Anderson Paes | www.twitter.com/andersonpaes
Na escolha entre o que é ruim e o que pode ser ainda pior, levados às zonas pelas orelhas, obrigados a entrar no jogo – pela mãe gentil que insiste a tratar o povo como “filho” incapaz de tomar decisões sozinho – muitos protestam e votam em qualquer um. Como se pusessem o Íbis – “o pior time do Brasil” – no campeonato mais importante.
— Só pra ver no que vai dar.
No que vai dar todos sabem, mas parecem não se importar. Como o filho que apronta apenas pra ver a mãe irritada, sabendo que logo farão as pazes.
Além do filho “revoltado”, há também o fanático, que nas madrugadas, sai a sujar as ruas com pedaços de papel marcados com a cara e o número de seus novos ídolos. Boa parte deles, ídolos de aluguel, cínicos que adotaram a política como profissão e veem o cargo público como um jeito fácil de ganhar dinheiro – e pra isso não se importam em jogar umas migalhas para os seguidores.
Outra parte dos votáveis é formada por ingênuos candidatos, tão apaixonados quanto os que os seguem, crentes de que o partido realmente aposta neles. Os foguetórios e as carreatas após a apuração das urnas mostram como ambos os lados tratam as eleições com paixão – como se os partidos fossem times de futebol e os eleitos seus campeões. O circo está armado.
Talvez seja a hora dessa mãe ceder um pouco, dar um pouco mais de liberdade a certas vontades – sem deixar virar uma bagunça (ainda maior) –, dialogar mais em vez de bater e mandar ter aquela conversa com os tios que fazem justiça com a lei dos outros.
São poucos os que ainda pensam na coletividade e atuam por querer algo melhor, pra realmente mudar. Aliás, é pelos filhos da mãe gentil, egoístas, que sempre sobram vagas para aqueles outros. Quatro anos pra que “talvez” fique tudo bem é tempo demais.
1 comentários:
Muito bom, An!
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