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Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


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sexta-feira, setembro 02, 2011

Saudades de Dona Tereza

Thiago Schwartz | www.twitter.com/perereco


Era junho. Durante uma viagem a trabalho, fui informado que minha avó havia falecido. Desembarquei em Joinville, procurei voltar para Tubarão o mais rápido possível, mas as empresas de ônibus conspiraram para me fazer esperar a madrugada inteira para chegar em Tubarão.

Cheguei por volta das nove horas, deixei as malas em casa e fui direto para a funerária onde o velório estava acontecendo. As condolências, a tristeza, o inconformismo, tudo estava ali, como era de praxe naquele local.

Uma parente, que fazia salgadinhos de festa, providenciou um arsenal de coxinhas e refrigerante para alimentar os que haviam passado a noite velando Dona Tereza. Poucos comiam, não era de bom tom.

Em um determinado momento, precisei ir ao banheiro. O banheiro da funerária era muito bem equipado, possuía uma bela pia, um vaso sanitário branco, com descarga que permite a escolha do fluxo de água da descarga, entre outras modernidades.

Fiz o que tinha que ser feito, apertei o botão de descarga errado para a atividade, lavei as mãos e peguei duas folhinhas de papel-toalha (apenas duas são suficientes). Fiz uma bolinha e estiquei a mão para jogar na lixeira.

Não havia sido avisado que a lixeira, assim como o resto dos aparatos do banheiro, era muito moderna e possuía um sensor de movimento que abria a tampa automaticamente.

- Vó?

Definitivamente, coisas com sensores de movimento em funerárias não são legais.

quinta-feira, maio 05, 2011

Obra Faraônica

Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel


A todo vapor.
Foto: ARQUIVO/AndersonPaes

Quando dizem que a duplicação da BR-101 no trecho Sul é uma “obra faraônica” devem estar querendo comparar com o tempo em que as famosas construções do Egito levaram pra ficarem prontas. Só pode...

Pirâmide de Quéops: 30 anos
Pirâmide de Miquerinos: 27 anos
Pirâmide de Quéfren: 25 anos

Ah, mas gaiato como só ele sabe ser, meu tio Bartolomeu desafia: “quero ver a BR durar o tempo que já duram as pirâmides... sem buracos”.

segunda-feira, março 28, 2011

Bienvenidos, hermanos

Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

É lugar entre os empresários a reclamação pela falta de mão-de-obra para os serviços mais simples. Culpam sobre tudo a política paternalista exercida nos oito anos de Governo Lula e enxergam mudanças nos anos vindouros de sua sucessora.

Esquecem, no entanto que a dificuldade de encontrar uma mão-de-obra que se submeta a condições de trabalho degradante e a salários incompatíveis com o nível de vida que o país possa oferecer, pode significar amadurecimento e crescimento econômico e não uma tendência dos menos favorecidos financeiramente ao ócio.

Este crescimento deve levar o Brasil a uma situação curiosa, já vivida pela Europa (que enviou emigrantes para os novos continentes no final do século 19): inverter a balança exportação/importação de mão-de-obra.

Não espero por muito tempo para ver circulando entre nós, hermanos oriundos de países latinos mais pobres. E é aí que o Brasil pode ensinar o mundo mais uma vez, ao permitir o convívio com harmonia, liberdade e igualdade entre todos.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

O preço que se paga

Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

Num escritório em Florianópolis (SC) alguém dá a ordem de impressão para as faturas do mês. Um outro a recebe e aperta um botão. O sinal do computador prontamente é enviado à impressora, que se move e marca no papel caracteres e gráficos em preto, azul e vermelho.

Tudo isso graças à energia elétrica que alimenta os aparelhos cinzas naquelas salas, extraída muito provavelmente das usinas térmicas a carvão do litoral sul catarinense – ou talvez de alguma pequena hidrelétrica, limpa, mas que causou impacto relevante à região em que está. E ainda tem o papel, que motivou a derrubada de algumas árvores.

E com tudo impresso, uma folha em especial será dobrada, posta num envelope, e seguirá até o seu destinatário – cerca de 130 km dali. Consumindo combustível fóssil, poluindo o ar, e contribuindo negativamente para o pesado e arriscado trânsito da, em obras, BR-101 Sul.

A correspondência então chegou: uma fatura da operadora de telefonia TIM. Ao abrir a carta o destinatário lê seu conteúdo e ri, espantado. O valor: R$0,06. “Não paga nem o papel da conta”, afirma. Quem dirá o processo todo!?

Nos últimos anos as empresas têm criado cada vez mais uma imagem de “empresa amiga do meio ambiente” ou qualquer coisa parecida. A questão ambiental está em alta. Ao mesmo tempo, ignoram tudo isso por seis centavos. Vale a pena?


Imagem da fatura que chegou a um cliente TIM, da cidade Laguna (SC).

Isso não acontece apenas com a TIM. Acredito que os bancos de dados das empresas não estejam programados para levar em consideração cálculos individuais e sim o total “a receber”. Enfim, máquinas não pensam no meio ambiente – sequer pensam nas pessoas, como aquelas gravações de menu. Pessoas pensam no meio ambiente. Pessoas pensam em pessoas.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Custo de vida, desemprego e gente apegada ao poder

Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

E a Tunísia viu que podia reclamar dos altos preços dos alimentos, do desemprego e corrupção. O povo foi às ruas e destituiu seu presidente – que abandonou o país rumo à Arábia Saudita. A discussão política ainda segue, ofuscada pelo capítulo egípcio.

E se o povo de Túnis pode, por que não no Cairo? O Egito, inspirado na atitude da Tunísia, exige a renúncia de seu presidente, Hosni Mubarak, de 82 anos – há 30 no cargo. O presidente, aos poucos, parece ceder à pressão popular – já diz que não será mais candidato nas próximas eleições. Sem números oficiais, a ONU diz que o número de mortos pode chegar a 300.

A revolta tunisiana serviu de exemplo em todo mundo árabe. No mesmo caminho estão Jordânia, Síria, Iêmen, Marrocos, entre outros. No Iêmen, o presidente desistiu de se candidatar à reeleição novamente. O rei da Jordânia nomeou um novo primeiro-ministro após protestos contra a política econômica adotada.

A população parece ter visto que pode mudar. Imagine quando os chineses, venezuelanos, cubanos, iranianos, dentre tantos outros, começarem a exigir algumas mudanças sinceras... aí sim haverá revolução popular – se nenhum líder quiser para si a revolução.

Entre presidentes e ditadores
Uma dúvida que surge em situações como essa é imposta pela mídia. Eles são sempre noticiados como presidentes, mas basta ter um protesto que viram ditadores. Por quê?

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Afinação acontece

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Henrique Nogueira | www.twitter.com/h_nogueira | www.flickr.com/carlosm65

"Pela janela do quarto vejo o tempo passar... cada segundo se esvai sem muitas mudanças... o sol, o vento.. cada componente se tornando um... cada um se tornando o todo..."
Uma experimentação fotográfica e musical!

443 fotografias.
Violão com afinação modificada.
Uma tarde de ócio produtivo!

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Animado esse verão né?



Francine de Mattos | www.twitter.com/fotografe

Flickr: www.flickr.com/fran_ciiine
Local: Barra Velha, Santa Catarina - Brasil
Câmera: Nikon D90

segunda-feira, janeiro 03, 2011

A mijadinha

Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Roberto deve ter realmente perdido as estribeiras. Ou, último dos casos, teve esgotada suas curtas doses de paciência. Cigarro ele queria, ele tinha; cerveja ele queria, ele tinha; mulheres passando à sua vista, idem.

Virada do ano. Roberto, zelador profissional há mais de duas décadas, fazia sua estreia no litoral, à beira-mar. Era o vidão que pediu a Deus, não fosse um ypsilone: o prédio ao qual Roberto se fazia encarregado de zelar era um dos alvos prediletos dos incontinentes que, sem encontrar alternativa mais educada, aliviavam suas necessidades em qualquer canto.

Fazendo olhos de mercador, Roberto deixava a vontade uns apertados que encontravam nos ângulos escuros do prédio conforto para seus “problemas”.

Assim, o Ano-Novo chegou e passou. Cinco ou seis necessitados, maiores e mais fortes que Roberto, deram sua contribuição urinaria a ferrugem provocada pela maresia.

Mas teve um pobre diabo sem a mesma sorte que seus antecessores. Ele preparou, apontou e quando mandou bronca, despertou a ira de Roberto.

A última tragada no cigarro barato. A xepa ao chão. Uma dúzia de passos e as mãos no colarinho largo no pescoço magro do coitado. O alívio cortado ao meio. No susto. Na marra.

Impropérios eram intercalados por sentimentalismos inesperados:

- Seu vagabundo! Na tua casa tu não mija assim! Não tens a sensibilidade de perceber que aqui mora gente?

E a lição seguiu por longos minutos. O pobre coitado humilhado só não prometeu pela quinta geração de antepassados de sua família que nunca mais se aliviaria na rua porque não sabia os nomes dos avôs dos seus avôs.

Dava pena de ver e de ouvir. O sujeito magrinho, miúdo, tímido. Uma platéia sedenta à volta. Uma sacudida derradeira capaz de deslocar a caixa craniana do apurado e um definitivo e desmoralizante chute na bunda encerraram o espetáculo.

O diabo coitado seguiu.

Roberto voltou ao posto. Sentou-se em sua cadeira de praia. Acendeu outro cigarro, abriu outra latinha de cerveja e exultante contou para os recém-chegados o que fez.

As horas, como não deixam jamais de ser, passaram. Roberto dormiu. O pobre diabo coitado não. Antes de ir para a casa resolveu passar pelo prédio de Roberto. Voltou para aquele mesmo canto e aliviou-se. Aproveitou que a rua estava deserta e de uma vez largou o número um e o número dois.

Roberto briga até hoje com seus botões quando eles lhe sugerem que quem fez aquela vingança foi aquele diabo pobre coitado.
 

CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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