Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
A resposta do Estado para os ataques aos veículos no Rio de Janeiro foi tão rápida que é impossível para um cético de carteirinha não fincar um pé atrás. A expulsão dos bandidos da Vila Cruzeiro e a tomada pelas forças que englobaram as polícias, a Marinha e o Exército, pareceram tão fáceis e indolores, que tenho medo de ver todo essa maquilagem desmanchar junto com a água após as primeiras chuvas de março.
É estranho todo aquele arsenal que volta e meia era encontrado escondido dentro de algum barraco. A impressão que tínhamos era a de que os traficantes estavam preparados para enfrentar o Exército em uma guerra civil. E na hora H, o que fizeram os bandidos? Deram no pé deixando para trás sandálias Havaianas arrebentadas pelo caminho.
Fugiram sem o menor pudor e reação. Nem um tirinho sequer. Nem um lança granadas, nem uma bazuca contra um blindado daqueles da Marinha. Nada. Guerra estranha. Fajuta. De um mocinho poderoso demais e um bandido complacente em demasia.
Até a Rede Globo, anda num namorico diabético com o governo e a polícia que dá gosto de ver. Uma doçura só!
Se o vilão dessa história toda era tão malvado e estava armado até as arcadas dentárias como sempre nos mostravam, por que descer ao asfalto para colocar fogo em ônibus, carros e caminhões, depois é claro, de pedir a gentileza para passageiros e motoristas se retirarem das conduções?
O que queriam os bandidos com esse show incendiário gratuito? Lembrar Nero que não era. Para o Estado, foi a senha que faltava para justificar tamanha demonstração de força perante um mundo incrédulo quanto a nossa capacidade de sediar uma Copa e uma Olimpíadas.
Fica sem resposta ainda a facilidade da fuga da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Se a polícia não estava autorizada a mandar chumbo naquele momento, quando vai estar?
E o Estado vai ter culhões para manter uma paz superficial como esta fabricada às pressas no Rio? O Estado vai plantar agora no presente sementes para um futuro diferente deste que as gerações passadas nos deram?
Tudo isto, só o tempo dirá. Enquanto isto, sigo acreditando que boa parte do arsenal que a polícia alega que estavam em mãos dos traficantes, não passa de bravata para valorizar o trabalho e justificar a incompetência de tanto tempo levando pau e aceitando acordo obscuro por detrás dos panos.
Ah, e antes que o tempo nos dê as respostas, abra a sua cervejinha, ligue a TV e aguarde. Aposto que logo começa o jogo de vaidade entre os poderes envolvidos nesta guerra de festim para ver quem manda mais.
0 comentários:
Postar um comentário