segunda-feira, janeiro 31, 2011
Afinação acontece
Henrique Nogueira | www.twitter.com/h_nogueira | www.flickr.com/carlosm65
"Pela janela do quarto vejo o tempo passar... cada segundo se esvai sem muitas mudanças... o sol, o vento.. cada componente se tornando um... cada um se tornando o todo..."
Uma experimentação fotográfica e musical!
443 fotografias.
Violão com afinação modificada.
Uma tarde de ócio produtivo!
quarta-feira, janeiro 19, 2011
Animado esse verão né?
Francine de Mattos | www.twitter.com/fotografe
Flickr: www.flickr.com/fran_ciiine
Local: Barra Velha, Santa Catarina - Brasil
Câmera: Nikon D90
segunda-feira, janeiro 03, 2011
A mijadinha
Eduardo Daniel | www.twitter.com/eduardosdaniel
Roberto deve ter realmente perdido as estribeiras. Ou, último dos casos, teve esgotada suas curtas doses de paciência. Cigarro ele queria, ele tinha; cerveja ele queria, ele tinha; mulheres passando à sua vista, idem.
Virada do ano. Roberto, zelador profissional há mais de duas décadas, fazia sua estreia no litoral, à beira-mar. Era o vidão que pediu a Deus, não fosse um ypsilone: o prédio ao qual Roberto se fazia encarregado de zelar era um dos alvos prediletos dos incontinentes que, sem encontrar alternativa mais educada, aliviavam suas necessidades em qualquer canto.
Fazendo olhos de mercador, Roberto deixava a vontade uns apertados que encontravam nos ângulos escuros do prédio conforto para seus “problemas”.
Assim, o Ano-Novo chegou e passou. Cinco ou seis necessitados, maiores e mais fortes que Roberto, deram sua contribuição urinaria a ferrugem provocada pela maresia.
Mas teve um pobre diabo sem a mesma sorte que seus antecessores. Ele preparou, apontou e quando mandou bronca, despertou a ira de Roberto.
A última tragada no cigarro barato. A xepa ao chão. Uma dúzia de passos e as mãos no colarinho largo no pescoço magro do coitado. O alívio cortado ao meio. No susto. Na marra.
Impropérios eram intercalados por sentimentalismos inesperados:
- Seu vagabundo! Na tua casa tu não mija assim! Não tens a sensibilidade de perceber que aqui mora gente?
E a lição seguiu por longos minutos. O pobre coitado humilhado só não prometeu pela quinta geração de antepassados de sua família que nunca mais se aliviaria na rua porque não sabia os nomes dos avôs dos seus avôs.
Dava pena de ver e de ouvir. O sujeito magrinho, miúdo, tímido. Uma platéia sedenta à volta. Uma sacudida derradeira capaz de deslocar a caixa craniana do apurado e um definitivo e desmoralizante chute na bunda encerraram o espetáculo.
O diabo coitado seguiu.
Roberto voltou ao posto. Sentou-se em sua cadeira de praia. Acendeu outro cigarro, abriu outra latinha de cerveja e exultante contou para os recém-chegados o que fez.
As horas, como não deixam jamais de ser, passaram. Roberto dormiu. O pobre diabo coitado não. Antes de ir para a casa resolveu passar pelo prédio de Roberto. Voltou para aquele mesmo canto e aliviou-se. Aproveitou que a rua estava deserta e de uma vez largou o número um e o número dois.
Roberto briga até hoje com seus botões quando eles lhe sugerem que quem fez aquela vingança foi aquele diabo pobre coitado.
Roberto deve ter realmente perdido as estribeiras. Ou, último dos casos, teve esgotada suas curtas doses de paciência. Cigarro ele queria, ele tinha; cerveja ele queria, ele tinha; mulheres passando à sua vista, idem.
Virada do ano. Roberto, zelador profissional há mais de duas décadas, fazia sua estreia no litoral, à beira-mar. Era o vidão que pediu a Deus, não fosse um ypsilone: o prédio ao qual Roberto se fazia encarregado de zelar era um dos alvos prediletos dos incontinentes que, sem encontrar alternativa mais educada, aliviavam suas necessidades em qualquer canto.
Fazendo olhos de mercador, Roberto deixava a vontade uns apertados que encontravam nos ângulos escuros do prédio conforto para seus “problemas”.
Assim, o Ano-Novo chegou e passou. Cinco ou seis necessitados, maiores e mais fortes que Roberto, deram sua contribuição urinaria a ferrugem provocada pela maresia.
Mas teve um pobre diabo sem a mesma sorte que seus antecessores. Ele preparou, apontou e quando mandou bronca, despertou a ira de Roberto.
A última tragada no cigarro barato. A xepa ao chão. Uma dúzia de passos e as mãos no colarinho largo no pescoço magro do coitado. O alívio cortado ao meio. No susto. Na marra.
Impropérios eram intercalados por sentimentalismos inesperados:
- Seu vagabundo! Na tua casa tu não mija assim! Não tens a sensibilidade de perceber que aqui mora gente?
E a lição seguiu por longos minutos. O pobre coitado humilhado só não prometeu pela quinta geração de antepassados de sua família que nunca mais se aliviaria na rua porque não sabia os nomes dos avôs dos seus avôs.
Dava pena de ver e de ouvir. O sujeito magrinho, miúdo, tímido. Uma platéia sedenta à volta. Uma sacudida derradeira capaz de deslocar a caixa craniana do apurado e um definitivo e desmoralizante chute na bunda encerraram o espetáculo.
O diabo coitado seguiu.
Roberto voltou ao posto. Sentou-se em sua cadeira de praia. Acendeu outro cigarro, abriu outra latinha de cerveja e exultante contou para os recém-chegados o que fez.
As horas, como não deixam jamais de ser, passaram. Roberto dormiu. O pobre diabo coitado não. Antes de ir para a casa resolveu passar pelo prédio de Roberto. Voltou para aquele mesmo canto e aliviou-se. Aproveitou que a rua estava deserta e de uma vez largou o número um e o número dois.
Roberto briga até hoje com seus botões quando eles lhe sugerem que quem fez aquela vingança foi aquele diabo pobre coitado.
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