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quarta-feira, setembro 16, 2009

Crise econômica e novas doenças

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

Entre 1981 e 1983 o mundo passou por uma forte crise econômica. Na América Latina falava-se em moratória e o México puxava a fila em um de seus períodos mais graves. A crise do início da década de 80 também chegou ao Brasil, o assunto por aqui era a dívida externa impossível de se pagar e a inflação – a renda per capita despencou.

Naquele ano de 1983 um vírus originário dos símios foi identificado por franceses e portugueses, estava desvendado o causador da síndrome da imunodeficiência adquirida – a AIDS, na sigla em inglês. O sistema imunológico humano não soube combater o invasor e a esperança para os que contraem a doença ficou nas mãos dos laboratórios e seus coquetéis de alto preço. A crise passou e a AIDS alcançou o mundo todo, silenciosamente. Matou todo tipo de pessoa, independente de sexo, raça ou classe social.

Os anos 80 passaram, o muro de Berlim caiu, a Guerra Fria acabou e lá estávamos em 1995 quando uma nova crise ameaçou se formar e desestabilizar o sistema econômico. No Brasil, esta quase-crise fez com que alguns bancos fossem vendidos e outros fechassem – Nacional, Bamerindus, Econômico, por exemplo. No ano seguinte, uma doença rara e mortalmente rápida reapareceu na África central: o ebola. Dessa vez a crise não aconteceu de fato e passou, como o vírus, de forma bastante rápida. Mas não sem antes espalhar o medo pelo mundo.

Entre 1997 e 1999 breves doses de novas crises, mas foi possível chegar com certa tranquilidade ao novo milênio. Veio o medo do Bug do ano 2000, queda nas bolsas; em 2001 o atentado do dia 11 de setembro e um mundo preocupado com a segurança, no mesmo ano os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e dois anos depois o Iraque também estava explosivo – o que resultou no alto preço do petróleo. Nos anos seguintes a Ásia balançou, a crise voltou a atingir América Latina, a Rússia e chegou à Europa. Foi nessa época que a gripe das aves foi identificada em humanos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou o mundo para o risco de uma nova pandemia, gastou-se milhões com remédios e vacinas. Possivelmente o dinheiro que circulou devido ao medo do terrorismo e da “nova” gripe tenha contribuído para reanimar o mercado internacional nesse começo de século. A tempestade passou, veio a calmaria.

E tudo ia bem até o ano de 2008, quando uma nova crise chegou. Todos os jornais do mundo noticiaram o infeliz momento da economia global – cada vez mais integrada e virtual. Bancos quebraram, empresas pediram ajuda aos governos, as maiores economias do mundo entraram em recessão. Dessa vez, os países em desenvolvimento sentiram menos o impacto da crise e continuaram a vida a seu modo. Foi quando, no México, uma nova doença foi identificada: a gripe suína – mais tarde chamada de Influenza A, H1N1. Logo o medo da pandemia estava na cara das pessoas, nas capas dos jornais, nos anúncios da TV. O vírus alcançou as maiores cidades do mundo em pouco tempo, mas se adaptou mesmo foi ao inverno gelado dos países do hemisfério sul – milhares de casos registrados na Argentina e no Chile.

A gripe, apesar de ter tirado a vida de muita gente, gerou dinheiro e emprego – como todas as outras doenças e guerras que conhecemos. Os governos dos países atingidos ou não, pelo vírus, passaram a comprar grandes doses de medicamentos e acessórios para uma possível “prevenção”. O dinheiro do mundo voltou a circular. O comércio exterior não parou como ameaçava meses antes. Mais uns meses e alguns países saíram da recessão. E a melhor notícia: a vacina está quase pronta para o uso, em tempo de impedir que a gripe alcance os países do hemisfério norte durante o inverno que está por vir.

Mais uma vez a crise dá sinal de que logo vai passar – já é possível ver no noticiário que algumas economias mundiais saíram do vermelho –, e o número de casos de gripe tem diminuído por aqui.

Revendo o passado, ligando os pontos, pode-se pensar numa relação entre economia e saúde – não é de hoje que esses dois assuntos andam juntos. A gripe espanhola, por exemplo, foi identificada logo após a Primeira Guerra Mundial por volta de 1918. A gripe aviária, na Ásia, já havia aparecido nos anos 60 – durante a disputa Estados Unidos x União Soviética e as guerras no Vietnã e na península da Coreia. O ebola também já havia afetado alguns povos da África no ano de 1976.

Talvez nossa História seja mesmo cíclica – com umas poucas mutações.

4 comentários:

Raul Seixas disse...

Buliram muito com o planeta
E o planeta como um cachorro eu vejo
Se ele já não aguenta mais as pulgas
Se livra delas num sacolejo

Profissional de Atitude disse...

Muitas dúvidas, algumas teorias suicidas circulando na internet e enfim de forma clara um comparativo que nos mostra que realmente tua tese pode fazer sentido!
Muito bom teu texto.

Anônimo disse...

Gostei da analogia entre crises e doenças! Bom texto...

Eliza Sella. disse...

Muito bom o texto,adorei.

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CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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