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quarta-feira, julho 08, 2009

Terra de ninguém... (ou das Empresas de Ônibus)

*Viviany Pfleger | vivianypfleger@yahoo.com.br


É mais um evento no ano, e deveria ser colocado no calendário municipal. Concordas?

Se as empresas, prefeitura e trabalhadores comemoram anualmente, é porque virou evento. O único problema é que esqueceram de incluir a opinião da população nesta festa. Ainda não aprendemos a lutar por nossos direitos, salvo os estudantes que têm dado a cara à tapa, sempre que os preços das passagens de ônibus aumentam (Movimento Passe Livre). E eles vêm por aí nos próximos dias, aguardem.

É da terrinha Florianópolis (SC), que falo. A cidade parou por três dias, posso assim dizer, e o transporte coletivo é a causa novamente.

O trânsito ficou caótico. As lojas amargaram prejuízos de fim de mês. E as metas? Ah, as metas já eram! Sem funcionário e clientes, nada de metas. Só estavam presentes aqueles que conseguiram caronas ou os que foram buscados em casa, por solicitação dos patrões.

Provas foram adiadas, crianças sem escolas, sem creche; perdidas no Centro, pois não tinham como voltar pra casa. É... geralmente eles fazem isto. Tiram as pessoas das suas casas, de manhã cedo, e as deixam desamparadas no Centro da cidade – isso não se faz, mas eles sempre repetem.

É um ciclo vicioso. As empresas precisam de arrecadação, os empregados querem aumento e garantias de emprego, o sindicato entra na história em defesa dos trabalhadores que têm direito à ‘greve’, e a prefeitura da cidade acaba intermediando a discussão, além de fornecer o subsídio para o transporte público. E onde estão os prefeitos das outras cidades da Grande Florianópolis, já que as empresas intermunicipais também aderiram à greve?

Sempre marmelada. Como o povo sempre pagará a conta, e foi o que aconteceu – aumento de R$ 0,10 nas passagens desde a última segunda-feira –, fica cômodo gerar uma greve provocada pelo sindicato, que não abre mão de nenhuma proposta proveniente dos trabalhadores – reivindicavam 72 itens. E para as empresas também é bom, já que os preços são aumentados com o consentimento da prefeitura.

Porém, apesar de se dizer que o sistema está falido, que as empresas de transporte coletivo amargam milhões por mês, uma coisa é clara: o povo não tem mais dinheiro pra cobrir os gastos caríssimos de transporte da cidade. Por trechos pequenos, cerca de dez minutos, o cidadão que vai ao centro paga os mesmos R$2,80, que alguém que se locomove para o norte da ilha, cuja viajem dura em torno de 40 minutos. Além do que, hoje em dia tem empresa que não contrata mais funcionário que mora longe, em função do preço do vale-transporte. Onde vamos parar?

Esta foi a quarta paralização em apenas dois meses, devido às inúmeras tentativas de negociação entre sindicato, empresas e a prefeitura.

Durante estes três dias de greve da última semana, eu pensei: — Espero que resolvam hoje. Então veio a quarta-feira, e nada. Dois dias sem transporte já era o caos, em uma cidade que se dizia ‘candidata a sediar a Copa do mundo’, imagina um terceiro dia sem nada. Pois veio a quinta-feira, e era um tal de o prefeito, o secretário, o fulano e o sicrano falando na mídia – e andando em círculos. Ninguém sabia o que fazer. A terra era de ninguém, mesmo. Não havia um consenso. O que parecia é que a cidade estava nas mãos de motoristas e cobradores de ônibus, pois esta foi a sensação clara, da população, que em meio a tudo isto, já estava insatisfeita com a classe e com o excesso de exigências que eles buscavam.

Era o aumento desejado de 7%, mais vale-alimentação no valor de R$310,00 pra trabalhar seis horas por dia, mais participação nos lucros, mais garantia de que os cobradores não serão demitidos – trocados por catracas eletrônicas –, e mais e mais e mais e mais...

Sabe de uma coisa? Essa história está longe de ser resolvida...
E não esqueça de anotar: ano quem vem, teremos ‘feriado’ novamente!
Até parece carnaval.

___
*Viviany Pfleger é administradora e viveu essa crise do transporte público na capital catarinense.

3 comentários:

Viviany disse...

O sobrenome que trava a língua, e a quebra da hegemonia dos jornalistas neste blog. ;)

Rodrigo disse...

Abram a caixa preta JÁ!!

Anônimo disse...

isso aê. mais um aumento. (anual)
tá indo pra 2,95.

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Colaboradores Ana Carla Teixeira, Anderson Paes, Camila Rufine, Carlos Karan, Deyse Zarichta, Eduardo Daniel, Emanuela Silva, Emanuelle Querino,
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