Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Crise econômica, política e agora uma crise social. A República Argentina tem vivido uma constante mudança de humor nos últimos anos. Recentemente o Governo de Cristina Kirchner tem enfrentado críticas sobre a liberdade de imprensa e confrontou veículos de comunicação. Numa Argentina pós-crise econômica, com câmbio desvalorizado, os reclames surgem cada vez mais nas ruas.
Com grande parte da população na região de Buenos Aires, a pobreza e o desemprego aparecem nas praças e nos parques. Protestos constantes invadem o centro. Plaza de Mayo é o alvo da maioria deles. Alguns tornam-se acampamentos: “Mil dias conscientizando o povo de que há uma história que se segue negando”, diz uma das faixas em nome de herdeiros da guerra das Malvinas.
Protesto por trabalho e moradia, seguindo para a Plaza de Mayo. (Foto: Anderson Paes)
Mas foi com a decisão de retomar áreas invadidas por sem-terra que a crise social se agravou. Uma delas no Parque Indoamericano, dentro da Vila Soldati, reduto de imigrantes – a maioria bolivianos. A polícia então tentou cumprir a ordem de despejo no Parque, onde estavam cerca de 5.000 pessoas – conflito que deixou mortos e feridos. Para piorar ainda mais a situação, o chefe de governo da capital Mauricio Macri culpou a imigração ilegal pela desordem, com certo teor de xenofobia segundo a imprensa local.
Para o jornal Página 12, as palavras de Macri levaram ao conflito entre as vilas: os argentinos da Vila Lugano e os imigrantes da Soldati entraram em confronto – deixando mais feridos e promovendo mais atos de xenofobia. O jornal definiu como a “batalha entre pobres e ainda mais pobres”. As vilas são “equivalentes às favelas brasileiras”, diz o motorista Jorge Ramos.
A fala do mandatário portenho também fez com que a embaixadora da Bolívia na Argentina, Leonor Arauco, pedisse uma retratação pública do governante.
No fim da tarde de ontem (14) um acordo entre os governos de Buenos Aires e da Argentina era firmado para estabelecer regras para um processo de assentamento, financiado por ambos.
Outro problema
Lixo espalhado começa a tomar a frente de unidade do McDonald's. (Foto: Anderson Paes)
No centro da cidade o lixo faz parte do problema. Catadores de papel, alguns deles agora moradores de rua, reviram e espalham o lixo pela calçada em busca de recicláveis. A estudante catarinense Diulliany Rosa, que vive em Buenos Aires, conta que as praças também foram cercadas durante a noite, para impedir que os moradores de rua permaneçam por lá. “Agora eles estão na rua, literalmente, e as praças ficam fechadas à noite”, relata a brasileira.
quarta-feira, dezembro 15, 2010
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