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Destaque Quitandas e a volta aos tempos românticos Thiago Schwartz


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terça-feira, agosto 18, 2009

O fenômeno Lua Nova

*Thiago Schwartz | www.twitter.com/perereco

Na lista de livros mais vendidos da Revista Veja de 19 de agosto desse ano, há uma consonância do segundo ao quinto lugares: Livros da série "Crepúsculo", da escritora americana Stephanie Meyer. Os quatro livros da série – Amanhecer, Lua Nova, Eclipse e Crepúsculo – encontram-se ali, praticamente desde que foram lançados. Trazem uma nova história de ficção, voltada ao público jovem, mais precisamente a mulheres entre 15 e 25 anos, "velhas demais para ler Harry Potter e jovens demais para ler Dostoiévski".

Basicamente, os livros contam a história de uma garota jovem (a identificação do público inicia-se aí), que se apaixona por um garoto jovem. Mas o garoto jovem é, na verdade, um vampiro [música de suspense]. A ficção, em especial este tipo de ficção fantasiosa, envolvendo lobisomens, vampiros e seres que brilham à luz do Sol, sempre esteve para o público feminino assim como a água benta está para o vampiro. No entanto, Stephanie consegue arrebatar este público com maestria, assim como J. K. Rowling fez com o público infanto-juvenil tempos atrás, com seu pequeno bruxo.

Mas qual o segredo desse sucesso de vendas? Na minha modesta opinião, houve um avanço significativo na arte de escrever histórias populares. As tramas não oferecem nenhum tipo de novidade, a não ser pelo modo que seu desenrolar é narrado. Os livros de hoje estão mais fáceis de ler, oferecem um auxílio descritivo fundamental na construção mental da aparência e do caráter de seus personagens (muitas pessoas, ao assistirem ao filme Crepúsculo, relatam que imaginavam o personagem principal exatamente da mesma maneira que foi retratado na película), o que acaba aproximando o jovem leitor do objeto de sua leitura. Talvez o ponto mais positivo nisso tudo seja também o negativo, pois se a autora define o personagem em seus mínimos detalhes, não sobra muito espaço para a imaginação do leitor. Em outras palavras, o leitor torna-se o espectador da trama, não parte dela. Não compartilha as emoções da encantadora Bella, apenas as visualiza, como visualiza as emoções da mocinha da novela das 8.

Só para estabelecer um parâmetro para o que quero dizer, compararei o início do livro Crepúsculo com o início do livro A Metamorfose, de Franz Kafka:

Meyer escreveu:
Minha mãe me levou ao aeroporto com as janelas do carro abertas. Fazia 24 graus em Phoenix, o céu de um azul perfeito e sem nuvens. Eu estava com minha blusa preferida – sem mangas, de renda branca com ilhoses; eu a vesti como um gesto de despedida. Minha bagagem de mão era uma parca.

Kafka escreveu:
Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.

Há uma discrepância a respeito da situação inicial dos dois personagens. Claro que o estilo de cada autor influencia na narrativa, mas esse é apenas um dos muitos exemplos que poderia dar a respeito. E continuaria sendo uma opinião pessoal. A minha é essa. Um livro é mais do que simples diversão, é um portal, por onde pode-se chegar onde o leitor quiser. Meu único medo nisso tudo é que o leitor acostume-se a não chegar a lugar algum.

6 comentários:

Leandro disse...

Concordo plenamente. Os livros de hoje - Dan Brown, por exemplo - parecem novela das oito! De leitura fácil (não que isso seja algo ruim, mas vem ao encontro do que vc fala em relação a ser estrategicamente fácil para um público "preguiçoso") e com tramas chatas. Que saudade de Julio Verne...

@leandrozm

Anônimo disse...

Um bom filme é melhor ahuhuhauhuhauha

Pâm Gonçalves disse...

Engraçado que dizem que os jovens precisam ler mais, mas quando um livro fica popular entre eles, ainda assim criticam.

Eu discordo do ponto em que os livros com muitos detalhes na narração privam o leitor de imaginar. Na minha opinião quanto mais detalhes melhor para o leitor se sentir parte da história.

Quanto ao comentário do Leandro, logo acima. Trama chata para uns, e boa para muitos outros. Se o livro fica entre as primeiras posições de vários ranking pelo mundo, ele tem algum mérito não é mesmo?

Enfim, cada um lê o que lhe interessa. Até mesmo rótulo de shampoo.

Anônimo disse...

Mérito para a publicidade. Eficaz!

Leandro disse...

Tá certa, Pâm. Eu não posso generalizar e também já elogiei esses livros por ao menos incentivar a leitura.
Mesmo achando novela das 8 :)

Valeu!

Lelo disse...

Comprei o 3º livro da serie apos assistir ao 2º filme, pois minha esposa estava ansiosa pra saber da historia, como ela adorou o livro, resolvi dar de natal à ela o box completo ;)

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