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quarta-feira, outubro 07, 2009

O suéter verde

*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine

Quinta-feira foi meu primeiro dia de folga em La Grange Park.

Muito insegura e descoordenada para arriscar sozinha um trem para Chicago, decidi me aventurar pelas ruas da cidadezinha e descobrir se eu poderia gastar uns dólares, como terapia. Lembrei-me que precisava de agasalhos.

Passei por algumas lojas e tentei enxergar, do lado de fora dos estabelecimentos, se lá dentro havia alguma possibilidade de boa compra. Várias decepções, até que os manequins de outra vitrine me chamaram a atenção para uma jaqueta de couro bem bonita, com etiqueta de $30 dólares. Olhei para o lado de dentro e vi um bando de mulheres alvoroçadas. Pensei comigo: o paraíso deve ser aqui mesmo! E entrei.

Na primeira arara da loja percebi umas roupas meio retrôs demais. Achei meio estranho, mas passei direto para a arara que tinha a placa: barganhas femininas. Remexi e vi um suéter de lã verde-quase-limão. Gostei. Procurei pelo preço na peça, até que encontrei uma etiqueta que dizia "US$ 2". "Não era possível", pensei. "Achei um brechó? Mas essa loja está arrumadinha demais para ser um brechó". Na dúvida, medi as mangas da peça nos meus braços e procurei por algum defeito. Tudo certo, então agarrei o suéter com as forças que tinha e continuei a explorar a loja.

Nas outras araras, encontrei sobretudos de lã por $20 dólares. Jaquetas não tão bregas por $15. Definitivamente, aquilo era um brechó. Fiquei tão feliz. Quem me conhece pode imaginar o quanto um brechó me alegra. Depois de vasculhar muito, encontrei uma jaqueta de couro forrada com aquelas pelúcias felpudinhas, em perfeito estado, por apenas $25. Experimentei no espelho que havia em um dos pilares da loja e fui em direção ao caixa. As duas peças, com a cobrança de taxas, saíram por $29 dólares. Um verdadeiro tesouro, segundo a antendente.

Cheguei em casa e tentei ir direto ao meu quarto sem que meus hosts (meus anfitriões e patrões) percebecem por onde eu havia andado. Pendurei as minhas novas peças de vestuário no meu closet e resolvi usar meu suéter verde naquela mesma noite.

Minha host elogiou meu suéter. Eu apenas agradeci. Não contei a história para ela. Mas fiquei preocupada. Será que era dela antigamente? Será que ela sabe por onde andei? Ou será que ela só achou verde-limão demais para minha pele e não soube o que dizer?

No outro dia de manhã, usei novamente o suéter, para levar os meninos que estou cuidando passearem. E novamente, ouço da minha host:

— Eu realmente gostei do seu suéter. Adoro verde.

Agradeci novamente, mas não contei que ele me custou apenas dois dólares em um brechó. Acho que, assim como acontece com o direito e com as salsichas, ela não precisa saber como o meu guarda-roupa é feito.

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CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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