*Camila Rufine | www.twitter.com/camilarufine
Quem conhece as tiras de Calvin e Haroldo (Calvin & Hobbes), de Tim Watterson, sabe que Calvin é um menino de 6 anos de idade dotado de uma imaginação ultra fértil, que odeia legumes e lição de casa e que divide seus questionamentos filosóficos com o melhor amigo: um sábio tigre de pelúcia chamado Haroldo.
E quem conhece Calvin e Haroldo deve achar que eu tenho problemas mentais por ver no menino mais velho que cuido um pouquinho do personagem. Ele só tem só dois anos de idade. Não fala nada além de algumas sílabas como 'dó' (dog) quando vê cachorros e um persistente 'ogdan' que ele usa para tudo e que ninguém descobriu o que significa. Ele adora frutas e legumes, ainda não estuda e a maior preocupação é não ir trocar a fralda sem levar o balão de gás hélio a tiracolo. Ele nem sequer tem um tigre de pelúcia... a única coisa em comum entre os dois seja a cor do cabelo.
Mas eu não consigo deixar de comparar. Ainda mais depois do último domingo, na hora de ele dormir.
A rotina foi quase a mesma de sempre. O menino deu boa noite para o balão, para o irmão e a cachorra antes de subir para o banho. Gritou como se tivesse entrado em contato com ácido sulfúrico quando molhei o seu cabelo. Se debateu como sempre para vestir o pijama. Cantou o mesmo lalalá fora de ritmo (sua canção de ninar) abraçado ao meu pescoço. Mas quando dei o beijo de boa noite e fui encostando a porta do quarto, voltei meus olhos para o berço e me deparei com o menino pegando o urso (que é um cobertor peludo parecido com aqueles tapetes de urso dos desenhos animados, mas fofo e não assustador), trazendo para perto de si e começado um diálogo indecifrável, quase alienígena, com entonações de surpresa, carinho, curiosidade e até de bronca, como em qualquer conversa adulta.
Talvez ele e o urso estejam tramando alguma coisa para dominar o mundo. Ou, quem sabe, desenvolvendo uma nova teoria sobre o sentido da vida. Pode ser que estejam falando mal de mim. Pensando melhor, é possível que eu esteja apenas ounvindo choro de criança por horas consecutivas demais e falando bobagem. Mas oras... se ele pode dialogar qualquer coisa que seja com um objeto inanimado, eu também me acho no direito de compará-lo ao meu personagem de quadrinhos favorito.
terça-feira, novembro 24, 2009
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