PRIMEIRA PÁGINA | FOTOGRAFIA | SÉRIES | TWITTER | FACEBOOK
Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


Blog •

segunda-feira, setembro 07, 2009

7 de Setembro graças a Napoleão

*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

No ano da França no Brasil, os brasileiros não podem esquecer de agradecer a independência celebrada neste 7 de Setembro a um francês com ímpeto conquistador, tão desconhecido de nós como nossos próprios heróis e vilões: Napoleão Bonaparte.

Quando Napoleão escreveu em suas memórias, pouco antes de morrer desterrado na Ilha de Santa Helena, “foi o único que me enganou”, referindo-se a Dom João VI, rei do Brasil e de Portugal, deixou a impressão de que entre os últimos suspiros do imperador e general da França no fatídico dia 5 de maio de 1821, ouviu-se a exclamação delirante de Brésil.

Napoléon Bonaparte, nasceu em Ajaccio, na Córsega, em 15 de agosto de 1769. Em poucas palavras, suas conquistas tem início em 1794, quando toma parte do cerco de Toulon e teve sucesso na campanha da Itália, em 1796. Depois, seguiu para o Egito e conquistou o Cairo e Alexandria, em 1798. Voltou à França e deu o golpe de Estado de 18 Brumário, a Revolução Francesa, em novembro de 1799: assumiu o poder como primeiro cônsul e, logo depois, como cônsul vitalício de República. Em 1804, tornou-se imperador, com o nome de Napoleão I. Casou-se em 1809 com Maria Luisa, arquiduquesa da Áustria. Com seus exércitos, derrotou os austríacos, apoderou-se de Nápoles, subjugou e reorganizou a Alemanha, venceu a Prússia, invadiu a Espanha e Portugal, e em 1812 chegou até Moscou. Em solo russo, o inverno foi o seu adversário mais violento. Todos os países da Europa se uniram e venceram Napoleão em Fontainebleu. Bonaparte foi expulso para a Ilha de Elba e retornou para a campanha dos 100 dias. É então vencido na famosa batalha de Waterloo pelo Lord Wellington, sendo exilado na Ilha de Santa Helena.

Em acelerada expansão territorial de seu império, Napoleão colocou seus olhos de lince na pérola da coroa portuguesa: o Brasil. Em 1807 invade a metrópole lusitana com a intenção de aprisionar a Família Real Portuguesa e força-la a abdicar do trono, como faria depois com Fernando VII e Carlos IV da Espanha. Dom João, então príncipe português, com muito jogo de cintura, conseguiu tapear Napoleão e os aliados ingleses e numa manhã chuvosa e lamacenta de 29 de novembro, embarcou todos seus entes queridos, amigos mais chegados e uma caravana de 15 mil súditos, entre comerciantes ricos, nobres, clérigos e juizes.

O Brasil, de uma colônia de luxo, passa a reino, com o aparato governamental e a estrutura que a elite portuguesa exigia aos seus. O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves perdura entre 1816 e 1826. A Revolução de 1820 em Portugal, força a corte lusitana a voltar para a beira do Tejo. Dom Pedro I, no entanto, fica. O Brasil, até a independência em 1822, voltou a se tornar outra vez uma colônia.

Exilado em Santa Helena em 1815, Napoleão, morto em 1821, não chegou a ver o seu sonho de império além-mar, independente. Passou os últimos anos de vida com um pequeno grupo de seguidores que ouviam suas memórias. Bonaparte teria morrido envenenado por arsênico, encontrado em suas roupas, cabelos, pratos, talheres e móveis de sua última casa. Ou ele teria sido assassinado lentamente, ou essas doses do veneno foram ministradas no combate a um câncer de estômago, através de um remédio da época que continua arsênico em sua constituição.

Ainda guardada em algum mistério, a “descoberta” do Brasil pelos portugueses é alvo de críticas da maioria dos brasileiros. Muitos desejam abertamente que gostariam de ter sido colonizados por ingleses, holandeses e espanhóis. É preciso fazer uma pequena viagem no tempo para lembrar o que aconteceria com o Brasil se uma dessas metrópoles atracasse aqui suas naves.

Se fossemos colonizados por ingleses, não seriamos sombra do que são hoje os Estados Unidos. Lá o clima era propício à instalação dos lordes. Também o processo de abolição da escravatura seria dado muito mais tarde. Os ingleses não se meteram na causa em favor dos africanos por mero humanismo. Existia o interesse comercial na concorrência contra Portugal, suas metrópoles e o comércio privilegiado com o Brasil.

É no continente africano, aliás, que estão expostas os exemplos das colonizações de ingleses e holandeses em terras tropicais. Não me resta dúvida de que o Brasil seria uma nova áfrica e nossos índios serviriam como escravos na América do Norte e Europa. Estaríamos divididos em diversos países que abrigariam tribos inimigas e separariam aliadas. Tornaríamos-nos independentes somente nos anos 60 ou 70.

É em republiquetas, por sinal, que estaria o Brasil se fossem os espanhóis os primeiros donos civilizados desta terra. Vide nossos vizinhos latinos.

E o mais importante: o Brasil não seria a casa de uma corte, não se tornaria um reino, porque mesmo que Napoleão invadisse a Holanda, a Inglaterra ou a Espanha, com o fez, nenhum de seus reis aportariam neste canto sub-equatorial. Se já nos achamos atrasados, imaginem se não fosse Napoleão e Dom João?

Essa herança dos fatos que acontecem por uma força do destino deve estar em nossos sangues até hoje, refletidas em nossa mania de “deixar tudo para a última hora”. Começou em 1807, quando Dom João fugiu de Lisboa com a tropa de Napoleão divisando a Torre de Belém e, passou pela frase de Maria Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, antes do famoso grito de “Independência ou Morte”: “o pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”.


Sugestão de leitura
GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca,um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.
SALLES, Iza. O Coração do Rei.
ZWEIG, Stefan. Brasil, um país do futuro.

0 comentários:

Postar um comentário

 

CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

©2010 GeloEmMarte.com Todos os direitos reservados. As opiniões aqui expressas são de responsabilidade de seus respectivos autores.