*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
A Revista Super Interessante deste mês trás dados de pesquisadores que apontam uma redução considerável no número de mortes decorrentes de conflitos armados. No século 21, aproximadamente 250 mil pessoas morrem por ano em conseqüência destes entraves. Na segunda metade do século 20, morriam cerca de 800 mil por ano, vítimas de escaramuças e até 1950 morreram 3,8 milhões por ano em função das guerras.
Para o psicólogo da Universidade Harvard, Steven Pinker, o que ajudou para a diminuição destes números foi o aumento da democracia, a nossa saúde – com uma expectativa de vida maior, temos menos ímpeto de morrermos jovens – e a globalização. “Um mundo mais integrado é um mundo mais tolerante”, destaca Pinker.
Os jogos dos argentinos contra Brasil e Paraguai foram demonstrações tristes de um futebol decadente e essa corrosão é em grande parte, devido à globalização. Hoje os jogadores rioplatenses jogam com os demais em grandes clubes da Europa, incluindo-se aí, para desgosto dos platinos mais garridos, times ingleses.
Essa amizade e influência fizeram extinguir-se do futebol o jogador cabeludo, mascarado e mal-encarado. Em dois clássicos do futebol latino de suma importância para uma vaga à próxima Copa do Mundo, a Seleção Argentina se comportou como um time de dondocas. Não fez catimba, não cuspiu e nem chutou nenhum adversário.
Nossos vizinhos já não são mais um mistério latino com perfume europeu. Os brasileiros agora retribuem as visitas que eles nos fazem lotando voos para Buenos Aires e Bariloche. No verão, não vemos mais aquela invasão de carros caindo aos pedaços. Sua frota melhorou. Nem parecem os mesmos.
Com essas mudanças o futebol argentino foi perdendo a graça. Aquele futebol de guerrilha, de torcida fanática, de jogador puro sangue, foi guilhotinado em nome da globalização. São apenas os clubes da república do Rio da Prata que continuam intocáveis em sua raça.
O futebol argentino tem que ser como um fado de Amália Rodrigues, um tango de Gardel, um choro de Pixinguinha, um lamento de Nelson Gonçalves, um conto de Nelson Rodrigues, uma poesia de Baudelaire ou um samba de Vinicius. Tem que ser pesado como o direto do boxeador e leve como o plié da bailarina. Triste para ser bonito. Tem que sofrer para vencer.
A eliminação da Argentina para a próxima Copa do Mundo, pode servir como o exorcismo de dois fantasmas: a conquista do Mundial de 1978 com a suspeita goleada de 6x0 contra um eliminado Peru, tirando as chances do Brasil ir à final e a Copa de 86, com o célebre gol de Maradona e “la mano de Dios”.
Não pensem, porém, que seria o fim para los hermanos. A Copa de 2014 será aqui e não tenho a menor dúvida de que eles fariam das tripas coração para ir à forra em terras tupiniquins.
1 comentários:
mas calma. RIQUELME tá no Boca Jr (o último moicano?)... ele voltará.
Buenos Aires vai ferver no próximo jogo.
e com certeza, eles vem com essa:
ole, ole, ole! ole, ole, ole, olá!
ole, ole, ole! cada dia te quiero más!
Oh, Argentina! es un sentimiento,
No puedo parar!
;)
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