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quinta-feira, outubro 08, 2009

Nada escapa à arte

*Deyse Zarichta | www.twitter.com/deysezarichta

Nada escapa à arte. Nada escapa à rapidez da arte. Você pensa em um tema qualquer e descobre que ele já existe em algum lugar. Já é um filme assistido, resenhado e criticado antes mesmo de ser lançado.

Quando o tema é bom e rende será reciclado e resgatado por várias gerações. Amor e guerra, por exemplo, ou guerra sem amor – mas isso nem sempre chama muito a atenção da audiência –, ou amor em meio a guerra.

É clássica a cena de Ingrid Bergman em ‘Casablanca’, a mocinha apaixonada com cara pensativa enquanto escuta ao piano: “You must remember this, a kiss is just a Kiss”.O filme tornou-se clássico pela originalidade: foi a primeira vez em que um casal não pôde ter seu final feliz em Hollywood. A guerra os separa.

É o que se espera da arte,que ela supreenda-nos.Mesmo quando o tema já foi remoído por gerações. A lista dos filmes anti-nazistas ultrapassava 365 nomes já durante o Terceiro Reich.

Dia 9 de outubro estreia mais um filme com o tema anti-nazista: “Bastardos Inglórios”.

O melhor de tudo é que Bastardos Inglórios é mais do que um filme com o belo engajamento anti-nazista, se fosse só isso chegaria perto de ser obsoleto ou,no mínimo,arquetipado. Ele vai um pouquinho além – além de ser um filme de tema anti-nazista, o próprio cinema como arma anti-nazista é também tema.

A mocinha francesa escapa de um coronel nazista após a execução completa de sua família pelo mesmo, troca de identidade e torna-se proprietária de um cinema — além de ser a mocinha do filme, ela é a ‘mocinha dos filmes’ no filme.

A mocinha, que planeja uma vingança – uma daquelas super-vinganças femininas-tarantinescas – terá seu destino cruzado ao esquadrão de Raine (Brad Pitt) que já tem sua própria atriz aliada à missão de aniquilar nazistas.

Hoje qualquer vídeo sobre tortura é escancarado para o mundo tão logo é gravado. Durante o Holocausto a coisa era um pouquinho mais complicada. Créditos à Hollywood pelo sucesso em mostrar a verdade ao mundo.

A relação cinema e nazismo evidencia uma importante face da arte: o artista pobre de espírito une-se à parte podre da história — Leni Riefenstahl, atriz alemã, tornou-se cineasta de Hitler após ter frustrado seu sonho de ser atriz em Hollywood. O artista verdadeiro não se enfurece, nem mesmo quando tem seu símbolo roubado — ou você acredita mesmo que aquele bigodinho do Führer era original? — Charles Chaplin já era o comediante mais famoso do mundo quando teve seu bigode 'roubado' por Hitler, numa tentativa de marcar seu rosto para o mundo.

Com isso Chaplin pôde facilmente fazer a melhor sátira do cinema em “O grande ditador”, ele interpreta 'Adenoid Hynkel': ditador que usa uma farda com um simbolozinho no ombro lembrando duas cruzes e discursa delirante e histericamente. No mesmo filme Chaplin interpreta um barbeiro judeu, que é confundido com o ditador devido as semelhanças físicas e assim acaba por ir a rádio e discursa à nação sobre a liberdade, amizade e amor. Esses sim são temas clássicos, nunca clichês. You must remember this.

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CONTATO
Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
Emmanuel Carvalho, Fabiano Bordignon, Fabrício Espíndola, Francine de Mattos, Gabriel Guedes, Germaá Oliveira, Guilherme Marcon, Isabel Cunha, Kellen Baesso, Manuela Prá, Patrícia Martins, Thiago Antunes, Thiago Schwartz, Tiago Tavares, Valter Ziantoni,Van Luchiari, Vanessa Feltrin, Vitor S. Castelo Branco, Viviany Pfleger

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