Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Num escritório em Florianópolis (SC) alguém dá a ordem de impressão para as faturas do mês. Um outro a recebe e aperta um botão. O sinal do computador prontamente é enviado à impressora, que se move e marca no papel caracteres e gráficos em preto, azul e vermelho.
Tudo isso graças à energia elétrica que alimenta os aparelhos cinzas naquelas salas, extraída muito provavelmente das usinas térmicas a carvão do litoral sul catarinense – ou talvez de alguma pequena hidrelétrica, limpa, mas que causou impacto relevante à região em que está. E ainda tem o papel, que motivou a derrubada de algumas árvores.
E com tudo impresso, uma folha em especial será dobrada, posta num envelope, e seguirá até o seu destinatário – cerca de 130 km dali. Consumindo combustível fóssil, poluindo o ar, e contribuindo negativamente para o pesado e arriscado trânsito da, em obras, BR-101 Sul.
A correspondência então chegou: uma fatura da operadora de telefonia TIM. Ao abrir a carta o destinatário lê seu conteúdo e ri, espantado. O valor: R$0,06. “Não paga nem o papel da conta”, afirma. Quem dirá o processo todo!?
Nos últimos anos as empresas têm criado cada vez mais uma imagem de “empresa amiga do meio ambiente” ou qualquer coisa parecida. A questão ambiental está em alta. Ao mesmo tempo, ignoram tudo isso por seis centavos. Vale a pena?
Imagem da fatura que chegou a um cliente TIM, da cidade Laguna (SC).
Isso não acontece apenas com a TIM. Acredito que os bancos de dados das empresas não estejam programados para levar em consideração cálculos individuais e sim o total “a receber”. Enfim, máquinas não pensam no meio ambiente – sequer pensam nas pessoas, como aquelas gravações de menu. Pessoas pensam no meio ambiente. Pessoas pensam em pessoas.
sexta-feira, fevereiro 04, 2011
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Custo de vida, desemprego e gente apegada ao poder
Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
E a Tunísia viu que podia reclamar dos altos preços dos alimentos, do desemprego e corrupção. O povo foi às ruas e destituiu seu presidente – que abandonou o país rumo à Arábia Saudita. A discussão política ainda segue, ofuscada pelo capítulo egípcio.
E se o povo de Túnis pode, por que não no Cairo? O Egito, inspirado na atitude da Tunísia, exige a renúncia de seu presidente, Hosni Mubarak, de 82 anos – há 30 no cargo. O presidente, aos poucos, parece ceder à pressão popular – já diz que não será mais candidato nas próximas eleições. Sem números oficiais, a ONU diz que o número de mortos pode chegar a 300.
A revolta tunisiana serviu de exemplo em todo mundo árabe. No mesmo caminho estão Jordânia, Síria, Iêmen, Marrocos, entre outros. No Iêmen, o presidente desistiu de se candidatar à reeleição novamente. O rei da Jordânia nomeou um novo primeiro-ministro após protestos contra a política econômica adotada.
A população parece ter visto que pode mudar. Imagine quando os chineses, venezuelanos, cubanos, iranianos, dentre tantos outros, começarem a exigir algumas mudanças sinceras... aí sim haverá revolução popular – se nenhum líder quiser para si a revolução.
Entre presidentes e ditadores
Uma dúvida que surge em situações como essa é imposta pela mídia. Eles são sempre noticiados como presidentes, mas basta ter um protesto que viram ditadores. Por quê?
E a Tunísia viu que podia reclamar dos altos preços dos alimentos, do desemprego e corrupção. O povo foi às ruas e destituiu seu presidente – que abandonou o país rumo à Arábia Saudita. A discussão política ainda segue, ofuscada pelo capítulo egípcio.
E se o povo de Túnis pode, por que não no Cairo? O Egito, inspirado na atitude da Tunísia, exige a renúncia de seu presidente, Hosni Mubarak, de 82 anos – há 30 no cargo. O presidente, aos poucos, parece ceder à pressão popular – já diz que não será mais candidato nas próximas eleições. Sem números oficiais, a ONU diz que o número de mortos pode chegar a 300.
A revolta tunisiana serviu de exemplo em todo mundo árabe. No mesmo caminho estão Jordânia, Síria, Iêmen, Marrocos, entre outros. No Iêmen, o presidente desistiu de se candidatar à reeleição novamente. O rei da Jordânia nomeou um novo primeiro-ministro após protestos contra a política econômica adotada.
A população parece ter visto que pode mudar. Imagine quando os chineses, venezuelanos, cubanos, iranianos, dentre tantos outros, começarem a exigir algumas mudanças sinceras... aí sim haverá revolução popular – se nenhum líder quiser para si a revolução.
Entre presidentes e ditadores
Uma dúvida que surge em situações como essa é imposta pela mídia. Eles são sempre noticiados como presidentes, mas basta ter um protesto que viram ditadores. Por quê?
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