*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Certamente este ano, assim como os últimos, passara rápido demais para a nossa superficial compreensão. E não é porque em 2010 teremos Copa do Mundo e Eleições, mas é porque só ficamos sem fazer nada quando estamos dormindo.
Os apetrechos tecnológicos fazem parte de um arsenal que nos serve ao bel prazer de ver o tempo passar mais depressa do que a natureza deveria conceber.
Não faz muito tempo, a TV “fechava” pouco depois da meia-noite. Hoje, os canais por assinatura estão aí com transmissões específicas 24 horas por dia, com conteúdo, muitas vezes, ao vivo e atulizado frequentemente.
As redes sociais virtuais permitem que tomemos conhecimento de notícias das mais relevantes às mais tolas e individuais.
Mesmo os aparelhos celulares nos são úteis nos momentos de espera, com acesso a internet ou como plataforma para joguinhos.
Definitivamente poucos se dão ao exercício da contemplação. Por vezes sinto inveja de um cachorro, quando o vejo deitado à sombra de uma árvore, vendo a vida passar para ele, como passou para seus ancestrais: minuto após minuto, com calma, tudo à seu tempo.
Nossa ansiedade de consumo nos encaminha para um futuro de cada vez menos reflexão. Isso porque, refletir requer tempo ocioso e paciência.
Aposto que você já ouviu – ou já falou – que já estamos em março e este ano já está “voando”. E a cada dia essa sensação aumenta. É possível, porém, que no tempo de nossos avós ou até mesmo no de nossos pais, os dias, as semanas, os meses e os anos parecessem mais longos. E por que?
Porque existia a contemplação. Existia a conversa. As casas, por exemplo, possuiam muitos sofás e poltronas, além de enormes sacadas. Sem energia elétrica, aparelho televisor e demais avanços que hoje são corriqueiros, o tempo escorria num fio fino. Hoje, o tempo avança em corredeiras, indomado.
Desde os primeiros momentos da manhã até a hora de dormir, estamos em alguma atividade. Tomamos café recebendo informação, almoçamos recebendo informação, dirigimos da mesma forma. E quando não temos o que fazer, procuramos algo para “matar” o tempo.
Se isto é bom ou ruim, só o tempo, com toda sua pressa atual, dirá.
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