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Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


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sexta-feira, março 26, 2010

Não mexa com ela

*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso

Explosiva, infiel, amante, amada, amiga, justiceira. Esses são apenas alguns dos adjetivos que podem ser dirigidos à personagem de Edie Falco (ex-Sopranos) em Nurse Jackie. A série estreou sua segunda temporada nos Estados Unidos na última segunda-feira, dando sequência a uma bombástica season finale. Confesso, mais uma vez, sou muito fácil de agradar e Nurse Jackie me agrada bastante.

O enredo de Nurse Jackie mistura drama e comédia, com uma personagem que tenta fazer o que é certo, mas nem sempre consegue ou o faz da maneira certa. Por exemplo, em um dos episódios uma mulher chega esfaqueada e com a orelha de seu agressor na mão, o homem, bastante rico e influente, vai ao hospital para recolocar sua orelha, mas enquanto conversa com Jackie fala que a companheira gosta mesmo de ser agredida e que mereceu o que teve. Jackie não pensou duas vezes, saiu da sala, jogou a orelha no vaso sanitário e deu descarga.

A enfermeira tem certa semelhança com o médico mais querido do mundo das séries, House, uma vez que Jackie trabalha em um hospital, é viciada em medicamentos prescritos, sarcástica e de gênio forte. Mas creio que as semelhanças ficam por aí. Jackie é hilária, apesar de imoral, na minha opinião. Ela vive duas vidas completamente diferentes e não se abala com isso até o fim da primeira temporada. A única que sabe tudo sobre a jornada dupla da enfermeira é sua amiga, Dra. O’ Hara, vivida pela atriz Eve Best. No horário de trabalho Jackie tem um caso com Edie, responsável pela farmácia do hospital, ele é o “anjo” que fornece os remédios para suas dores e, mesmo sem saber, alimenta seus vícios. Fora do hospital Jackie usa uma aliança dourada na mão esquerda, é muito bem casada e mãe de duas lindas meninas. Em entrevista por telefone a jornalistas da América Latina, a atriz que interpreta a enfermeira define sua personagem como uma super-heroína falha. Alguém com muitas coisas instáveis, mas uma boa pessoa acima de tudo.

Outra confissão, o motivo que me fez assistir a série foi a presença do papai Cullen da série Crepúsculo, Peter Facinelli, que faz um excelente trabalho aqui. Cada personagem do enredo tem seu lado cômico, Dr. Cooper ou Cop, como prefere ser chamado, tem um tique nervoso que o faz tocar em lugares íntimos das mulheres quando fica nervoso e, além disso, tem duas mães, é tão egocêntrico que muitas vezes nem nota suas falhas. A estagiária Zoey, chamada por alguns de Ângela, questiona sua decisão pela enfermagem ao presenciar certas cenas no hospital, como uma enfermeira levando um tapa de um paciente. Mo-Mo, o enfermeiro que me cativou logo de cara, é gay, realmente brilhante e infelizmente está fora da segunda temporada. O’ Hara está sempre vestida impecavelmente e fica histérica com crianças, principalmente aquelas que danificam suas meias de U$ 80. Confusões, segredos e erros unem estes personagens que dão vida a esta série médica sensacional.

quinta-feira, março 25, 2010

Qual novela você prefere?

*Fabrício Espíndola | www.twitter.com/xompi

Ao ver esse título, muitos intelectuais já nem lerão o que estará escrito abaixo, afinal, diriam estes: “o que eu quero saber de novela? Não assisto, não gosto, tenho vergonha de dizer o nome de um personagem, ou alguma trama que esteja em exibição hoje, então não lerei isso.”

Mas quem ler tudo, até o fim, entenderá que quero dizer. Vamos à contextualização:

Qual assunto está mais em evidência hoje na editoria (isso pra usar termo jornalístico) de polícia? Caso Isabella Nardoni, não? Por quê?

Como em uma novela, o caso da menina assassinada no início de 2008, brutalmente, pelo pai e pela madrasta está constantemente na TV. Tem um vilão, ou melhor, dois. Tem a mocinha, Ana Carolina, mãe da menina, e tem, claro, a personagem que todo mundo se apaixonou após morta, ao ver relatos de como era dócil, meiga e feliz com sua mãe.

Repórteres e telejornais fizeram o que faria um Manoel Carlos da vida (com a diferença que teria uma Helena junto), elegeram logo os vilões, sem a imparcialidade que pedia a faculdade. Também, em um caso destes, com tantas evidências, tem como ser imparcial?

Assim, o público começou a assistir o Jornal Nacional, com a mesma intensidade que assiste ao programa que vem antes, ou o a seguir, ou o das 14h, ou então o das 18h. Hoje, o julgamento faz o caso voltar à tona, após um esquecimento, claro, nenhuma novela dura para sempre, mas sempre tem seu Vale a Pena Ver de Novo. E todos estão atraídos, até intelectuais que, dessa novela, não têm vergonha ao admitir que assistem.

E na editoria de política? Opa, caso Arruda. Aliás, o ex-governador do Distrito Federal, ex-DEM, ainda DEMO, deve estar agradecido à família Nardoni, que tirou o foco de sua cassação e sua prisão. Pois é, mais um vilão, alguns heróis, daqueles de filme americano que faz justiça num país que quase não tem isso e lá se vão comentários do tipo “quem matou Odete Roitman?” ao questionarem quando ele ganharia soltura? Ainda não ganhou, mas a novela virou uma daqueles com robô falante, em segundo plano, sem muita atenção dos telespectadores, afinal, tem os Nardonis nas oito.

No esporte também tem novela, mas essa um pouco mais masculina, discutida esporadicamente, talvez como um filme da Sessão da Tarde que é visto uma vez por mês, não assim como aqueeela novela. Mas o fim, só em maio, no dia da convocação pra Copa. Claro, estou falando do Ronaldinho Gaúcho e sua novela em que faz um casal que vive de amor e brigas com seu par romântico, o teimoso Dunga.

Poderia ficar aqui citando várias outras novelas, como os terremotos, tsunamis, enfim, tudo que tem certa sequência, que gera dúvida e causa indignação de falsos moralistas. A propósito, autores de novelas devem estar em pânico, afinal, jornalistas hoje são muito bem treinados para fazer de notícias grandes novelas da humanidade, “dignas” do prêmio “Melhores do Ano”, no Domingão do Faustão.

É assim que estamos sendo tratados hoje, como telespectadores de novela. Se não for novela, não tem a mínima graça, se não tiver sequência, deixe a notícia de lado que não atraiu e não traz audiências. E você, de que novela gosta? A das 18h, a das 19h, a das 21h? Ou prefere as dos intervalos, nos programas de Jornalismo? Quem sabe você desliga sua TV nos momentos destas novelas, porque quer se informar a sua maneira, sem ter que torcer por personagem A, ou B e deixa pra religá-la na hora do BBB. Melhor não, né? Está difícil fugir desse controle midiático de hoje, então, vamos lá, ser atores da vida real, comandados por autores das mais variadas áreas, mas que fazem, de todos nós, noveleiros dos mais fanáticos!

terça-feira, março 23, 2010

Muita lata para pouco níquel

*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Em 2008, um catador de latinhas de alumínio, precisava juntar 70 unidades para arrecadar algo em torno de R$ 4. Hoje, com 90 latas, ele não lucrará mais do que R$ 2.

À desvalorização do material por eles recolhidos, soma-se a concorrência dos moradores de rua, dos proprietários dos estabelecimentos que guardam as latas para obterem um lucro – embora pequeno – extra.

Outro ponto culminante é o fato de que as fabricantes das latas de alumínio reduziram o peso do material diminuindo a espessura da lâmina de alumínio para aumentar a produção.

Alguns catadores chegam a andar 21 quilômetros por dia e conseguem voltar para a casa com apenas R$ 20 no bolso. Um saco cheio de latinhas pode render até R$ 3 e muitos deles preferem guardar para vender um volume maior.

Enquanto o material não perde ainda mais o valor de mercado e as latinhas representarem uma fonte de sobrevivência para muitas famílias, as ruas brasileiras seguirão livres do lixo produzido após grandes eventos em locais públicos.

Além do temor social que a desvalorização das latinhas de alumínio pode trazer, o caos ambiental e higiênico nas grandes cidades também pode se tornar lastimável.

Seguindo a queda apresentada nos primeiros parágrafos, em dois anos poucos se aventurarão neste árduo ofício.

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Com dados do Diário Gaúcho de 09/03/2010

quinta-feira, março 18, 2010

Vi um sinal do fim do verão

*Emanuelle Querino | www.twitter.com/manuquerino

Vi um sinal do fim do verão. As jaboticabas caídas na ciclovia. Nem sei se realmente jaboticabas são. Pequenas frutinhas roxas pisadas, com marcas de pés e pneus de bicicletas. E de repente, do púrpura que cobria o chão, surge uma pequena borboleta laranja que voa para o verde da grama no canteiro. E as pessoas passando para lá e para cá, pisoteando-as cada vez mais, sem se importar com alimento no chão. Reclamando que vão manchar-lhes os sapatos.

Fiquei feliz em ver que mesmo às margens de um rio poluído nascem vidas nas grandes árvores que restaram depois de tantas podas. Fiquei triste, em ver, mais à frente, o contraste. Do chão tingido para o chão batido, sofrido, coberto de papeis e roupas de moradores de rua, de baixo da ponte.

O verde mistura-se ao branco, ao azul, ao vermelho das camisetas e bermudas penduradas em um varal improvisado. Pessoas pisoteadas pelas outras que passam por cima da ponte, indiferentes, sem se importar com o irmão no chão. Reclamando que ainda vão roubar-lhes os sapatos.

Quanto mais caminho pela cidade e me misturo aos anônimos, mais anônima fico. Sinto nos olhares que cruzam com o meu a curiosidade de saber quem é ele é: o que faz, de onde vem, para onde vai? O que pensa quando olha para mim querendo saber quem se esconde atrás dos óculos escuros que uso. Querem saber quem sou ou quem estou?

Quem sou, não sei. Mas hoje estou tocada pelas jaboticabas, que nem sei se jaboticabas são, pisoteadas na ciclovia.

quinta-feira, março 04, 2010

Para matar o tempo

*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Certamente este ano, assim como os últimos, passara rápido demais para a nossa superficial compreensão. E não é porque em 2010 teremos Copa do Mundo e Eleições, mas é porque só ficamos sem fazer nada quando estamos dormindo.

Os apetrechos tecnológicos fazem parte de um arsenal que nos serve ao bel prazer de ver o tempo passar mais depressa do que a natureza deveria conceber.

Não faz muito tempo, a TV “fechava” pouco depois da meia-noite. Hoje, os canais por assinatura estão aí com transmissões específicas 24 horas por dia, com conteúdo, muitas vezes, ao vivo e atulizado frequentemente.

As redes sociais virtuais permitem que tomemos conhecimento de notícias das mais relevantes às mais tolas e individuais.

Mesmo os aparelhos celulares nos são úteis nos momentos de espera, com acesso a internet ou como plataforma para joguinhos.

Definitivamente poucos se dão ao exercício da contemplação. Por vezes sinto inveja de um cachorro, quando o vejo deitado à sombra de uma árvore, vendo a vida passar para ele, como passou para seus ancestrais: minuto após minuto, com calma, tudo à seu tempo.

Nossa ansiedade de consumo nos encaminha para um futuro de cada vez menos reflexão. Isso porque, refletir requer tempo ocioso e paciência.

Aposto que você já ouviu – ou já falou – que já estamos em março e este ano já está “voando”. E a cada dia essa sensação aumenta. É possível, porém, que no tempo de nossos avós ou até mesmo no de nossos pais, os dias, as semanas, os meses e os anos parecessem mais longos. E por que?

Porque existia a contemplação. Existia a conversa. As casas, por exemplo, possuiam muitos sofás e poltronas, além de enormes sacadas. Sem energia elétrica, aparelho televisor e demais avanços que hoje são corriqueiros, o tempo escorria num fio fino. Hoje, o tempo avança em corredeiras, indomado.

Desde os primeiros momentos da manhã até a hora de dormir, estamos em alguma atividade. Tomamos café recebendo informação, almoçamos recebendo informação, dirigimos da mesma forma. E quando não temos o que fazer, procuramos algo para “matar” o tempo.

Se isto é bom ou ruim, só o tempo, com toda sua pressa atual, dirá.

"Hockey is Canada's Game"


Autor: Anderson Paes
Data: 28/02/2010
Final do Hockey nas Olímpiadas de Inverno de Vancouver 2010: Canadá 3 x 2 EUA

quarta-feira, março 03, 2010

Consciência coletiva ou algo do gênero

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

O mundo que conheci do lado de cá dos trópicos parece ter um espécie de consciência coletiva – apesar de que quase todos aqui são estrangeiros. Harmonia e coletividade. Coisas funcionando porque são bens comuns, bens de todos. Diferente de um certo egoísmo e indiferença ao sul do equador acerca de certas coisas públicas.

Não que aqui seja o nosso ideal de futuro, também existem erros, também há corrupção. Talvez políticos sejam iguais em todo o mundo – menos na Ásia, onde eles renunciam ou se matam quando são flagrados. Mas o povo é diferente – e alguns brasileiros também formam o povo daqui.

Então, os brasileiros, quando num lugar em ordem, entram na mesma freqüência e agem como aquela sociedade funciona? E por que não no Brasil? Há um jeitinho pra tudo!

Nossas leis que falham. Por que os brasileiros respeitam as leis em outros países? Por medo; porque elas funcionam. Não há respeito com o que rege o Brasil. Aliás, algo rege o Brasil?

Não tô buscando os defeitos do país onde nasci – e que às vezes até posso me orgulhar –, nem pretendo mostrar as qualidades daqui. Não busco a comparação. Busco alternativas para que possamos mudar nosso pedaço do mundo, nosso povo. É possível.

Um dia tento listar de que modo... por enquanto tenho mais perguntas que respostas.
 

CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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