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Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


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domingo, dezembro 27, 2009

Balanço de final de ano

*Thiago Schwartz | www.twitter.com/perereco

Chegou o final de ano, e com ele todas as nossas expectativas voltam-se a 2010. Mas pode-se dizer que 2009 foi um ano muito bom para o Gelo em Marte.

Inicialmente, vou tentar fazer um balanço baseado em números:

Estamos no ar, oficialmente, desde 28/06 (data do primeiro post, coincidentemente meu aniversário, data que persegue o GEM furtivamente desde sua origem). Foram cerca de 150 posts, entre textos, fotos e entrevistas. Vocês acessaram este humilde site cerca de 50 mil vezes (embora o contador oficial registre um pouco menos, mas ele foi colocado quase dois meses depois da inauguração da página), o que dá algo em torno de 12.500 visitas por mês, 416 visitas por dia, 17 visitas por hora e pof.

Seremos sempre gratos àqueles que nos ajudaram em nosso crescimento: Aos colaboradores fiéis, que sempre nos mostram um lado diferente de algum assunto, sob o ponto de vista único daquele que sabe o que dizer; aos colaboradores menos assíduos, mas que tiveram seus nomes eternizados em nosso humilde rol; aos parceiros e divulgadores do site, seja através de Twitter, blogs, sites, boca a boca, enfim, a todos que leram nossa mensagem, acharam interessante e passaram adiante.

O que esperar para 2010? Não sei A mesma qualidade de sempre, com novos e antigos colaboradores, novos textos, novas fotos, novos eventos que ocorrerão no dia 28 de junho...

De minha parte, um ótimo final de ano para todos vocês, um 2010 com muitas promessas cumpridas, muitas outras quebradas, algumas esquecidas, como todo bom ano novo.

sábado, dezembro 26, 2009

Salva pela farofa

*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine

Acho que herdei uma maldição genética. Assim como minha mãe, empolgo-me com a propaganda que os outros fazem sobre determinada coisa e sempre me decepciono. É assim com filmes, músicas e comidas, etc. E foi quase exatamente assim com o dia posterior ao natal americano.

Cega pelos comentários sobre o absurdo que são as promoções pós-hollidays feitos pela minha host-mãe, convenci duas amigas (também au pairs e brasileiras) a nesse sábado (26) de manhãzinha deixarem o conforto e comodidade dos respectivos edredons para praticar o consumismo em uma temperatura de 6 graus negativos.

Fiz até as contas pra não gastar das minhas economias mais do que o suficiente para deixar na conta apenas o dinheiro para pagar as aulas de ESL (English as a Second Language) em janeiro, levando em consideração os salários que eu ainda iria receber, é claro.

Bobagem.

Devido a uma mistura do que acredito ser o contraste da minha pobreza com o poder aquisitivo do americano médio, não consegui gastar. Porque ao meu bolso quase tudo continuava incomprável. Pois aquilo que estava razoavelmente barato era dispensável e o que era absurdamente barato era medonhamente demodé.

Para não dizer que não comprei nada, achei em uma das tantas lojas que entramos, lá na arara que tinha a placa de 90% de desconto, duas blusinhas básicas de verão por pouco menos de 3 dólares cada.

O que não permitiu que meu final de ano consumista não se resumisse em frustração foi a decisão de contrarias as forças malígnas do GPS e irmos para a delicatessen de produtos brasileiros - que não estava em promoção.

Achei lindo pagar 2 dólares por um pacotinho de polenta instantânea que nem de marca boa é. Foi mágico ver Maguary de maracujá. Quase me belisquei quando encontrei a tão sonhada farofa temperada. E o feijão carioquinha, então!? Hmmm...

Minha host que me desculpe, mas só de lembrar o que tem ali na minha sacola de compras, não sinto nem vontade de ir até a cozinha buscar a caçarola de vagem que ela fez para a janta. E olha que eu costumo adorar aquela caçarola.

Será amor à primeira vista?

*Viviany Pfleger | vivianypfleger@yahoo.com.br

Londres, não quero me apaixonar por você. Colabore! Preciso querer voltar pro Brasil, e continuar meus planos por aqui.

Verei vitrines, moda, música, businesses, e palavras novas. Cinco semanas podem até parecer pouco tempo, mas este se torna gigante se eu pensar que é a primeira vez fora do Brasil, imersa num mundo frio, cinzento, e ao mesmo tempo cosmopolita em meio a muitos povos, marcas, sotaques e diversas programações a todo momento.

Apesar de todos falarem que Londres é o máximo, meu amigo bom humor precisará 'trabalhar' bastante durante estes dias. Será janeiro, inverno, e lá a noite dorme somente das 10h às 16h. Mal terei tempo de ver o sol, se é que ele vai decidir aparecer.

Adoradora de casacos e cachecóis não poderei reclamar de que realmente fui para o local ideal. Por outro lado, adoradora também de pés na areia durante um brilhante verão de Florianópolis, dói o coração ter de trocar um janeiro de sol por chuva, muito frio e talvez neve. Bem que podia ser primavera...

Bastante curiosa e com um olhar aguçado pra ver os modelos de negócios na cidade, não seria eu mesma se apenas visitasse tudo apenas com os olhos de estudante ou de turistas gastadores de dinheiro, pois quero comparações, quero ver novidades. Afinal, é de lá que surgem muitas das nossas referências aqui pro Brasil.

Sem mais adiar momentos, e histórias, e aprendizados, fevereiro já está próximo. Poderei retomar vários trabalhos, mas sei que por este instante precisava voar, ir em busca de aperfeiçoamento do meu inglês, pra então tentar coisas novas pra este 2010 que pelo próprio nome já sabemos que será 10.

Acho que Londres será um daqueles amores que a gente vive evitando... pra não se render aos seus verdadeiros encantos. Difícil vai ser admitir e querer revê-la, caso realmente venha pra ficar, e roubar meu coração.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Enquanto isso na América do Sul

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

A Argentina mais uma vez balançou, como nos últimos anos, econômica e politicamente. A Venezuela, Colômbia e Equador mantiveram suas confusões diplomáticas e trocaram acusações. O Chile, ao lado da Argentina, foi dos países que mais sofreu com a nova gripe. O Uruguai conquistou uma vaga na Copa e mudou de presidente. O Brasil você sabe, escândalos políticos, dinheiro escapando pelo ralo e a notícia da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.

Bem, vamos por partes:

Argentina: O governo de Cristina Kirchner continua com as pernas bambas. Tentaram até controlar a imprensa – não de forma discreta, como fazem nos outros países da região.

Bolívia: Evo Morales foi reeleito. Continuam plantando coca com subsídio do governo. Fato importante: ganharam da Argentina por 6 a 1.

Brasil: Internamente o Brasil repetiu um evento comum há 500 anos, a corrupção. Fora das fronteiras nos vimos envolvidos num golpe de estado hondurenho com ocupação, acredite, da embaixada brasileira – que dura até hoje. Também planejamos comprar aviões de combate – mas pelo visto nada prioritário, nenhuma compra até então.

Chile: O país sofreu um tanto com a gripe A – os números foram altos por lá. O Chile encerra o ano pensando no segundo turno das eleições presidenciais que, ao que parece, pode devolver o poder à direita – aquela do Pinochet.

Colômbia: Falam mal da Venezuela e Chávez, mas pensam em aceitar um terceiro mandato para o mesmo presidente. Continuam em um tipo de crise diplomática com os vizinhos Equador e Venezuela. Fecharam um acordo com os Estados Unidos – o que criou suspeita da parte de todos os demais vizinhos.

Equador: Apesar da crise com a Colômbia e do apoio ao estilo Chávez o país continua num “silêncio” internacional – pelo menos aqui. Ah, houve aquele caso dos brasileiros da Odebrecht que levaram a culpa por uma obra que, segundo eles, não funcionou como deveria.

Paraguai: Ah o Paraguai! O presidente deles, um ex-bispo, parece saído de um jogo de xadrez: come todo mundo. Já tem alguns filhos. E conseguiram uma ajudinha do Lula quanto ao preço praticado em Itaipu.

Peru: É nas águas peruanas que acontece o El Niño. Culpa do calor por aqui, das chuvas, da seca, etc. Um novo projeto de rodovia ligará o Brasil ao Pacífico através do Peru – ou não.

Uruguai: Um novo presidente assumiu e recusou a residência oficial, vai ficar no seu sítio – menos gasto público, bom exemplo. O país também conquistou uma vaga no Copa do Mundo.

Venezuela: Hum, por lá tudo que acontece de ruim “é culpa dos Estados Unidos”. Compraram umas armas de guerra, da Rússia.

E a Guiana, Suriname? Continuam “desconhecidos” para a maioria dos brasileiros – talvez por participarem do futebol caribenho. A Guiana Francesa... bom, é da França – que quer vender aviões para o Brasil – e vários brasileiros da Amazônia vão pra lá tentar a vida em euros. Rendeu até um Globo Repórter – ou isso foi em 2008? Melhor parar por aqui.

E no último ano da década metade do que foi descrito acima deverá se repetir no continente. No Brasil, até fevereiro vai se falar do carnaval e a partir de março o assunto será Copa do Mundo. Ah tem eleições! Como um jornal disse dia desses: Panetonem et circenses. Até lá!

terça-feira, dezembro 22, 2009

Clássico de Natal

*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine

Enquanto eu cuidava dos meninos na sala, a minha host me chamou da cozinha. A propósito, eu trabalho como au pair em Chicago.

— Camila?!
— Yes?
— Do you guys have some kind of Christmas songs in Brazil?
— Sure. Most of them are translations or versions of the American ones.
— Really? Which ones?
Silent Night, Jingle Bells...
— Oh! Can you sing Jingle Bells for me?
— Oh, well... [putz grila, e agora? Bom, que se lasque, ela não sabe Português mesmo e eu não lembro a versão bonitinha] Jingle bells, jingle bells, acabou o papel. Não faz mal, não faz mal, limpa com jornal... [que ridícula que eu sou, quero morrer!]
— Hahaha nice. Can you teach Jake?
— Sure! [Foi ela quem pediu, né?!]

Tecla SAP:

— Camila?!
— Sim?
— Vocês têm algum tipo de música natalina no Brasil?
— Claro. A maioria delas são traduções ou versões das músicas americanas.
— Sério? Quais delas?
Noite Feliz, Jingle Bells...
— Ah! Você poderia cantar Jingle Bells para mim?
— Bom, hãã... [putz grila, e agora? Bom, que se lasque, ela não sabe Português mesmo e eu não lembro a versão bonitinha] Jingle bells, jingle bells, acabou o papel. Não faz mal, não faz mal, limpa com jornal... [que ridícula que eu sou, quero morrer!]
— Hahaha legal. Você pode ensinar o Jake?
— Claro! [Foi ela quem pediu, né?!]

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Com fuso

*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine

Desde o começo de novembro, são quatro horas que me separam da minha vida real, lá no Brasil.

Todo dia que acordo para tomar água ou ir ao banheiro, lá pelas três da madrugada, penso: já são sete da manhã lá. Todo mundo deve estar acordando e eu ainda posso dormir mais quatro horas. Oba. Mas a parte boa do fuso para por aí.

Pois depois que o dia de trabalho começa, não consigo fazer outra coisa a não ser fitar meu relógio e lamentar, pois enquanto aqui ainda é meio dia e eu ainda tenho seis horas de trabalho pela frente, está todo mundo em clima de fim de expediente lá no Brasil.

Também é difícil manter amigos online, quando eu acordo na hora que eles estão indo almoçar ou se quando estou livre do trabalho muitos deles já foram dormir. E é triste ter apenas uma opção de horário decente para ligar para a família. E é deprimente que às cinco da tarde já esteja noite gelada aqui, enquanto no Brasil tem gente tomando banho de sol às sete.

Mas ganhando disparado no quesito chatice em relação a fuso-horário, vem o fator ano novo. Vou ter que ligar às oito da noite para dar feliz ano novo para todos lá de casa e esperar mais quatro para que esse ano de 2009 vá embora de uma vez. Com o agravante de que aqui ninguém dá a mínima para as viradas de ano. Só eu e outras amigas brazucas que estão na mesma que eu.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Mundo afora num clique

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

Vindo de Santo André, na grande São Paulo, Valter Ziantoni formou-se engenheiro florestal e nunca parou de registrar o que enquadrava com seus olhos. Desenhou florestas com luz – como na cena capturada em Sarajevo, capital da Bósnia –, e a diversidade brasileira da Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Suas imagens verdes também contrastam com um álbum preto e branco de algumas paragens do leste europeu e com ora amarelo, ora colorido do deserto e da savana africana.


Sarajevo – Bósnia e Herzegovina

Ziantoni também faz questão de mostrar a dura realidade da agressão humana aos animais, com algumas fotos sob o título “cry jungle”. Uma forma de alertar para a crueldade que por aí se espalha contra a vida.

Valter e eu estudamos juntos na especialização em Relações Internacionais, onde também conheci sua noiva e companheira de viagens: a também engenheira florestal Leticia Hermoso. Costumávamos participar do mesmo grupo nos trabalhos da pós-graduação e a bagagem cultural diversa rendia bons conteúdos e boas risadas. Valter se mostrou um personagem interessante, com um bom humor, que pode ser conhecido – em partes – na conversa que segue.

Anderson Paes: Sendo engenheiro florestal e ligado aos assuntos ambientais, acredita na fotografia como forma de preservação ambiental? Há o choque visual da realidade?
Valter Ziantoni:
A fotografia é o reflexo plano do real, capturar toda a beleza e diversidade de uma floresta em uma foto seria impossível, e mais impossível ainda seria capturar a dor e impotência diante de crimes ambientais. De qualquer modo a foto exerce um papel mais forte que a palavra, neste caso, a foto choca, a foto traz o real e o mostra, a foto convence e cria percepções até então desconhecidas, sendo uma ferramenta de mobilização fortíssima, pelo simples fato de ser real.

A foto eterniza o momento e o eterno se torna admirável, entretanto no âmbito jornalístico a foto é o veículo que leva a cena aos olhos, ela é uma pequena janela para o todo, o real que está acontecendo à volta, real esse que às vezes é esquecido enquanto a foto é lembrada. Pessoalmente eu penso que a foto deve perturbar, em um sentido positivo, mas tem que apresentar alguma inquietude, a foto deve ser viva. Uma foto é antes de qualquer coisa uma idéia e ao mesmo tempo uma frase não terminada.

AP: Dos novos cenários que encontra, o que tenta “tirar” deles?
VZ:
Na verdade eu não tiro, são eles que me dão... (risos). Fotografia é “olho” e técnica, em um novo cenário ou situação, você evoca todos os lugares parecidos em que já tenha estado, por técnica. Mas por “olho”, você busca algo de novo, de impacto, de beleza etérea, alguma coisa que está esperando para ser eternizada. As cores mostram a vida das coisas, o Preto e Branco mostra a alma. É uma questão de como ver o mundo. Creio que quando fotografo o que tento “tirar” de cada novo cenário é a forma como eu mesmo o vejo – o que meus olhos me mostram.
E lugares novos para mim são todos aqueles que eu já conhecia e que por algum motivo qualquer terminei por redescobri-los.


O próprio Valter e sua câmera. Foto: Simone Torrini

AP: Como foram os primeiros cliques, primeiras câmeras?
VZ:
Desde muito pequeno comecei a apaixonar-me por câmeras, posso dizer que começou com a câmera antes da foto – meio “o ovo e a galinha”. Meu tio avô tinha uma câmera muito antiga, alemã, um Rodenstock Prontoklapp, de fole, que eu costumava brincar, depois continuei fotografando, até que consegui dinheiro suficiente para comprar minha primeira Reflex usada. Desde aí, nunca deixei de ter uma câmera ao alcance do braço.

AP: Esse caso de “amor” com a fotografia já rendeu algumas premiações, trabalhos?
VZ:
O último concurso que ganhei foi no Congresso Florestal Mundial no mês de outubro deste ano, na Argentina; com uma foto que aconteceu quando estava trabalhando no norte do país, realizando o inventário de uma Floresta Nacional. Sempre que tenho a oportunidade tento participar de concursos. Além desse, já ganhei ou consegui menções em outros tantos lugares – Brasil, Itália, Espanha, etc. Tenho vários trabalhos publicados em revistas e participei de vários projetos fotográficos. Fui responsável fotográfico do livro “Itupava, o Caminho de Nossas Origens” no Paraná e fiz fotos para diversos catálogos e livros, também trabalhei como fotografo de corridas de aventura na Bulgária.

AP: E o destino? Aonde pretende chegar?
VZ:
Eu costumava fazer planos e pensar onde chegaria, mas agora me dedico ao máximo ao que faço sem esperar recompensas. Apenas deixo que a vida trabalhe um pouco. Eu fotografo porque sou apaixonado por isso e realmente sei fazer, então, posso dizer que as fotos fazem o caminho, assim só vou seguindo a qualquer lugar, desde que seja em frente!



Mais do trabalho de Valter Ziantoni pode ser visto em www.flickr.com/trotamundus

Nelson


Autor: Valter Ziantoni
Título: Nelson (Mandela)
Local: África do Sul

Dezembrofobia

*Thiago Schwartz | www.twitter.com/perereco

Dezembro está aí, e com ele alguns (incluindo este que vos fala) são acometidos de uma doença ainda não completamente desvendada pela ciência: a Dezembrofobia.

Fases da Dezembrofobia:

Estágio inicial – A ansiedade. Geralmente manifesta-se no dia 1º. A espera do último salário do ano é angustiante. Mas lá pelo dia 10 ele chega, geralmente acompanhado de um amiguinho conveniente, o 13º.

Segundo estágio – A dor. Lá está você, com 150% do seu salário em uma das mãos, e um bolo de contas na outra. Você tem dinheiro, um dinheiro considerável. Dava até pra fazer uma mala e sair da cidade, vivendo como um riponga por alguns meses. Mas você não vai fazer isso. Vai pagar as contas.

Terceiro estágio – A culpa. Contas pagas, alívio. Não. Por causa delas – as contas –, sua sobrinha ficará sem a boneca que arrota. Por causa delas você não poderá dar um Pinot Noir pro pessoal da coleta de lixo. Eles vão ter que se contentar com o garrafão de "coquetel de uva" (aquela cachaça misturada com Q-Suco) tradicional de todo ano.

Quarto estágio – A ira. Vem o amigo secreto da firma. E você sempre tira alguém de outro setor. Que você cumprimenta 2 vezes por ano (uma delas na festa de amigo secreto, a outra por volta de maio, no corredor). Pra agradar, você dá aquele presente legal pro seu amigão, gastando algo que não gastaria para comprar um presente para sua mãe. E ganha, em contra-partida, um vale-cd da loja localizada no ponto mais distante possível em relação a sua casa.

Quinto estágio – A dúvida. Sua mulher diz que quer um presente. Mas não diz qual. Quer que você adivinhe o presente. Que olhe para o presente e pense: "Nossa, como esse presente me faz lembrar o meu amor... Que momento sublime iremos ter juntos com esse presente. Como ver ela ganhando esse presente me faz feliz". Num shopping center lotado, dia 23. E sim, você vai errar na escolha. Mas com alguma sorte, essa será a última briga do ano.

Sexto estágio – A revolta. Aparecem os itens mágicos de Natal. Um exército de Chesters, Perus e Tenders invade as prateleiras frias do supermercado. E, de acordo com sua mulher, todos são indispensáveis na ceia de Natal, mesmo que o tal do Tender fique rolando na geladeira por uns 4 dias, e acabe sendo cortado em cubinhos e colocado no "Arroz de forno" do jantar do dia 31.

Estágio final – A aceitação. É dia 26: Todos os sobrinhos já ganharam presentes (e detestaram as bonecas que não arrotam), o cara da coleta de lixo olha você com cara feia e "esquece" de pegar seu lixo por duas semanas, o vale-cd sobre a mesinha da sala, sua mulher ainda não conversa com você, você come o último pão do saquinho, recheado com um pedaço gelado de Tender (e pão agora só ano que vem, Papai Noel levou o dinheiro do mês). Dezembro está oficialmente acabando. Contagem regressiva. Amanhã eu vou pra praia, vou tirar a camiseta, passar o protetor fator 60, botar o pezinho n'água, fingir que estou lendo um livro pra poder olhar a mulherada sem levar bronca da patroa...

Ligam do escritório: Balanço anual na mesa do chefe pro dia 31. À tarde.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Minha carta para o Papai Noel

*Emanuelle Querino | www.twitter.com/manuquerino

Querido Papai Noel,

acho que cresci. Mas mesmo assim tenho vontade de conversar com o Senhor. Essa, acredito, é minha primeira carta, conscientemente escrita, sabendo que não será para um concurso de cartas para o Papai Noel. Então peço que leia até o final porque em cada linha tem um pedacinho de mim e da minha história, além do(s) meu(s) pedido(s), é claro. Como fui uma boa moça, passei de ano na faculdade e respeitei meus coleguinhas, resolvi escrever.

Eu não lembro de acreditar no Sr., mas acreditava cegamente no Coelhinho da Páscoa (ele deixou um ovo de chocolate, daqueles com brinquedo, junto com o meu coelho de pelúcia rosa, como não acreditar?). Acho que minha mãe sempre me explicou que o verdadeiro sentido do Natal era o nascimento de Jesus e que o bom velhinho era bem novo, não tinha cabelos brancos e trabalhava como eletricista, numa indústria de cerâmica. Era casado com uma professora de primário de escola pública e eles tinham uma filha: eu.

Mas mesmo assim gostaria de conversar. Lembro de um Natal em que cada parente me deu alguma coisa da Barbie. Eu não ganhava sempre o que eu queria, mas sempre ficava muito feliz com o que ganhava. Parecia um sonho: camping, cristaleira, guarda roupas, trailer, banheiro/academia, piscina. Pra mim eu tinha tudo da Barbie. Eu estava tão feliz que a memória disso está viva até hoje.

Fui crescendo, aprendi que era feio não dizer obrigada ao ganhar um presente. Inconscientemente, criei o hábito de sempre dizer, com um sorriso (sincero, ok?) de orelha a orelha: “Obrigada! Eu estava precisando...” Eu falei isso tantas vezes durante meus 19 anos de vida, que quando minha madrinha me dá alguma coisa ela pergunta se eu estava precisando.

Minha infância

Nessa vida já ganhei Barbie noiva, que tinha um cabelo que não dava pra pentear por causa do glitter; Barbie ginasta, que não usava os sapatinhos de salto porque os pés eram chatos pra entrar no tênis; Barbie grávida (que tinha o cabelo verde); um Ken, apenas um, loiro de olhos azuis, por qual todas as anteriores eram apaixonadas.

A história, dá pra imaginar. Ken rejeita Barbie ginasta, porque ela não usa salto (acho que por isso não vivo sem meus saltos), para se casar com... Barbie noiva! E no casamento aparece a... Barbie grávida! Sim. Eu assistia novelas mexicanas. Mas esses detalhes são só para que o Sr. faça alguns ajustes nos detalhes desse tipo de brinquedo. Influenciou muito na minha vida e personalidade e imagino que na de milhões de crianças pelo mundo também.

Nunca tive uma Barbie morena como eu, mas sei que hoje elas já existem. Minha última foi a Top Model (do vestido curto que ficava comprido) e eu nunca tive jeito pra ser modelo. Sabe aquelas coisas de projeção que estudei em Psicologia da comunicação? Acho que foi mais ou menos isso.

Aproveito para reclamar sobre sua falta de comunicação com Deus. Isso mesmo. No ano em que ganhei uma piscina de 3 mil litros no Natal, “fico moçinha” um dia depois. Caramba! Não deu pra aproveitar nada até o fim daquela semana, incluindo meu aniversário, no dia 29. Podiam, ao menos, ter mandado algo seco. Porém, no ano passado, acertaram em cheio, analisaram meu momento e me deram uma filmadora, meu sonho de criança, que meu Papai Noel, hoje já grisalho, conseguiu trazer em suaves prestações.

Meu pedido

Esse ano eu podia pedir um namorado, uma bateria mais durável pra filmadora, uns quilos a menos, uma ideia de tema para os meus projetos de rádio, tv e jornal e pra monografia, além, é claro de paz para toda a humanidade e a saciedade da fome dos necessitados. Tudo muito nobre. Então, achei que podia juntar os pedidos “namorado” e “quilos a menos” em um palpável aparelho de ginástica 3 em 1, que ta passando aí na TV, com um ex jogador de vôlei de garoto propaganda.

Que fique bem esclarecido que não quero ficar loira que nem a Barbie, amo ser morena, mas uma enxugada ia bem. Ah, e esqueci de dizer que só não pedi livros de presente porque peguei 10 na biblioteca da faculdade, comprei dois (sim, saí do castigo de não poder comprar livros, no qual entrei depois de gastar muito com este item da cesta básica) e acho que vou ganhar aquele do William Bonner – de um parente aí – de Natal e aniversário. Dois em um. Uma beleza, quando vale a pena.

Chamei minha Mamãe Noel pra ver o preço do aparelho de ginástica e achamos que o Papai Noel não vai poder trazer esse, nem em suaves prestações. Então, acho que terei meu primeiro Natal como adulta. Pedi, com toda a sinceridade do meu coração, que simplesmente assumissem uma determinada conta em conjunto com a minha mãe, que fiz há pouco tempo.

Assim, não precisam se preocupar com um presente especial (apesar de eu já saber que minha mãe comprou “duas coisinhas” como diz ela) e eu tiro o peso da consciência de não poder dividir o peso das parcelas, pelo meu atual desemprego. Coisa de pobre? Pode até ser, mas nada do que eu disse ali em cima, que quero, eles podem me dar (especialmente o namorado).

Minha mãe veio com aquela história que não vai cobrar de mim, e blá, blá, blá. Meu pai já trouxe a opção de um aparelho de ginástica mais simples, mais barato e eu disse que tudo bem. Afinal, está tudo bem. Não tem nada material que vá encher meu coração de alegria, como quando vejo minha família reunida e feliz.

Se o Sr. pode me dar presentes imateriais, então eu peço saúde para ela. Que ninguém precise ser hospitalizado no próximo ano e não sofra nenhum acidente. Que diminua o número de remédios da mamãe e o número do colesterol do papai. Que vovó, mãe de papai, continue forte e que o vovô, que já foi pro céu há 45 anos continue cuidando de nós. E também para os avós, pai e mãe de mamãe, recebam essa saúde, porque eles precisam muito.

Se essa foi minha primeira carta, agora o Sr. me conhece. Fui uma criança feliz sem o seu mito e cresci com o sentido religioso do feriado mais lucrativo do ano. Mas se o Sr. estiver lendo essa cartinha (escolhi a Internet porque todo mundo usa e o Sr. também, né?) peço que desculpe minha descrença e que me atenda em ao menos um dos pedidos.

Fica a seu critério.

Com carinho,
Emanuelle Querino

P.S.: Também vou ficar feliz se o Sr. mandar o namorado...

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Filósofa de geladeira

*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine

Caminhar na neve é como pisar em grandes montes de polvilho.
Não pela cor, nem pela textura.
Mas pelo barulho que ela faz.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

"Siga aquele carro"


Autor: Anderson Paes
Data: Novembro, 2007
Local: Praia do Flamengo, Rio de Janeiro (RJ)
Site: www.andersonpaes.com

quarta-feira, dezembro 09, 2009

O Brasil aos olhos do mundo

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

O velho país do futuro, da obra do austríaco Stefan Zweig, parece estar deslanchando naquele mesmo estilo do livro: ao seu tempo. Apesar de alguns contra-tempos enfrentados na política externa – como o caso de Honduras e Haiti –, quando o assunto é o próprio Brasil num cenário global, um dos maiores mercados do mundo, a história muda. Jornais de vários países contam os feitos brasileiros e apostam suas fichas na "esperança em verde-amarelo".

O espanhol El País mostra frequentemente casos brasileiros, o papel do país diante de outros atores internacionais, a economia que tem se segurado bem e, claro, contos da floresta – e não só para inglês (ou espanhol) ver. O nome do Brasil, tem sido uma forte marca no exterior. Nesse “fim” de crise, o país tem aparecido também no britânico The Economist e no francês Le Monde.

E foi no mesmo Le Monde que o atual governo se viu prestigiado e a oposição contrariada. Naquela historia da “marolinha” sobre a tsunami da crise, o jornal francês concordou com Lula. Na mesma hora surgiram comentários de que o cliente sempre tem razão – sobre a compra brasileira de caças de combate do país de Napoleão.

Mas o Brasil está tão bem assim? Para o governo está ainda melhor. Lula fecha o ano com mais de 80% de aprovação popular e com uma arma contra a oposição. Tudo pronto para a corrida eleitoral que também estará nas capas dos jornais do mundo todo.

E para o povo, como as coisas estão? Disso quase nada se lê no noticiário internacional. Mas se quem ama o feio bonito lhe parece, o simpático e adorável Brasil está perfeito aos olhos do mundo – pelo menos nos jornais.

terça-feira, dezembro 08, 2009

O que será de Dilma

*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bate recordes de aprovação (83%), a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata governista à sucessão presidencial, é a mais rejeitada entre os eleitores. Na pesquisa divulgada pelo CNI/Ibope, 42% dos entrevistados disseram que não votariam em Dilma de “jeito nenhum”.

Mesmo assim, o PT será obrigado a jogar todas as suas fichas na única carta que lhes restou nas mãos após os escândalos do “mensalão” que derrubaram os Josés Dirceu e Genuíno ainda no primeiro mandato de Lula: a “dama de copas Dilma Rousseff”.

Por toda uma geração se ouviu falar pejorativamente que “petista votaria até em um cachorro se este fosse candidato pelo PT”. Agora, passados um par de anos e dois mandatos do pernambucano, a metáfora bem pode ser invertida:

— Será que Lula em outro partido levaria seus votos do PT?

Apesar do “filho do Brasil” intitular Dilma a “mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)” e não desgrudar mais da economista mineira por onde quer que ande, Dilma não cai no gosto do povo.

O brasileiro, de modo geral, mostra que gosta de se ver no espelho. O tipo intelectual não lhe cai no agrado. Quer alguém de carne e osso. Alguém que goste de futebol, de música popular e, porque não, de uma cachacinha “pra abrir o apetite”.

Dilma é o oposto da figura de Lula em muitos aspectos. É dura, tem um discurso aguerrido, assim como o de Lula nos áureos tempos de ABC. Mas Dilma nasceu em berço de ouro, teve educação privilegiada e lutou contra a ditadura por um mundo mais justo, enquanto que os oprimidos pelo qual lutavam Dilma e seus companheiros, muitas vezes não entendiam aquela luta e os desprezavam, os deduravam e os temiam.

Apegando-se ainda a pesquisa, vale ressaltar que apenas 32% dos entrevistados disseram conhecer Dilma. Coincidentemente, os que alegam votos nulos, brancos e os que não responderam, também somam 32%. José Serra, pré-candidato tucano tem 38% e Dilma segue empatada com Ciro Gomes em segundo lugar com 17%.

A campanha eleitoral será capaz de reverter este quadro positivamente para o PT e para Dilma?

Vejamos: enquanto no Brasil pululam manchetes negativas nos principais jornais, no exterior o governo de Lula é citado como exemplo, tanto pelo crescimento do país, como pela diminuição da desigualdade social. Ou o brasileiro anda lendo mais jornais estrangeiros ou não anda lendo nada.

Levando em conta a segunda opção, o departamento de propaganda do PT terá um belo trabalho para transferir ao menos parte dos votos de Lula para Dilma.

Talvez a tarefa de Dilma nem seja tão difícil. Se 83% aprovam o governo Lula, é mais fácil elogiar do que atacar. Dilma também tem a seu favor o fato de ser mulher e a novidade de uma mulher presidente do Brasil pode ser o trunfo da petista.

Contra ela, por outro lado, certamente os tucanos vão certamente chama-la de terrorista (como assim fizeram e fazem com quem lutou contra os militares), pela sua participação em organizações de resistência ao golpe de 64. Também lembrarão do caso Varig e do Dossiê da Casa Civil. Contra Dilma também pesa o fato de nunca ter sido eleita à cargo algum e sua participação política se resumir a ministérios e secretarias.

Ah, e já que o brasileiro parece gostar tanto disso: a Dilma fala em inglês?

A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 26 e 30 de novembro em 143 municípios brasileiros. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com grau de confiança de 95%.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Trilogia

*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine

Outubro, novembro e dezembro. Abóbora, peru e Papai Noel. Exatamente nessa ordem.

E é melhor não falar em outra coisa em cada período, pois algo pode dar muito errado. Digo isso com a experiência de quem passou menos de três meses aqui e a perspicácia de qualquer asno. Pois não é preciso ser Eienstein para notar que os americanos levam mesmo a sério os seus feriados.

Quando cheguei aqui, no finalzinho de setembro, já pude notar o excesso de adornos macabros nas casas. Meu host me explicou que já eram para o Halloween, festa que seria comemorada apenas um mês a diante. Nesse período, as lojas se abarrotaram de fantasias, guloseimas em versão mini (para os doces ou travessuras) estoques de maquiagem a la Família Adams e sangue feito de glucose. No dia 31 de outubro, ao se andar pelas ruas, era quase impossivel se deparar com alguém que não estivesse fantasiado de alguma coisa. E pasmem, os americanos podem ser muito criativos.

Já na primeira semana de novembro, assustei-me ao ver que os adornos macabros tinham desaparecido, dando lugar a perus infláveis (que não deixam de ser macabros), índios e peregrinos. Nas lojas, perus de tamanhos naturalmente inconcebíveis e adornos campestres passaram a ser expostos com destaque, juntamente aos ingredientes da torta de abóbora e da caçarola de vagens, que são duas das comidas típicas do feriado. Assim foi até o dia 25, quando as famílias se reuniram para comemorar a festa em agradecimento às coisas boas que aconteceram durante o ano e para a janta, que é servida às 2h da tarde. No dia de Thanksgiving decidi que os americanos podem ser também muito óbvios, pois na casa das outras au pairs, foram servidos exatamente os mesmos pratos que na minha.

Interessante que nos dias seguintes os adornos típicos do novembro não tinham sumido. Pois era a Black Friday (Sexta-Feira Negra), dia em que todas as grandes lojas abrem de madrugada oferencendo promoções absurdas. E ninguém tem tempo de desenfeitar a casa quando um computador que custava 700 dólares está sendo vendido a 300. Mas tudo voltou ao normal a partir de terça-feira, dia primeiro. Hoje, quase todo mundo já colocou luzinhas, guirlandas e trenós na frente de casa (ou dos carros), já tirou dos armários os agasalhos típicos de natal e começou a visitar lojas com frequência a fim de consumir presentes para seus entes e amigos queridos.

E nessa brincadeira, eu vou entrando na onda. Comendo comidas pra lá de industrializadas e gastando minhas economias em fantasias que não usarei mais ou em presentes que serão colocados de canto no dia seguinte. Fiquei curiosa para saber qual será o feriado-febre de Janeiro. Mas minha host-mãe garantiu que depois do natal, aqui na América só se vive a Cabin Fever (Febre da Cabana), termo que eles usam para designar o desespero que dá nas pessoas trancafiadas em casa por causa do inverno.

Nada mais justo, pois qualquer trilogia que se preze é composta apenas de três edições, né não?

sábado, dezembro 05, 2009

A tecnologia do trenzinho caipira e outras

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

Na última sexta (4) a comitiva brasileira que está na Europa com o presidente Lula conheceu o trem de alta velocidade alemão, o ICE (InterCity Express), produzido pela Siemens. A ideia é trazer este modelo de transporte para o Brasil – talvez próprio modelo da Siemens, que é uma das concorrentes para a nova empreitada brasileira. Inicialmente o projeto pretende ligar as cidades de Campinas (SP), São Paulo e Rio de Janeiro, e futuramente expandir a rede em ramificações que alcancem Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, etc.

Mas para vencer a licitação os alemães terão que aceitar transferir sua tecnologia para mãos e cabeças brasileiras. A mesma situação da compra dos caças de combate – aquela em que França, Estados Unidos e Suécia competem para agradar Brasília. Tecnologia que, logicamente, estará incluída no preço final do produto – tanto do trem, quanto dos aviões.

Além do comércio com outros países, esteve na pauta dos jornais o recente acordo Brasil/Ucrânia para lançamento de foguetes daquele país a partir da base de Alcântara, no Maranhão. Assunto em que o Brasil tem muito o que aprender e o dinheiro é curto. Agora o BNDES vai financiar o projeto “quase pronto” da Ucrânia. Teremos acesso à foguetes que, teoricamente, voam mais que os nossos.

E o custo de se comprar ou investir em tecnologias prontas, compensa? A considerar o curto prazo... compramos o primeiro e aprendemos a montar o segundo, terceiro, quarto, etc; e ao pensar que investimentos em pesquisa e produção exigem planejamento e dinheiro por um certo tempo – o que a cada eleição é cortado para nova análise situação/oposição – podemos dizer que não estamos preparados politicamente para desenvolver tecnologia avançada e que comprá-las ainda é uma boa alternativa.

O que falei até aqui, são apenas exemplos de situações recentes onde recorremos às tecnologias adquiridas ou compartilhadas – não estou a sugerir que se escolha ou produza uma alternativa nacional, mas que a partir de necessidades como as atuais se pense em estimular a produção científica por aqui. Aliás, se existem boas coisas no mundo temos mais é que conhecê-las e se resolve nossos problemas, por que não comprá-las?

O ideal, penso eu, seria ver certos setores públicos do Brasil, como empresas e centros de pesquisa e educação, livres das amarras político-partidárias. Que se invista em educação e num modelo de formação de livres pensadores – para que no futuro possamos escolher novos caminhos, políticas públicas, parcerias com a iniciativa privada e um novo desenvolvimento nas terras brasileiras – no mesmo longo prazo do desenvolvimento social.

E, é claro, podemos lembrar dos bons exemplos nacionais, como a tecnologia desenvolvida pela Petrobras, Embraer, Embrapa, as pesquisas da USP, Unicamp e outros centros de áreas diversas – conhecimento que também exportamos.

Porém, depender de financiamento para se desenvolver é um caminho difícil; depender de interesses políticos – ora eleitoreiros – é outro, ainda mais complicado e bastante sinuoso. E apesar de termos capacidade intelectual – tanto que muitos de nossos cientistas são “levados” para outros países –, ainda estamos no segundo caminho – em obras.

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O Trenzinho Caipira
Heitor Villa-Lobos


Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo mar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar…

(Ferreira Gullar)

sexta-feira, dezembro 04, 2009

O fim pode ser um bom começo

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

O ano termina em 27 dias. Um ano que trouxe à tona datas marcantes em números redondos – uma interessante coincidência da História no fim de cada década: eventos que mudaram o mundo. E 2009 certamente já entrou para a lista de fatos marcantes com eventos como a grave crise econômica, gripe suína, morte de Michael Jackson, a descoberta de água na Lua e a posse de Obama.

Neste mesmo ano, prestes a terminar, lembraram dos 40 anos da chegada do homem à Lua e do disco Abbey Road, dos Beatles; 50 anos de carreira de Roberto Carlos, 20 da morte de Raul Seixas; o centenário dos clubes de futebol Internacional (RS) e Coritiba (PR); 110 do Vitória (BA), do Milan (ITA) e do Barcelona (ESP); 20 do São Caetano (SP) – precisamente neste dia 4 de dezembro.

São 50 anos também do início da Guerra do Vietnã; outros 30 da criação do Estado do Mato Grosso do Sul; 40 da criação dos Correios; 40 do Jornal Nacional (Rede Globo); e 40 do primeiro e-mail. São 120 anos da Proclamação da República no Brasil; 60 anos da criação da OTAN; 70 anos do primeiro poço de petróleo no Brasil; 70 do fim da Guerra Civil Espanhola e 70 do início da Segunda Guerra Mundial; e 80 anos do nascimento de Martin Luther King; 90 anos da primeira transmissão de rádio no Brasil; 120 anos do nascimento de Adolf Hitler e também de Charles Chaplin.

Há 120 anos também era inaugurada a torre Eiffel e fundada a cidade de Campo Grande (MS). Há 130 nascia Albert Einstein e Carlos Chagas; e há 140: Gandhi. Há 160 anos nascia Paul Cézanne. Outros 200 anos do nascimento de Abraham Lincoln e Charles Darwin. São 220 anos da Revolução Francesa e das primeiras eleições nacionais dos Estados Unidos; 710 da criação do Império Otomano – que durou até 1923.

E há 80 anos, também passávamos por uma grande crise econômica que deu dor de cabeça em muita gente – ainda bem que há 110 anos inventaram a aspirina. E tantas coisas mais...

quinta-feira, dezembro 03, 2009

¡Bolivia!


Autor: Valter Ziantoni
Site: www.flickr.com/trotamundus

terça-feira, dezembro 01, 2009

Heróis derrotados

*Kellen Baesso | www.twitter.com/kellenbaesso

Heroes explodiu na sua estreia, muitas pessoas repetiram mundo afora o bordão “Save the Cheerleader Save the World” e todos esperavam muito, mas muito mais desta série. A produção foi a mais aguardada no ano de 2007. Heroes é uma aventura que gira em torno de pessoas comuns de diferentes partes do mundo que se descobrem portadores de habilidades extraordinárias.

Os poderes se manifestam nos “heróis” depois de um eclipse total. Um professor de genética, que investiga o desaparecimento do pai, descobre uma teoria secreta que lhe revela a existência de pessoas com poderes especiais vivendo entre nós. Como em toda produção, o bem e o mal disputam espaço, um planeja dominar o mundo enquanto o outro tenta a todo custo salvá-lo.

Sylar é o principal vilão, perverso e com sangue frio, mata outros portadores de habilidades para se apossar dos poderes. Contra ele existe uma turma de mocinhos. Hiro é um simples funcionário de escritório no Japão, até que descobriu que pode controlar o tempo. Parker exerce a carreira de policial, mas passa por um momento turbulento em sua vida e é então que começa a ouvir o pensamento das pessoas ao seu redor. Peter e Nathan são irmãos, o último é um congressista que tem a habilidade de voar, já Peter absorve os poderes daqueles que encontra, sem tirá-los de seus donos, é capaz de voar, ouvir pensamentos, controlar o tempo, etc. Claire tem a capacidade de se regenerar, Micah é um garoto que manipula tecnologia e a lista continua. Esses personagens estão um passo à frente na evolução da humanidade e seus destinos já foram traçados. O objetivo da série é desvendar os mistérios e segredos dos heróis a cada episódio, mas a audiência atual da quarta temporada indica que não tiveram sucesso.

Recentemente Heroes entrou para a lista das piores séries da década. Não bastasse entrar na lista, ficou com o primeiro lugar. Séries que geram muitas expectativas tendem a decepcionar. Confesso que sou uma das decepcionadas, parei na terceira temporada e não consigo assistir mais, sempre coloco outra série na frente.

São inúmeros personagens, que geram inúmeras tramas e mistérios. Essa soma tem como resultado a confusão. As histórias já não fazem sentido e os pobres personagens estão perdidos. Uma produção que estreou para mais de 15 milhões de pessoas nos Estados Unidos, hoje não é vista por seis milhões de telespectadores. Tamanha baixa na audiência provocou burburinhos de cancelamento. Boatos dizem que o canal que veicula a atração já conversou com os produtores da série, para que eles preparem a finalização da série para maio de 2010.
 

CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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