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quarta-feira, setembro 30, 2009

"Você não faz uma limonada sem limão"

*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel

Em agosto de 2007 Paulo César Carpegiani acabava uma curta e conturbada passagem pelo Corinthians: seis vitórias em 24 jogos. O jogo derradeiro: uma derrota em casa para o Cruzeiro por 3x0. Dias depois, ele procurou e encontrou refúgio em Gravatal, no Sul de Santa Catarina.

Este escriba que traça umas linhas tortas neste blogue, ainda era repórter do Jornal O Esporte e, junto com o colega Fabiano Bordignon, encontrou um Carpegiani à vontade, de chinelo e bermuda, no hotel em que descansava com a esposa e nos aguardava para a primeira entrevista do ex-jogador de Flamengo e Internacional após a demissão do Corinthians.


Um time com um bom técnico, mas com jogadores fracos, dá certo?
Você não faz uma limonada sem limão não é tchê? – indagou.

E vice-versa: com jogadores bons e com técnico fraco, o time dá certo?
O técnico é 20, 30% no time. É uma complexidade muito grande a relação treinador com jogador. Você tem que administrar tudo quanto é tipo de problemas sem desestabilizar o grupo.


Mas por que diabos, afinal, eu desenterrei esta entrevista? Não, não é um delírio da febre que me atingiu há alguns dias. É que o Muricy Ramalho tem tudo para ser campeão brasileiro pelo quarto ano seguido, com um segundo time.

Quando a equipe vai mal o primeiro a ter a cabeça guilhotinada é o treinador. A oferta no mercado de treinadores é grande. Entende-se. O próprio Carpegiani, abusando mais um pouco daquela entrevista, alerta para a falta de união da classe.


Treinador assume o lugar do colega demitido rapidamente. Falta união?
Nossa classe é muito desunida, não tem jeito. É cada um por si. Eu tive dois convites de times que tem treinador e o presidente fez o contato. Eu nem aceitei conversar.


Trabalhar com toda essa pressão e responsabilidade de levar nos ombros os louros da vitória e os espinhos da derrota não é fácil. Que diga o técnico Dunga, classificado com folga para a Copa do Mundo, com títulos expressivos pela Seleção e mesmo assim sofrendo críticas pesadas da imprensa. Ô raça, diria Tutty Vasquez.

Depois é a vida de goleiro que é dura, não é?

Mas cheguemos de tocar a bola de lado no meio-de-campo e partamos logo para o ataque, que ninguém tem tempo pra perder com lengalenga.

No final do primeiro turno do Campeonato Brasileiro do ano passado, o Grêmio aparecia na tábua com 41 pontos, seguido por Cruzeiro, 36, Palmeiras, 34 e São Paulo, 33. Eis que no returno a trupe comandada por Muricy Ramalho perdeu apenas na abertura da segunda parte do certame – justo para o Grêmio – e depois não foi mais derrotada. Resultado? São Paulo campeão com 75 pontos, Grêmio em segundo com 72, Cruzeiro em terceiro com 67 e Palmeiras em quarto com 65.

Técnico ganha jogo? Pode até não ganhar, mas eu nunca vi um time ser campeão com treinador medíocre.

No Brasileiro deste ano, Muricy trocou de casa. Saiu do São Paulo e foi para o rival Palmeiras, que dispensou o também campeão Vanderlei Luxemburgo. O Palestra terminou o primeiro turno em segundo, empatado com o Internacional com 37 pontos, seguido por Goiás, 35 e São Paulo, 33.

O Tricolor Paulista apostou em Ricardo Gomes e está vivo no campeonato. Ricardo Gomes é discreto, mas já treinou vários times brasileiros e conquistou títulos como técnico na Europa.

O campeão Muricy assumiu um Palmeiras sem favoritismo e prepara aos poucos uma doce limonada. Ricardo Gomes, a procura de afirmação no Brasil, pegou um São Paulo acostumado aos títulos, com água gelada, limões maduros e o melhor açúcar. Tudo na mão para um suco daqueles!

As cartas estão na mesa. Goiás, Internacional e Atlético Mineiro também estão na briga. Mas o que chama a atenção é a disputa entre o atual campeão São Paulo e o atual campeão Muricy Ramalho. Quem vai ficar com a limonada? Quem vai se consolar com a amargura do limão?

Ah! O Carpegiani? Depois daquele maldito agosto para ele, só foi conseguir emprego como treinador novamente em abril deste ano, quando foi contratado pelo Vitória. Foi campeão baiano. No Brasileiro arrancou muito bem e ficou muitas rodadas na liderança. Aí o filme se repetiu quando rubro-negro começou a despencar pelas tabelas e as criticas aos improvisos do treinador gaúcho voltaram.

Novamente em um agosto ele foi demitido quando o Vitória já ocupava a 10ª posição no Campeonato Brasileiro.

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Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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