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sexta-feira, dezembro 03, 2010

Guerra de festim

Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

A resposta do Estado para os ataques aos veículos no Rio de Janeiro foi tão rápida que é impossível para um cético de carteirinha não fincar um pé atrás. A expulsão dos bandidos da Vila Cruzeiro e a tomada pelas forças que englobaram as polícias, a Marinha e o Exército, pareceram tão fáceis e indolores, que tenho medo de ver todo essa maquilagem desmanchar junto com a água após as primeiras chuvas de março.

É estranho todo aquele arsenal que volta e meia era encontrado escondido dentro de algum barraco. A impressão que tínhamos era a de que os traficantes estavam preparados para enfrentar o Exército em uma guerra civil. E na hora H, o que fizeram os bandidos? Deram no pé deixando para trás sandálias Havaianas arrebentadas pelo caminho.

Fugiram sem o menor pudor e reação. Nem um tirinho sequer. Nem um lança granadas, nem uma bazuca contra um blindado daqueles da Marinha. Nada. Guerra estranha. Fajuta. De um mocinho poderoso demais e um bandido complacente em demasia.

Até a Rede Globo, anda num namorico diabético com o governo e a polícia que dá gosto de ver. Uma doçura só!

Se o vilão dessa história toda era tão malvado e estava armado até as arcadas dentárias como sempre nos mostravam, por que descer ao asfalto para colocar fogo em ônibus, carros e caminhões, depois é claro, de pedir a gentileza para passageiros e motoristas se retirarem das conduções?

O que queriam os bandidos com esse show incendiário gratuito? Lembrar Nero que não era. Para o Estado, foi a senha que faltava para justificar tamanha demonstração de força perante um mundo incrédulo quanto a nossa capacidade de sediar uma Copa e uma Olimpíadas.

Fica sem resposta ainda a facilidade da fuga da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Se a polícia não estava autorizada a mandar chumbo naquele momento, quando vai estar?
E o Estado vai ter culhões para manter uma paz superficial como esta fabricada às pressas no Rio? O Estado vai plantar agora no presente sementes para um futuro diferente deste que as gerações passadas nos deram?

Tudo isto, só o tempo dirá. Enquanto isto, sigo acreditando que boa parte do arsenal que a polícia alega que estavam em mãos dos traficantes, não passa de bravata para valorizar o trabalho e justificar a incompetência de tanto tempo levando pau e aceitando acordo obscuro por detrás dos panos.

Ah, e antes que o tempo nos dê as respostas, abra a sua cervejinha, ligue a TV e aguarde. Aposto que logo começa o jogo de vaidade entre os poderes envolvidos nesta guerra de festim para ver quem manda mais.

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Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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