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Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


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sexta-feira, outubro 22, 2010

Passarinho chamuscado

Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes

Os últimos dias têm sido tensos no Twitter.

A animosidade é o tom predominante nos 140 caracteres. Ontem (21/10/10), bastou acabar o Jornal Nacional e vi um verdadeiro incêndio na minha timeline. Era gente comentando o que eu evitara comentar, outros respondendo, repreendendo, se achando provocados. Uma guerra verbal, literalmente. O caos estava instalado…

E pensar que a eleição, antes da Copa da África do Sul, prometia ser a eleição da Internet. Uso inteligente das redes sociais, dos sites. Mas têm faltado propostas e sobrado ira.

Se tudo continuar (e irá continuar) como está até o dia 31, o passarinho do Twitter irá voar chamuscado.

É o segundo turno da eleição presidencial de um País chamado Brasil.

terça-feira, outubro 05, 2010

Filhos da mãe gentil

Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

Na escolha entre o que é ruim e o que pode ser ainda pior, levados às zonas pelas orelhas, obrigados a entrar no jogo – pela mãe gentil que insiste a tratar o povo como “filho” incapaz de tomar decisões sozinho – muitos protestam e votam em qualquer um. Como se pusessem o Íbis – “o pior time do Brasil” – no campeonato mais importante.

— Só pra ver no que vai dar.

No que vai dar todos sabem, mas parecem não se importar. Como o filho que apronta apenas pra ver a mãe irritada, sabendo que logo farão as pazes.

Além do filho “revoltado”, há também o fanático, que nas madrugadas, sai a sujar as ruas com pedaços de papel marcados com a cara e o número de seus novos ídolos. Boa parte deles, ídolos de aluguel, cínicos que adotaram a política como profissão e veem o cargo público como um jeito fácil de ganhar dinheiro – e pra isso não se importam em jogar umas migalhas para os seguidores.

Outra parte dos votáveis é formada por ingênuos candidatos, tão apaixonados quanto os que os seguem, crentes de que o partido realmente aposta neles. Os foguetórios e as carreatas após a apuração das urnas mostram como ambos os lados tratam as eleições com paixão – como se os partidos fossem times de futebol e os eleitos seus campeões. O circo está armado.

Talvez seja a hora dessa mãe ceder um pouco, dar um pouco mais de liberdade a certas vontades – sem deixar virar uma bagunça (ainda maior) –, dialogar mais em vez de bater e mandar ter aquela conversa com os tios que fazem justiça com a lei dos outros.

São poucos os que ainda pensam na coletividade e atuam por querer algo melhor, pra realmente mudar. Aliás, é pelos filhos da mãe gentil, egoístas, que sempre sobram vagas para aqueles outros. Quatro anos pra que “talvez” fique tudo bem é tempo demais.

sábado, outubro 02, 2010

"Brasílha"

Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Se mortas fossem (toc, toc, toc), minhas professoras de geografia dos tempos em que meu habitat era o fundão da sala de aula, entortariam os esqueletos em seus jazigos perpétuos com a bobagem que direi agora:

— Uma ilha não é somente um pedaço de terra cercado de água por todos os lados. Uma ilha pode ser também um pedaço de terra cercado de terra por todos os lados.

E não vamos nós, zarparmos rumo ao estrangeiro, em busca de paisagens inóspitas para recriarmos absurda afirmação. No Planalto Central, temos um belo exemplar de uma ilha cercada de terra por todos os lados: Brasília.

A ditadura dos anos 60, 70 e início dos 80 talvez não durasse tanto, ou, quiçá, o malfadado golpe de "primeiro de abril" de 1964 tivesse fracassado logo após o primeiro choro provocado pelo tapinha do “obstetra” em sua região glútea.



E de lá para cá, quantos presidentes (sejam eles azuis, vermelhos ou verdes) já não se safaram de problemas semelhantes como o que aconteceu agora no Equador e há algum tempo na Venezuela e outros vizinhos latinos, desde que Juscelino Kubitschek resolveu empreender firma ao projeto de transferir a capital federal do Rio de Janeiro para Brasília?

Isolaram os donos do poder em sua redoma distante dos desaforos da turba ignara. Que efeitos reais contra os tiranos fardados de verde-oliva aqueles corre-corre nos centros de São Paulo e do Rio provocavam nos generais entrincheirados no Distrito Federal, separados por uma trincheira de tanques, censores e um enorme deserto no papel da “terra de ninguém”?

E não havia – como não há – baioneta de milico ou flores de românticos, que superassem tamanha distância entre a trincheira do oprimido e a do manda-chuva com seus tentáculos de ventríloquo.

Em nosso período de infante democracia, os deuses só descem aos reles mortais de quatro em quatro anos. Depois, enclausuram-se nos camarotes das arenas para deliciarem-se com o circo pegando fogo.

Ou o Brasil realmente vê à frente a promessa de expansão rumo ao Oeste desde os tempos da construção da “ilha”, ou continuaremos dependendo da frágil revolta de quem é sustentado justamente por este poder que nos expia de longe, muito longe...
 

CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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