*Gabriel Guedes | www.twitter.com/gabrielzguedes
O nome do post pode soar exagero e também nem um pouco original. Tudo bem... Ambos têm em comum uma palavra tão forte quanto as atitudes intrínsecas contidas nela: a ‘guerra’. Posso citar várias guerras de verdade, mas assim, seria fácil demais.
Desde que me conheço por gente, me considerava homem do interior, gente simples e que não precisa de muito para viver feliz. Apenas o necessário para a subsistência. Na última vez em que estive na Província (minha nova denominação para Tubarão), resolvi dar uma ‘banda’ pela Serra Catarinense. Isso foi lá pelo dia 12 de julho. Eu e minha mulher planejávamos há alguns meses uma volta por lá. O tempo feio, cinzento, sem graça e depressivo que dominou o Sul (é, o Rio Grande do Sul) por mais de sete dias, quase tirou as esperanças de que fosse haver sol naquele domingo. Mas genial como ele só, Deus nos brindou com aquele sol divino, céu azul, aquele céu azul tricolor. De brigadeiro. De resto, o dia só poderia ter sido mágico com tamanha colaboração divina. Aquela paisagem me dava sensação de paz, de dias tranqüilos. Era inspirador a isso.
Saudade. Afinal, há cinco anos deixei minha pacata vida na Província para encarar as aventuras numa selva de pedra, concreto e asfalto numa metrópole de 3 milhões de pessoas. Quando cheguei aqui, me senti um verdadeiro ‘Crocodilo Dundee’. Impressionado como a vida ia acontecendo em meio ao caos urbano (não conheço caos rural).
Passado pouco mais de uma semana da 'minha paz', tive uma terça-feira da onça. É, praticamente uma segunda-feira (embora o dia de ontem tenha corrido bem melhor). Lidei de perto com os perigos da selva urbana. Acordei antes do galo cantar, mas com os vizinhos correndo atrás de ‘intrusos’ no meu prédio. Sem medo e sem a sensação de segurança, mais tarde fui trabalhar. Ao descer do ônibus, passa um carro pela BR-116, dá uma buzinada e fica me insultando de graça, mostrando o famigerado dedo do meio. Fiquei perplexo e pensei: — Como há pessoas que gostam de estragar o dia dos outros? — mas continuei com a minha estrada. Fui trabalhar. Final de tarde, chega! Com a cabeça na lua, e um dia nada produtivo, encerro o expediente na redação. Vou buscar a mulher no trabalho dela. O ônibus atrasa. Era para chegar às 18h36. Cheguei às 18h47. A BR-116 está parada. As ruas paralelas também. Outras ruas de acesso à cidade, também. Congestionamento, buzinaço, motoristas estressados. E eu achando que o dia já estava ruim...
Mas não precisei muito para não duvidar de que algo que está ruim, pode piorar sim. Caminho umas quatros quadras até chegar em frente ao trabalho de minha ‘excelentíssima’. São 18h56. Chego e fico esperando. Às 18h59: — Pá! Pá! Pá! Pá!! — As pessoas correm. Era o tiro ‘comendo solto’. E eu lá, a menos de uma quadra do incidente. Até agora não sei o que foi, o que era. Mas nem quero saber. Mas já adianto que houve ferido (ou feridos?).
Mas para quem passou 22 anos na Província, foi uma verdadeira cena de guerra. Após tudo isso, difícil me sentir tranqüilo. Ainda que a cidade que melhor me recebeu diminuiu os índices de violência nos últimos dois anos, está longe de ser a mais tranqüila. Acho que nem a Província é tão tranqüila quanto nos meus tempos de garoto. Vivemos tempos de guerra. E nem sabemos dos ideais. Uma guerra sem ideais.
Mas não é querer ser pessimista. A semana está começando também com prognósticos meteorológicos que beiram o Apocalipse. Agosto, o mês do cachorro louco se aproxima. Some tudo isso à prevalência da intolerância, da ganância, da falta de moral e ética e da falta de amor entre as pessoas. Agora imagine o resultado.
Se a natureza nos derrotar, quem sabe nosso fim seja menos vergonhoso.
1 comentários:
Gabriel,
Foi só pedir, viu?
Adorei o seu blog...tanto os temas abordados quanto o design,parabéns!
Beijos,
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