*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bate recordes de aprovação (83%), a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata governista à sucessão presidencial, é a mais rejeitada entre os eleitores. Na pesquisa divulgada pelo CNI/Ibope, 42% dos entrevistados disseram que não votariam em Dilma de “jeito nenhum”.
Mesmo assim, o PT será obrigado a jogar todas as suas fichas na única carta que lhes restou nas mãos após os escândalos do “mensalão” que derrubaram os Josés Dirceu e Genuíno ainda no primeiro mandato de Lula: a “dama de copas Dilma Rousseff”.
Por toda uma geração se ouviu falar pejorativamente que “petista votaria até em um cachorro se este fosse candidato pelo PT”. Agora, passados um par de anos e dois mandatos do pernambucano, a metáfora bem pode ser invertida:
— Será que Lula em outro partido levaria seus votos do PT?
Apesar do “filho do Brasil” intitular Dilma a “mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)” e não desgrudar mais da economista mineira por onde quer que ande, Dilma não cai no gosto do povo.
O brasileiro, de modo geral, mostra que gosta de se ver no espelho. O tipo intelectual não lhe cai no agrado. Quer alguém de carne e osso. Alguém que goste de futebol, de música popular e, porque não, de uma cachacinha “pra abrir o apetite”.
Dilma é o oposto da figura de Lula em muitos aspectos. É dura, tem um discurso aguerrido, assim como o de Lula nos áureos tempos de ABC. Mas Dilma nasceu em berço de ouro, teve educação privilegiada e lutou contra a ditadura por um mundo mais justo, enquanto que os oprimidos pelo qual lutavam Dilma e seus companheiros, muitas vezes não entendiam aquela luta e os desprezavam, os deduravam e os temiam.
Apegando-se ainda a pesquisa, vale ressaltar que apenas 32% dos entrevistados disseram conhecer Dilma. Coincidentemente, os que alegam votos nulos, brancos e os que não responderam, também somam 32%. José Serra, pré-candidato tucano tem 38% e Dilma segue empatada com Ciro Gomes em segundo lugar com 17%.
A campanha eleitoral será capaz de reverter este quadro positivamente para o PT e para Dilma?
Vejamos: enquanto no Brasil pululam manchetes negativas nos principais jornais, no exterior o governo de Lula é citado como exemplo, tanto pelo crescimento do país, como pela diminuição da desigualdade social. Ou o brasileiro anda lendo mais jornais estrangeiros ou não anda lendo nada.
Levando em conta a segunda opção, o departamento de propaganda do PT terá um belo trabalho para transferir ao menos parte dos votos de Lula para Dilma.
Talvez a tarefa de Dilma nem seja tão difícil. Se 83% aprovam o governo Lula, é mais fácil elogiar do que atacar. Dilma também tem a seu favor o fato de ser mulher e a novidade de uma mulher presidente do Brasil pode ser o trunfo da petista.
Contra ela, por outro lado, certamente os tucanos vão certamente chama-la de terrorista (como assim fizeram e fazem com quem lutou contra os militares), pela sua participação em organizações de resistência ao golpe de 64. Também lembrarão do caso Varig e do Dossiê da Casa Civil. Contra Dilma também pesa o fato de nunca ter sido eleita à cargo algum e sua participação política se resumir a ministérios e secretarias.
Ah, e já que o brasileiro parece gostar tanto disso: a Dilma fala em inglês?
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 26 e 30 de novembro em 143 municípios brasileiros. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com grau de confiança de 95%.
terça-feira, dezembro 08, 2009
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2 comentários:
O que falta em carisma pra Dilma sobra no Lula... Se isso se converter em sei lá, metade dos simpatizantes votando pela companheira, já garante uma votação pra lá de expressiva.
Sem contar que os recentes casos do Mensalão do Panetone de DF, e o caso Azeredo foram um imenso tiro no pé da oposição, que perdeu credibilidade e uma arma certa de ataque a Lula (o Valerioduto e o Mensalão).
ps.: Sou petista, mas antes de votar no cachorro faria uma pesquisa para saber sua vida pregressa e suas propostas de governo. Sou consciente.
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