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quarta-feira, novembro 04, 2009

Passado recente, memória presente

*Emanuelle Querino | www.twitter.com/manuquerino

Nem sempre o povo sabe da sua história ou lembra dos problemas do passado. Você já ouviu falar em anistia? No dia 28 de agosto a assinatura da anistia militar no Brasil completou 30 anos. A Lei 6.683, assinada pelo presidente João Figueiredo, permitiu que mais de 2000 pessoas que estavam exiladas e 150 banidas voltassem ao país e libertou mais de 100 presos políticos.

Anistia é o termo jurídico usado no perdão de culpados por delitos coletivos, especialmente de caráter político. Assim, acabam as penas contra eles e tudo o que envolve o crime deverá ser mantido sob silêncio perpétuo (do art. 107, II, Código Penal). A grande questão é que também foram anistiados os militares acusados de terem violado os direitos humanos. Aí então você pensa: então nunca saberemos nada sobre os crimes da ditadura, nunca ninguém será punido?

Existem dois lados nessa história: o contra e o a favor. Cada um interpreta a lei de um jeito. O artigo primeiro da lei é o causador de tanta confusão: "É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes (...)". Os que são contra dizem que a anistia é só para as vítimas e aqueles a favor afirmam que os militares estão incluídos no trecho “conexo com estes”.

“Memórias Relevadas”

A campanha Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, tem o objetivo de reunir informações sobre os fatos da história política recente do país. Agora pessoas que têm informações sobre o período do governo militar pode enviar o que sabe ou o que tem, como fotos, documentos e cartas para que todo o Brasil saiba a sua história. Espera-se, principalmente, que netos e parentes das pessoas mais atingidas e envolvidas divulguem esses fatos.

Os dados sigilosos que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) guardava dos arquivos dos serviços extintos como o Conselho de Segurança Nacional, Comissão Geral de Investigações e o Serviço Nacional de Informações foram transferidos para o Arquivo Nacional. Aos poucos o Brasil vai descobrindo o que foi calado e escondido.

Depois de recuperar a democracia o que precisamos agora é resgatar a verdade. Muita coisa já foi documentada e publicada, mas ainda existe um clima de silêncio quando o tema é a ditadura. Os mais jovens não sabem muito bem o que aconteceu e o que é mais falado nas escolas é sobre a censura. Os desaparecidos políticos da época, os conflitos, o movimento das Diretas Já, são citados por cima. E a cada geração, com exceção de poucos que se interessam pelo assunto, nos tornamos cada vez mais esquecidos de nosso passado, não tão passado.

Nunca é tarde para começar

Para quem não viveu essa época do Brasil, uma boa maneira de entender o que aconteceu no período da Ditadura Militar é assistir filmes como O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hambúrguer, 2006), ou Batismo de Sangue (Helvécio Rattón, 2007) e O que é isso companheiro? (Bruno Barreto, 1997). Livros também são uma boa pedida, como Meu querido Vlado (Paulo Markun, Ed. Objetiva, 2005), Veja sob censura: 1936-1976 (Maria Fernanda Almeida, Ed. Jaboticaba, 2009) e A Ditadura Envergonhada (Elio Gaspari, Companhia das Letras, 2002).

Os títulos são recentes, com diferentes pontos de vista. Assim você pode criar a sua própria opinião sobre o assunto. Quanto mais conhecermos o passado, melhor entenderemos o presente e poderemos mudar o futuro.

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Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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