*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Na última sexta (4) a comitiva brasileira que está na Europa com o presidente Lula conheceu o trem de alta velocidade alemão, o ICE (InterCity Express), produzido pela Siemens. A ideia é trazer este modelo de transporte para o Brasil – talvez próprio modelo da Siemens, que é uma das concorrentes para a nova empreitada brasileira. Inicialmente o projeto pretende ligar as cidades de Campinas (SP), São Paulo e Rio de Janeiro, e futuramente expandir a rede em ramificações que alcancem Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, etc.
Mas para vencer a licitação os alemães terão que aceitar transferir sua tecnologia para mãos e cabeças brasileiras. A mesma situação da compra dos caças de combate – aquela em que França, Estados Unidos e Suécia competem para agradar Brasília. Tecnologia que, logicamente, estará incluída no preço final do produto – tanto do trem, quanto dos aviões.
Além do comércio com outros países, esteve na pauta dos jornais o recente acordo Brasil/Ucrânia para lançamento de foguetes daquele país a partir da base de Alcântara, no Maranhão. Assunto em que o Brasil tem muito o que aprender e o dinheiro é curto. Agora o BNDES vai financiar o projeto “quase pronto” da Ucrânia. Teremos acesso à foguetes que, teoricamente, voam mais que os nossos.
E o custo de se comprar ou investir em tecnologias prontas, compensa? A considerar o curto prazo... compramos o primeiro e aprendemos a montar o segundo, terceiro, quarto, etc; e ao pensar que investimentos em pesquisa e produção exigem planejamento e dinheiro por um certo tempo – o que a cada eleição é cortado para nova análise situação/oposição – podemos dizer que não estamos preparados politicamente para desenvolver tecnologia avançada e que comprá-las ainda é uma boa alternativa.
O que falei até aqui, são apenas exemplos de situações recentes onde recorremos às tecnologias adquiridas ou compartilhadas – não estou a sugerir que se escolha ou produza uma alternativa nacional, mas que a partir de necessidades como as atuais se pense em estimular a produção científica por aqui. Aliás, se existem boas coisas no mundo temos mais é que conhecê-las e se resolve nossos problemas, por que não comprá-las?
O ideal, penso eu, seria ver certos setores públicos do Brasil, como empresas e centros de pesquisa e educação, livres das amarras político-partidárias. Que se invista em educação e num modelo de formação de livres pensadores – para que no futuro possamos escolher novos caminhos, políticas públicas, parcerias com a iniciativa privada e um novo desenvolvimento nas terras brasileiras – no mesmo longo prazo do desenvolvimento social.
E, é claro, podemos lembrar dos bons exemplos nacionais, como a tecnologia desenvolvida pela Petrobras, Embraer, Embrapa, as pesquisas da USP, Unicamp e outros centros de áreas diversas – conhecimento que também exportamos.
Porém, depender de financiamento para se desenvolver é um caminho difícil; depender de interesses políticos – ora eleitoreiros – é outro, ainda mais complicado e bastante sinuoso. E apesar de termos capacidade intelectual – tanto que muitos de nossos cientistas são “levados” para outros países –, ainda estamos no segundo caminho – em obras.
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O Trenzinho Caipira
Heitor Villa-Lobos
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo mar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar…
(Ferreira Gullar)
sábado, dezembro 05, 2009
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