*Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Toda a discussão por conta da decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em decidir em favor da não obrigatoriedade do diploma de curso superior para a prática e o registro da profissão de jornalista, se bobear – alerta o sempre atento tio Bartolomeu – vai levar os diplomados contrários à medida, a transformarem seus canudos em coquetéis molotov para a guerrilha contra os que tomaram tal medida.
É preciso calma, antes de sair por aí rodando a baiana e oferecendo seu diploma por preço de banana.
Em primeiro lugar, aquele que diz que tem em casa um objeto inútil, tem, com toda a certeza, absoluta razão. O diploma de jornalista para este colega é tão inútil quanto o seria para ele um diploma de qualquer outro curso. Mais importante do que o simbolismo que aquele pequeno pedaço de papel possa ter, é o conhecimento sobre tudo aquilo que se prega como essencial para a profissão que foi adquirido nos anos em que os ditos estiveram nos bancos universitários.
Divagando com um professor de violão sobre dom e talento, é perfeitamente possível tirar um paralelo sobre qualquer profissão, suas qualificações técnicas e pré-requisitos. Eis o que o violonista diz:
— Dom não é nascer tocando violão ou qualquer outro instrumento. Dom é ter a vontade, muito mais do que a capacidade, de repetir por horas a fio um novo exercício. É calejar os dedos ao praticar uma nova técnica para buscar a perfeição.
Aqueles que tem o dom e o domínio da escrita, que seduz e prende os leitores num papel, não precisam se preocupar. Vai procurar uma qualificação universitária somente quem tem o talento nato. Ninguém vai sentar numa sala de aula acomodado com a certeza da reserva de mercado ou esperando se descobrir um jornalista.
Além da categoria inerente aos que, se não são gênios, estão próximos disso, o profissional de imprensa que possuir as técnicas para o exercício impecável do jornalismo, vai ser muito mais valorizado entre uma concorrência que faz o feijão com arroz. Entre aqueles que estão comemorando o fato de não precisarem mais do diploma pela desobrigação de alguns anos de estudo.
Quem não domina a técnica certamente não vai sobreviver no mercado apenas conhecendo o abecedário. E isso vale também para os diplomados.
Post-scriptum: Sou jornalista diplomado, registrado e carimbado.
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