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segunda-feira, janeiro 25, 2010

Dúvida cruel

*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes

Publicado em 06/09/2009

Ainda da série das informações “represadas”, recordei hoje de uma história que captei na minha última estada em Tubarão, no começo de maio. Na verdade, soube desta informação durante uma rápida passagem, a negócios, em Gravatal. Vou falar de Anitápolis.

— Alguém já ouviu falar?

Anitápolis é um de vários minúsculos municípios do meu Estado que vivem praticamente isolados. Sim, por que existe mais estrada de chão do que asfalto para chegar até lá. Distante 96 quilômetros de Tubarão e outros 97 de Florianópolis, é lá que nasce o principal afluente do Rio Tubarão: o Rio Braço do Norte, que verte do encontro das encostas da Serra Geral, da Boa Vista e do Tabuleiro. Uma região de enorme beleza natural e que conta com uma das maiores áreas de mata atlântica preservada em Santa Catarina. Colonizada por imigrantes alemães, os seus 3,2 mil habitantes são gente simples e que subsistem da agricultura. Agora eles vivem um dilema: instalar ou não uma mina, a céu aberto, de fosfato para fabricação de fertilizantes?

Num lugar tão distante de qualquer grande centro urbano, é normal que se tenha uma ânsia pelo desenvolvimento econômico. Principalmente quando se fala em geração de empregos em larga escala. Soube que devem ser gerados cerca de 2 mil empregos, entre diretos e indiretos. E o prefeito Saulo Weiss (PMDB) estaria empolgadíssimo.

A primeira licença para a instalação já foi dada pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fatma). Claro, isso não demorou porque se trata de um empreendimento da gigante alimentícia Bünge, por intermédio da Indústria de Fosfatados Catarinense Ltda. Onde há um forte lobby. E se tratando da Fatma, há que se desconfiar mais que duas vezes. Segundo o pessoal da Fepam (a fundação de proteção ambiental gaúcha), a Fatma tem fama de ser “frouxa”. E num governo como o de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) – que apoiou o descarado “código florestal catarinense” –, dizem que a Fatma, assim como outros órgãos do Estado, são loteados politicamente. Logo, sem critérios racionais.

Tubarão precisa se mobilizar: o projeto prevê a construção de uma barragem de 80 metros de altura no Rio Pinheiros, afluente do Braço do Norte–Rio Tubarão, onde ficarão retidos os dejetos tóxicos da extração do fosfato.

Imagine a catástrofe: numa região em que a água já é castigada pela extração de carvão mineral, ter uma barragem gigantesca retendo resíduos tóxicos e que pode arrebentar a qualquer momento, bastando uma chuva torrencial para iniciar o desastre. Qualquer vazamento é fatal para todas as cidades que dependem do Rio Braço do Norte e Tubarão, além do Complexo Lagunar, para sobreviver.

Isso sem relevar o fato dos caminhões – em torno de 112/dia – que irão trafegar com enxofre, ácido sulfúrico e fosfato pela BR-282/BR-101 até o Porto de Imbituba e até Lages, onde a carga seguirá por ferrovia até Rio Grande do Sul e São Paulo. Os riscos de um grave acidente ambiental são enormes, segundo especialistas.

— Fica a pergunta: é isso que queremos, mesmo? Será que vale a pena o “Brasil, País do futuro” sacrificando o meio ambiente e a segurança de sobrevivência de mais de 300 mil pessoas?

Fique à vontade para conhecer as duas versões: Quem quer: www.projetoanitapolis.com.br / Quem não quer: www.montanhaviva.org.br

No próximo post digo o que isso tem a ver com a concentração populacional no litoral catarinense.

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CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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