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Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


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sábado, outubro 02, 2010

"Brasílha"

Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Se mortas fossem (toc, toc, toc), minhas professoras de geografia dos tempos em que meu habitat era o fundão da sala de aula, entortariam os esqueletos em seus jazigos perpétuos com a bobagem que direi agora:

— Uma ilha não é somente um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Uma ilha pode ser também um pedaço de terra cercado de terra por todos os lados.

E não vamos nós, zarparmos rumo ao estrangeiro, em busca de paisagens inóspitas para recriarmos absurda afirmação. No Planalto Central, temos um belo exemplar de uma ilha cercada de terra por todos os lados: Brasília.

A ditadura dos anos 60, 70 e início dos 80 talvez não durasse tanto, ou, quiçá, o malfadado golpe de "primeiro de abril" de 1964 tivesse fracassado logo após o primeiro choro provocado pelo tapinha do “obstetra” em sua região glútea.



E de lá para cá, quantos presidentes (sejam eles azuis, vermelhos ou verdes) já não se safaram de problemas semelhantes como o que aconteceu agora no Equador e há algum tempo na Venezuela e outros vizinhos latinos, desde que Juscelino Kubitschek resolveu empreender firma ao projeto de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília?

Isolaram os donos do poder em sua redoma distante dos desaforos da turba ignara. Que efeitos reais contra os tiranos fardados de verde-oliva aqueles corre-corre nos centros de São Paulo e do Rio provocavam nos generais entrincheirados no Distrito Federal, separados por uma trincheira de tanques, censores e um enorme deserto no papel da “terra de ninguém”?

E não havia – como não há – baioneta de milico ou flores de românticos, que superassem tamanha distância entre a trincheira do oprimido e a do manda-chuva com seus tentáculos de ventríloquo.

Em nosso período de infante democracia, os deuses só descem aos reles mortais de quatro em quatro anos. Depois, enclausuram-se nos camarotes das arenas para deliciarem-se com o circo pegando fogo.

Ou o Brasil realmente vê à frente a promessa de expansão rumo ao Oeste desde os tempos da construção da “ilha”, ou continuaremos dependendo da frágil revolta de quem é sustentado justamente por este poder que nos expia de longe, muito longe...

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Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
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