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domingo, setembro 06, 2009

Ouviram do Ipiranga e nem mais um pio

*Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes

O Dia da Independência é só mais uma folga no calendário do Brasil. Dom Pedro parece não ter dado muita importância, Portugal não bateu pé, e foi algo tão calmo e natural que não se tem o que comemorar. Nem a quem homenagear. Não houve luta nem paixões, apenas um homem num cavalo à margem de um rio. Simplesmente o Brasil fez as malas, deixou Portugal, e foi morar sozinho naquele 7 de setembro de 1822. Foi o que contaram na escola.

E conhecendo a história por esse ponto de vista, é difícil imaginar qual estudante tem vontade de pular da cama ao cantar do galo, num feriado, para participar de um desfile com um toque de militarismo. Eu, que sempre assisti da plateia – quando não ficava em casa dormindo –, lembro deles:

— Todas as manhãs do dia sete de setembro estarão lá, na avenida, sonolentos, em marcha, ao som de fanfarras desajustadas e carregando uma única bandeira, sem cor: passar de ano.


Desfile da Independência de setembro de 2008 em Tubarão (SC).
Imagens: Anderson Paes


Não é de hoje que escolas públicas e particulares oferecem uns pontos por fora para que seus alunos participem deste grande dia da pátria. E é mesmo difícil encontrar motivação, senão essa, para que acordem cedo e comemorem a conveniente liberdade que herdamos.

E essa prática inocente se repete a cada ano. A mesma prática que se torna intolerável no cenário político, por vezes tão parecido com o ambiente de uma sala de aula. Todo aquele sussurro, conchavo – sem falar das férias duas vezes por ano e da bagunça que fazem –, que só pode ser mudado pelo voto popular. Triste que muitos votos partam daqueles que não se importam com a chantagem da mesma pátria mãe gentil e vão marchar por esmolas ao conhecimento.

Um estranho e infeliz patriotismo.

2 comentários:

Rogério Arantes disse...

Muito interessante o texto.. não há nada o que se comemorar mesmo..

deem uma olhada nesse meu, que tem uma ideia bem parecida:

http://unquimera.blogspot.com/2009/09/ou-morte.html

Leandro Ribeiro disse...

Ainda vivemos reflexos da ditadura militar no Brasil neste descaso com as comemorações da independência. O que fez Dom Pedro I em 1822 nada tem haver com nosso quadro político atual e o período de repressão enfrentado aqui nos anos 60, 70 e início dos 80.

Ruim com a independência, pior sem ela.

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Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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