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quinta-feira, dezembro 17, 2009

Mundo afora num clique

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

Vindo de Santo André, na grande São Paulo, Valter Ziantoni formou-se engenheiro florestal e nunca parou de registrar o que enquadrava com seus olhos. Desenhou florestas com luz – como na cena capturada em Sarajevo, capital da Bósnia –, e a diversidade brasileira da Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Suas imagens verdes também contrastam com um álbum preto e branco de algumas paragens do leste europeu e com ora amarelo, ora colorido do deserto e da savana africana.


Sarajevo – Bósnia e Herzegovina

Ziantoni também faz questão de mostrar a dura realidade da agressão humana aos animais, com algumas fotos sob o título “cry jungle”. Uma forma de alertar para a crueldade que por aí se espalha contra a vida.

Valter e eu estudamos juntos na especialização em Relações Internacionais, onde também conheci sua noiva e companheira de viagens: a também engenheira florestal Leticia Hermoso. Costumávamos participar do mesmo grupo nos trabalhos da pós-graduação e a bagagem cultural diversa rendia bons conteúdos e boas risadas. Valter se mostrou um personagem interessante, com um bom humor, que pode ser conhecido – em partes – na conversa que segue.

Anderson Paes: Sendo engenheiro florestal e ligado aos assuntos ambientais, acredita na fotografia como forma de preservação ambiental? Há o choque visual da realidade?
Valter Ziantoni:
A fotografia é o reflexo plano do real, capturar toda a beleza e diversidade de uma floresta em uma foto seria impossível, e mais impossível ainda seria capturar a dor e impotência diante de crimes ambientais. De qualquer modo a foto exerce um papel mais forte que a palavra, neste caso, a foto choca, a foto traz o real e o mostra, a foto convence e cria percepções até então desconhecidas, sendo uma ferramenta de mobilização fortíssima, pelo simples fato de ser real.

A foto eterniza o momento e o eterno se torna admirável, entretanto no âmbito jornalístico a foto é o veículo que leva a cena aos olhos, ela é uma pequena janela para o todo, o real que está acontecendo à volta, real esse que às vezes é esquecido enquanto a foto é lembrada. Pessoalmente eu penso que a foto deve perturbar, em um sentido positivo, mas tem que apresentar alguma inquietude, a foto deve ser viva. Uma foto é antes de qualquer coisa uma idéia e ao mesmo tempo uma frase não terminada.

AP: Dos novos cenários que encontra, o que tenta “tirar” deles?
VZ:
Na verdade eu não tiro, são eles que me dão... (risos). Fotografia é “olho” e técnica, em um novo cenário ou situação, você evoca todos os lugares parecidos em que já tenha estado, por técnica. Mas por “olho”, você busca algo de novo, de impacto, de beleza etérea, alguma coisa que está esperando para ser eternizada. As cores mostram a vida das coisas, o Preto e Branco mostra a alma. É uma questão de como ver o mundo. Creio que quando fotografo o que tento “tirar” de cada novo cenário é a forma como eu mesmo o vejo – o que meus olhos me mostram.
E lugares novos para mim são todos aqueles que eu já conhecia e que por algum motivo qualquer terminei por redescobri-los.


O próprio Valter e sua câmera. Foto: Simone Torrini

AP: Como foram os primeiros cliques, primeiras câmeras?
VZ:
Desde muito pequeno comecei a apaixonar-me por câmeras, posso dizer que começou com a câmera antes da foto – meio “o ovo e a galinha”. Meu tio avô tinha uma câmera muito antiga, alemã, um Rodenstock Prontoklapp, de fole, que eu costumava brincar, depois continuei fotografando, até que consegui dinheiro suficiente para comprar minha primeira Reflex usada. Desde aí, nunca deixei de ter uma câmera ao alcance do braço.

AP: Esse caso de “amor” com a fotografia já rendeu algumas premiações, trabalhos?
VZ:
O último concurso que ganhei foi no Congresso Florestal Mundial no mês de outubro deste ano, na Argentina; com uma foto que aconteceu quando estava trabalhando no norte do país, realizando o inventário de uma Floresta Nacional. Sempre que tenho a oportunidade tento participar de concursos. Além desse, já ganhei ou consegui menções em outros tantos lugares – Brasil, Itália, Espanha, etc. Tenho vários trabalhos publicados em revistas e participei de vários projetos fotográficos. Fui responsável fotográfico do livro “Itupava, o Caminho de Nossas Origens” no Paraná e fiz fotos para diversos catálogos e livros, também trabalhei como fotografo de corridas de aventura na Bulgária.

AP: E o destino? Aonde pretende chegar?
VZ:
Eu costumava fazer planos e pensar onde chegaria, mas agora me dedico ao máximo ao que faço sem esperar recompensas. Apenas deixo que a vida trabalhe um pouco. Eu fotografo porque sou apaixonado por isso e realmente sei fazer, então, posso dizer que as fotos fazem o caminho, assim só vou seguindo a qualquer lugar, desde que seja em frente!



Mais do trabalho de Valter Ziantoni pode ser visto em www.flickr.com/trotamundus

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CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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