*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
Existem várias maneiras de se contemplar o Rio dos Sinos. Um rápido e corriqueiro passar de olhos sobre as pontes na BR-116 e BR-386, um livro de fotos do rio ou até mesmo um exótico passeio a bordo do barco Martim Pescador. São Leopoldo e Novo Hamburgo se desenvolveram com o Rio dos Sinos como referência. Foi por ele que chegaram os imigrantes alemães, que muitas famílias se alimentaram de peixes, lavaram roupas e se refrescaram durante os tórridos verões da região. No entanto, o desenvolvimento do Vale nos levou a se distanciar do Sinos e a cortar os laços de amizade que existiam desde os primórdios.
Separadas pelo Rio dos Sinos, juntas, as duas cidades são maiores que muitas capitais brasileiras, com cerca de 500 mil habitantes. As margens, amplas, foram engolidas pela selva de concreto e asfalto. Com isso, as enchentes que antigamente eram sinônimo de terra fértil para a agricultura, se tornaram entrave para a expansão urbana. Ergue-se, então, um muro e com ele, a separação quase que definitiva entre comunidade e rio.
Não se questiona a construção dos diques. Uma obra essencial, sem dúvida. Muitas vidas foram salvas diante dos alagamentos ocasionados pelo Rio dos Sinos.
No entanto, como num dever de gratidão por tudo o que possibilitou, a comunidade de Novo Hamburgo e, principalmente, São Leopoldo, precisa voltar o olhar para o rio. Reatar os laços de afeto.
Um dos programas preferidos de quem habita a Capital, nos finais de semana, é ver o pôr do sol no Guaíba. E você sabia que o pôr do sol, no Rio dos Sinos, em São Leopoldo, também propicia prazerosos finais de tarde?
Contudo, o aproveitamento do Sinos na área urbana esbarra em diversos fatores. Desde a poluição na água, causando mau cheiro, até a falta de segurança. Como fotografar e sorver um chimarrão no fim de tarde se há o risco de tomarem sua câmera de assalto?
Além do mais, é preciso criar uma infraestrutura de lazer: pistas de cooper, equipamentos de exercícios físicos, passarelas e decks, acessibilidade para portadores de deficiência, parque de brinquedos e quiosques, por exemplo. Entretanto, muito mais do que lazer, é uma maneira de reunir pessoas em torno de atividades saudáveis e que promovam a integração familiar. Ganha também a cidade, com revitalização de áreas degradadas e a população de baixa renda, que terá futuro com melhor infraestrutura urbana e de moradia. A economia será aditivada pelo dinheiro do turismo, com a criação deste novo cartão-postal.
A tarefa é árdua e requer dos administradores de ambas cidades atitude para colocá-la em prática. O primeiro passo pode começar pela despoluição do Rio dos Sinos.
Este artigo foi publicado jornal ABC Domingo (Novo Hamburgo, RS) em 8 de agosto de 2010 e está também em www.gabrielguedes.com.br
terça-feira, agosto 17, 2010
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