*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Não tenho vontade de continuar neste assunto sobre o diploma de jornalismo. Sei que chateia o leitor, se é que temos algum. Por isso devo uma explicação ao postar mais uma vez sobre o tema:
Ao escrever um comentário sobre o texto Liberdade Expressão ou Liberdade de Restrição, do jornalista Gabriel Guedes, percebi que estava elaborando um compêndio e como a ideia é não desperdiçar nada, ganhei o dia e mais uma postagem!
— Este papo de extinguir a exigência do diploma para favorecer a liberdade de expressão é o "ó do borogodó" – assim eu havia iniciado o já mencionado comentário e segui:
Há muitos anos qualquer brasileiro tem o direito de se expressar da maneira que bem entender na imprensa, desde que, com responsabilidade, assumindo suas palavras e tendo sua opinião selecionada para estampar algumas linhas de qualquer publicação. Sem levar em conta é evidente, os meios eletrônicos e sua quase que total anarquia.
Artigos e colunas nunca foram privilégios de jornalistas formados e, ademais, com ou sem diploma não existe nenhuma garantia de “expressão”, apesar das garantias que temos para tal.
De todo modo, reforço que, o diploma pelo diploma não garante qualidade e não deve ser ferramenta para reserva de emprego, embora, é claro, ele tenha o seu devido valor, como já disse em outra postagem. Um exemplo é a aberração que vai acontecer ao não exigir certificado de jornalista para cargos públicos na área de imprensa.
É preciso aliar o talento à técnica.
Antes de cursar jornalismo sempre me aventurei na escrita. Enviava artigos e comentários para jornais e revistas. Também era metido a poeta (graças ao bom senso mantenho minhas poesias bem guardadas). Mas foi com a faculdade de Comunicação Social que descobri de fato (embora não pareça) como escrever. Embora sem o diploma, eu já possuísse este direito.
Mesmo com a técnica e a objetividade ensinadas nas salas de aula, o bom repórter precisa ter uma veia literária com destaque. A reportagem precisa contar uma história e essa história deve ser contada com a audição, o olfato, a visão, o paladar e o tato atentos ao ambiente.
É preciso querer ser como Gay Talese, ícone do jornalismo literário e investigativo.
O último parágrafo do texto dedicado a participação de Talese na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) no blogue Máquina de Escrever (colunas.g1.com.br/maquinadeescrever), endossa o que quero dizer ao citar como indispensável ao bom jornalista ter os cinco sentidos aguçados:
— O dom da observação vem da infância (de Talese), quando, após o colégio, Talese ajudava o pai, um alfaiate imigrante da Calábria, em sua loja. Foi então que ele aprendeu a enxergar e diferenciar a forma como cada pessoa se apresentava, não apenas nas palavras, mas também no estilo. Aprendeu também a se relacionar sem qualquer desconforto com pessoas de diferentes classes sociais, um requisito que considera indispensável, além da paciência e perseverança, para quem quiser se dedicar ao tipo de jornalismo investigativo que o consagrou.
segunda-feira, julho 06, 2009
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