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sexta-feira, agosto 21, 2009

Raul Seixas: Deixa gravar isso tudo

Raul Seixas
Imagem retirada do site http://letras.terra.com.br/ | Autor desconhecido


O esperado dia do eclipse
*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

No dia 17 de agosto de 1989, a Lua se apagou completamente no céu. Quatro dias depois (21), Raul Seixas partiu numa viagem interestelar – como dizem alguns fãs. Coincidência ou não, no dia 25 daquele mês a sonda espacial Voyager 2 chegou ao planeta Netuno...

Raul, diferente do que as reportagens de hoje vão dizer, foi além da música. Questionou o Universo, o Homem, a Fé. Formou e informou muita gente do que é o início, meio e fim deste mundo que não quer parar. Contou das coisas que viu, leu e aprendeu – ensinou assim.

Alguns o chamaram de profeta do apocalipse, outros acusaram de todos os tipos de bruxaria. Provavelmente teria sido queimado vivo nos tempos da inquisição. Um alquimista das palavras. Raul experimentou este mundo, sem frescura. Avisou que só o entenderiam “no esperado dia do eclipse”. Talvez por algum motivo que ele já soubesse, talvez aquela tal “velocidade da luz pra alcançar”.

Hoje, 20 anos depois, Raul ainda é citado, cantado, pedido – “Toca Raul” até virou tema de música –, e continua abrindo cabeças, lembrando ideias quase esquecidas por aqui.

Naquela semana em que a Lua se apagou, seus fãs disseram “até a próxima” e até um repórter compartilhou e sentiu aquela despedida (veja o link no fim deste artigo). No dia 31, ainda em 1989, o Sol também se apagou.


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O lado B de Raul
*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Eu poderia buscar inspiração na Ilha da Fantasia, na rodoviária, na beira do pantanal, em Anarkinópolis, ou nas minas do Rei Salomão. Mas não. Gostaria mesmo era de estar no dia em que a Terra parou, enquanto pulava o muro no fundo do quintal da escola, para ler a lei das profecias e descobrir por quem os sinos dobram e o segredo do universo.

Quem sabe apanho o trem das sete, movido a álcool, até o novo aeon. Aos trancos e barrancos vou acompanhar as aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor. Se perguntares por quê? Eu respondo que sim, eu quero ir!

E se levar um tapa na cara, mando um SOS para os super-heróis, o moleque maravilho ou o cowboy fora da lei. Eu que não fico escutando conversa pra boi dormir. Antes convido Ângela ou Alice Maria para rezar uma Ave Maria da Rua com o pastor João e a Igreja invisível.

De cabeça para baixo, traço planos de papel, neste eterno Carnaval, mandando um som para Laio, atrás de você para entoar um canto para a minha morte ou uma canção do vento.

Se todo mundo explica, você ainda pode sonhar e, meu piano e minha viola, só pra variar, estão prontos para cantar, coisas do coração, uma cantiga de ninar ou um chorinho inconsequente.

Só porque você roubou meu vídeo cassete, calcei meu sapato 36, passei um DDI para Judas e fui curtir um rock das aranhas.

Vovó já dizia que ando muito dorminhoco e que o Dr. Pacheco não vê isso como uma brincadeira. Preciso fazer um check-up. Se o rádio não toca, meu amigo Pedro diz que eu sou egoísta. Mando ele parar de paranóia e pegar o trem 103.

Em uma mata virgem, nos anos 80 ou no século XXI, durante um banquete de lixo, encontro um diamante de mendigo. Esqueço Vera Verinha, Maria, e com a loba deito sob a lua cheia, fazendo o que o diabo gosta.

Ê meu pai, pagando brabo a gente leva a vida à prestação. O negócio é que é fim do mês e nem que eu faça, fuce, force, a placa de "aluga-se está na pedra do Gênesis. Não quero mais andar na contramão, mas não adianta ser um carpinteiro do universo, pois serei um canceriano sem lar.

Não adiantou aconselhar para que tente outra vez ou conserve seu medo. A areia da ampulheta acabou e tá na hora, na hora do trem passar.

Não posso ficar um minuto mais. Mesmo que acerte na loteria da Babilônia. Eu também vou reclamar e num cambalache descubro que luz é essa.

E parafraseando Raulzito na música Os números: eu falei de tanto assunto, talvez esqueci algum, mas as coisas que eu disse não são lá muito comum... quem souber que conte outro, ou que fique sem nenhum.


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Sob o signo de câncer
*Thiago Schwartz | www.twitter.com/perereco

Eu sempre gostei de Raul. Gostaria de ter presenciado mais de sua carreira em vida, mas ele nos deixou quando eu ainda tinha 5.

Quando criança, eu adorava Plunct Plact Zum e Ouro de tolo. E adorava a ideia de ser uma mosca na sopa de alguém, embora na época eu não entendesse que isso fosse algo ruim. Mas me chamava a atenção em especial a música "Canceriano sem lar".

Eu tinha uns 8 anos quando escutei essa música pela primeira vez. Achei engraçada aquela letra, praticamente um mantra do ócio ("Estou sentado em minha cama / Tomando meu café pra fumar"). Achei engraçado o fato de Raul Seixas ter o mesmo signo que eu, e sentir algumas coisas que eu também sentia. Uma melancolia subversiva, uma saudade de não-sei-o-quê misturada com a revolta por não estar onde se quer, e sempre querer estar longe dali.

Gostava das roupas, do misticismo, da bichogrilice. Gostava até de Paulo Coelho (até descobrir que ele também escrevia).

De algum modo especial, eu entendo Raul. Sinto uma espécie de orgulho, por ter nascido no mesmo dia que ele (28 de junho). Tanto orgulho que tudo o que eu escrever aqui será pequeno e inútil. E não chegará nem perto daquilo que quero dizer.

Definitivamente, hoje é feriado. É o dia da saudade.

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Links:
#1 Reportagem sobre Raul Seixas no Globo Repórter
#2 Ouça a música “O Homem”
*Os dois links levam a vídeos disponíveis no YouTube
e serão abertos numa nova janela.

3 comentários:

Anônimo disse...

e se não for eh uma piada, num eh?

Henrique Seixas disse...

Nossa mto loko, gostei pra caramba! Aproveitando da uma olhada no meu blog e dpois diz o q achou, Henrique Seixas

Marcia Silva disse...

E está rolando na internet que agora dia "27 de agosto" teremos uma noite com duas luas. Uns dizem que é Marte mais perto da Terra. Já para outros, "Que luz é essa que vem vindo lá do céu? É a chave que abre a porta lá do quarto dos segredos". Salve Raul!
Inspiração, pessoas!

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CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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