O assunto mais comentado dos últimos quatro dias nas rodas de conversa, paradas de ônibus, elevadores em edifícios e botecos é a saída precoce da seleção brasileira do mundial de futebol da África do Sul. O fato só não é mais desolador porque nossos “hermanos” argentinos deixaram a competição no dia seguinte e de forma mais vergonhosa do que achávamos que a seleção canarinho tinha se despedido do continente africano. No entanto, se por um lado, agora podemos chacotear ainda mais dos fãs de Diego Maradona e torcedores rivais, por outro, eles têm motivos melhores ainda para rir de nós, brasileiros.
Abandonando a rivalidade no futebol, a verdade é que enquanto já erguemos cinco vezes a taça como os melhores no esporte, os argentinos já levaram também vários outros troféus em duas competições: o da qualidade de vida e da educação. O Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud) colocou nosso vizinho mais uma vez como líder na América Latina no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), nos dados mais recentes de 2007. Número que leva em conta números da longevidade, qualidade de vida e educação, posiciona a Argentina como a 38ª nação melhor desenvolvida e o Brasil como 70ª, separados por países como Costa Rica, Cuba e Malásia.
Na educação, em especial, temos 90% da população que sabe ler e escrever, mas do outro lado do Rio Uruguai, a taxa de alfabetização é de 97,6%. A diferença parece pouca, mas neste quesito eles ocupam a posição 53ª e nós a 95ª. Um abismo. Na saúde pública, ainda persistem problemas crônicos. No final de maio, em reportagem no ABC Domingo, mostrei a situação dos municípios de Araricá e Nova Hartz e que sequer possuem sistema de água tratada em pleno ano de 2010.
Resultado de tantas falhas, nossa nação segue sem faturar esta competição e ainda leva uma legítima goleada há mais de 30 anos, tempo em que estamos atrás, além da Argentina, de Chile e Uruguai. Isso sim é tão humilhante quanto perder de quatro gols de diferença para a Alemanha.
Em 2014 será nossa vez de sediar uma Copa do Mundo. Porto Alegre, Vale do Sinos e todo Rio Grande do Sul já se credenciou a uma das sedes do torneio no Brasil, no anseio de abrigar duas ou mais seleções de futebol. Mas se quisermos conquistar o hexacampeonato dentro das quatro linhas, fora dela, primeiramente, teremos que virar o jogo do desenvolvimento, num esforço tão descomunal quanto o que o time de Dunga deveria ter feito para reverter a derrota contra a Holanda. Caso contrário, teremos que assistir a mais um passeio dos argentinos.
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