uma daqueles com robô falante, em segundo plano, sem muita atenção dos telespectadores, afinal, tem os Nardonis nas oito.
No esporte também tem novela, mas essa um pouco mais masculina, discutida esporadicamente, talvez como um filme da Sessão da Tarde que é visto uma vez por mês, não assim como aqueeela novela. Mas o fim, só em maio, no dia da convocação pra Copa. Claro, estou falando do Ronaldinho Gaúcho e sua novela em que faz um casal que vive de amor e brigas com seu par romântico, o teimoso Dunga.
Poderia ficar aqui citando várias outras novelas, como os terremotos, tsunamis, enfim, tudo que tem certa sequência, que gera dúvida e causa indignação de falsos moralistas. A propósito, autores de novelas devem estar em pânico, afinal, jornalistas hoje são muito bem treinados para fazer de notícias grandes novelas da humanidade, “dignas” do prêmio “Melhores do Ano”, no Domingão do Faustão.
É assim que estamos sendo tratados hoje, como telespectadores de novela. Se não for novela, não tem a mínima graça, se não tiver sequência, deixe a notícia de lado que não atraiu e não traz audiências. E você, de que novela gosta? A das 18h, a das 19h, a das 21h? Ou prefere as dos intervalos, nos programas de Jornalismo? Quem sabe você desliga sua TV nos momentos destas novelas, porque quer se informar a sua maneira, sem ter que torcer por personagem A, ou B e deixa pra religá-la na hora do BBB. Melhor não, né? Está difícil fugir desse controle midiático de hoje, então, vamos lá, ser atores da vida real, comandados por autores das mais variadas áreas, mas que fazem, de todos nós, noveleiros dos mais fanáticos!
terça-feira, março 23, 2010
Muita lata para pouco níquel
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Em 2008, um catador de latinhas de alumínio, precisava juntar 70 unidades para arrecadar algo em torno de R$ 4. Hoje, com 90 latas, ele não lucrará mais do que R$ 2.
À desvalorização do material por eles recolhidos, soma-se a concorrência dos moradores de rua, dos proprietários dos estabelecimentos que guardam as latas para obterem um lucro – embora pequeno – extra.
Outro ponto culminante é o fato de que as fabricantes das latas de alumínio reduziram o peso do material diminuindo a espessura da lâmina de alumínio para aumentar a produção.
Alguns catadores chegam a andar 21 quilômetros por dia e conseguem voltar para a casa com apenas R$ 20 no bolso. Um saco cheio de latinhas pode render até R$ 3 e muitos deles preferem guardar para vender um volume maior.
Enquanto o material não perde ainda mais o valor de mercado e as latinhas representarem uma fonte de sobrevivência para muitas famílias, as ruas brasileiras seguirão livres do lixo produzido após grandes eventos em locais públicos.
Além do temor social que a desvalorização das latinhas de alumínio pode trazer, o caos ambiental e higiênico nas grandes cidades também pode se tornar lastimável.
Seguindo a queda apresentada nos primeiros parágrafos, em dois anos poucos se aventurarão neste árduo ofício.
_____
Com dados do Diário Gaúcho de 09/03/2010
Em 2008, um catador de latinhas de alumínio, precisava juntar 70 unidades para arrecadar algo em torno de R$ 4. Hoje, com 90 latas, ele não lucrará mais do que R$ 2.
À desvalorização do material por eles recolhidos, soma-se a concorrência dos moradores de rua, dos proprietários dos estabelecimentos que guardam as latas para obterem um lucro – embora pequeno – extra.
Outro ponto culminante é o fato de que as fabricantes das latas de alumínio reduziram o peso do material diminuindo a espessura da lâmina de alumínio para aumentar a produção.
Alguns catadores chegam a andar 21 quilômetros por dia e conseguem voltar para a casa com apenas R$ 20 no bolso. Um saco cheio de latinhas pode render até R$ 3 e muitos deles preferem guardar para vender um volume maior.
Enquanto o material não perde ainda mais o valor de mercado e as latinhas representarem uma fonte de sobrevivência para muitas famílias, as ruas brasileiras seguirão livres do lixo produzido após grandes eventos em locais públicos.
Além do temor social que a desvalorização das latinhas de alumínio pode trazer, o caos ambiental e higiênico nas grandes cidades também pode se tornar lastimável.
Seguindo a queda apresentada nos primeiros parágrafos, em dois anos poucos se aventurarão neste árduo ofício.
_____
Com dados do Diário Gaúcho de 09/03/2010
quinta-feira, março 18, 2010
Vi um sinal do fim do verão
*Emanuelle Querino | www.twitter.com/manuquerino
Vi um sinal do fim do verão. As jaboticabas caídas na ciclovia. Nem sei se realmente jaboticabas são. Pequenas frutinhas roxas pisadas, com marcas de pés e pneus de bicicletas. E de repente, do púrpura que cobria o chão, surge uma pequena borboleta laranja que voa para o verde da grama no canteiro. E as pessoas passando para lá e para cá, pisoteando-as cada vez mais, sem se importar com alimento no chão. Reclamando que vão manchar-lhes os sapatos.
Fiquei feliz em ver que mesmo às margens de um rio poluído nascem vidas nas grandes árvores que restaram depois de tantas podas. Fiquei triste, em ver, mais à frente, o contraste. Do chão tingido para o chão batido, sofrido, coberto de papeis e roupas de moradores de rua, de baixo da ponte.
O verde mistura-se ao branco, ao azul, ao vermelho das camisetas e bermudas penduradas em um varal improvisado. Pessoas pisoteadas pelas outras que passam por cima da ponte, indiferentes, sem se importar com o irmão no chão. Reclamando que ainda vão roubar-lhes os sapatos.
Quanto mais caminho pela cidade e me misturo aos anônimos, mais anônima fico. Sinto nos olhares que cruzam com o meu a curiosidade de saber quem é ele é: o que faz, de onde vem, para onde vai? O que pensa quando olha para mim querendo saber quem se esconde atrás dos óculos escuros que uso. Querem saber quem sou ou quem estou?
Quem sou, não sei. Mas hoje estou tocada pelas jaboticabas, que nem sei se jaboticabas são, pisoteadas na ciclovia.
Vi um sinal do fim do verão. As jaboticabas caídas na ciclovia. Nem sei se realmente jaboticabas são. Pequenas frutinhas roxas pisadas, com marcas de pés e pneus de bicicletas. E de repente, do púrpura que cobria o chão, surge uma pequena borboleta laranja que voa para o verde da grama no canteiro. E as pessoas passando para lá e para cá, pisoteando-as cada vez mais, sem se importar com alimento no chão. Reclamando que vão manchar-lhes os sapatos.
Fiquei feliz em ver que mesmo às margens de um rio poluído nascem vidas nas grandes árvores que restaram depois de tantas podas. Fiquei triste, em ver, mais à frente, o contraste. Do chão tingido para o chão batido, sofrido, coberto de papeis e roupas de moradores de rua, de baixo da ponte.
O verde mistura-se ao branco, ao azul, ao vermelho das camisetas e bermudas penduradas em um varal improvisado. Pessoas pisoteadas pelas outras que passam por cima da ponte, indiferentes, sem se importar com o irmão no chão. Reclamando que ainda vão roubar-lhes os sapatos.
Quanto mais caminho pela cidade e me misturo aos anônimos, mais anônima fico. Sinto nos olhares que cruzam com o meu a curiosidade de saber quem é ele é: o que faz, de onde vem, para onde vai? O que pensa quando olha para mim querendo saber quem se esconde atrás dos óculos escuros que uso. Querem saber quem sou ou quem estou?
Quem sou, não sei. Mas hoje estou tocada pelas jaboticabas, que nem sei se jaboticabas são, pisoteadas na ciclovia.
quinta-feira, março 04, 2010
Para matar o tempo
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Certamente este ano, assim como os últimos, passara rápido demais para a nossa superficial compreensão. E não é porque em 2010 teremos Copa do Mundo e Eleições, mas é porque só ficamos sem fazer nada quando estamos dormindo.
Os apetrechos tecnológicos fazem parte de um arsenal que nos serve ao bel prazer de ver o tempo passar mais depressa do que a natureza deveria conceber.
Não faz muito tempo, a TV “fechava” pouco depois da meia-noite. Hoje, os canais por assinatura estão aí com transmissões específicas 24 horas por dia, com conteúdo, muitas vezes, ao vivo e atulizado frequentemente.
As redes sociais virtuais permitem que tomemos conhecimento de notícias das mais relevantes às mais tolas e individuais.
Mesmo os aparelhos celulares nos são úteis nos momentos de espera, com acesso a internet ou como plataforma para joguinhos.
Definitivamente poucos se dão ao exercício da contemplação. Por vezes sinto inveja de um cachorro, quando o vejo deitado à sombra de uma árvore, vendo a vida passar para ele, como passou para seus ancestrais: minuto após minuto, com calma, tudo à seu tempo.
Nossa ansiedade de consumo nos encaminha para um futuro de cada vez menos reflexão. Isso porque, refletir requer tempo ocioso e paciência.
Aposto que você já ouviu – ou já falou – que já estamos em março e este ano já está “voando”. E a cada dia essa sensação aumenta. É possível, porém, que no tempo de nossos avós ou até mesmo no de nossos pais, os dias, as semanas, os meses e os anos parecessem mais longos. E por que?
Porque existia a contemplação. Existia a conversa. As casas, por exemplo, possuiam muitos sofás e poltronas, além de enormes sacadas. Sem energia elétrica, aparelho televisor e demais avanços que hoje são corriqueiros, o tempo escorria num fio fino. Hoje, o tempo avança em corredeiras, indomado.
Desde os primeiros momentos da manhã até a hora de dormir, estamos em alguma atividade. Tomamos café recebendo informação, almoçamos recebendo informação, dirigimos da mesma forma. E quando não temos o que fazer, procuramos algo para “matar” o tempo.
Se isto é bom ou ruim, só o tempo, com toda sua pressa atual, dirá.
Certamente este ano, assim como os últimos, passara rápido demais para a nossa superficial compreensão. E não é porque em 2010 teremos Copa do Mundo e Eleições, mas é porque só ficamos sem fazer nada quando estamos dormindo.
Os apetrechos tecnológicos fazem parte de um arsenal que nos serve ao bel prazer de ver o tempo passar mais depressa do que a natureza deveria conceber.
Não faz muito tempo, a TV “fechava” pouco depois da meia-noite. Hoje, os canais por assinatura estão aí com transmissões específicas 24 horas por dia, com conteúdo, muitas vezes, ao vivo e atulizado frequentemente.
As redes sociais virtuais permitem que tomemos conhecimento de notícias das mais relevantes às mais tolas e individuais.
Mesmo os aparelhos celulares nos são úteis nos momentos de espera, com acesso a internet ou como plataforma para joguinhos.
Definitivamente poucos se dão ao exercício da contemplação. Por vezes sinto inveja de um cachorro, quando o vejo deitado à sombra de uma árvore, vendo a vida passar para ele, como passou para seus ancestrais: minuto após minuto, com calma, tudo à seu tempo.
Nossa ansiedade de consumo nos encaminha para um futuro de cada vez menos reflexão. Isso porque, refletir requer tempo ocioso e paciência.
Aposto que você já ouviu – ou já falou – que já estamos em março e este ano já está “voando”. E a cada dia essa sensação aumenta. É possível, porém, que no tempo de nossos avós ou até mesmo no de nossos pais, os dias, as semanas, os meses e os anos parecessem mais longos. E por que?
Porque existia a contemplação. Existia a conversa. As casas, por exemplo, possuiam muitos sofás e poltronas, além de enormes sacadas. Sem energia elétrica, aparelho televisor e demais avanços que hoje são corriqueiros, o tempo escorria num fio fino. Hoje, o tempo avança em corredeiras, indomado.
Desde os primeiros momentos da manhã até a hora de dormir, estamos em alguma atividade. Tomamos café recebendo informação, almoçamos recebendo informação, dirigimos da mesma forma. E quando não temos o que fazer, procuramos algo para “matar” o tempo.
Se isto é bom ou ruim, só o tempo, com toda sua pressa atual, dirá.
Assinar:
Postagens (Atom)